Formatos digitais revolucionam a indústria do entretenimento e facilitam a vida dos consumidores
A digitalização das mídias foi a maior evolução dos últimos 25 anos na área de entretenimento doméstico -áudio, foto e vídeo-, diz Leonardo Chiariglione, engenheiro fundador do MPEG (Moving Pictures Experts Group), responsável por formatos como o MPEG-1 Layer 3, o popular MP3, e o MPEG-2, utilizado em DVDs.
Para o consumidor final, um dos maiores impactos, se não o maior, dessa revolução digital ocorreu na música.
Uma historieta fictícia pode ilustrar bem isso. Para ouvir um álbum, dona Ana Lógica suja os dedos com pó ao vasculhar sua coleção de discos, que ocupa bastante espaço e com a qual gasta boa parte de seu salário.
Fazer cópias de discos é trabalhoso: a fita cassete grava o som do LP em tempo real. E as compilações que faz para ouvir no walkman? Coloca o vinil para tocar, coloca o cassete para gravar, toca uma faixa do vinil, pausa o cassete, troca o vinil, toca, grava, pausa, troca, toca... A cópia fica com qualidade de áudio pior que a original.
As coisas são bem diferentes para o jovem Di Gital. Ele liga o computador e encontra rapidamente o que quer ouvir. A maioria dos álbuns armazenados em seu disco rígido foi baixada gratuitamente.
Copia rapidamente as canções favoritas para os amigos e para o tocador de MP3, sem que isso implique perda significativa de qualidade sonora.
Quando o "áudio e o vídeo viraram digitais e ficaram disponíveis para os usuários, o mundo mudou completamente", diz Chiariglione. "Não acredito que houve outra revolução, na área das mídias, separada da digitalização."
O conteúdo digital "proporciona maior facilidade de tratamento, armazenamento, transmissão e reprodução", resume Gustavo Morais, da Creative.
Para Chiariglione, o analógico é escassez, e o digital é abundância. "São duas filosofias incompatíveis." Com o digital, "todo mundo pode obter gratuitamente um conteúdo".
A disseminação do MP3 é um dos grandes exemplos disso, e Chiariglione acha que ele continuará a ser o formato mais difundido, pois mesmo padrões novos e mais sofisticados, como o AAC, não trazem vantagens que justifiquem a substituição do MP3. "É difícil substituir uma tecnologia por outra apenas um pouco melhor."
Analógico tem futuro como matriz e nicho
A música em formato digital começou a se popularizar com o advento do CD, em 1982. No fim do século 20, o formato MP3, com ajuda de softwares para troca de arquivos, ampliou a propagação digital. No meio de tudo isso, como fica o analógico?
"Nem sempre a qualidade [digital] é melhor", diz Gustavo Morais, da Creative. "Pode haver uma perda de qualidade na transformação de sinais analógicos para digitais. Os padrões analógicos deverão permanecer como matrizes para geração e replicação de conteúdo digital."
Para Leonardo Chiariglione, do MPEG, o analógico será um nicho. Morais concorda, lembrando que alguns audiófilos "permanecem fiéis a formatos analógicos, como discos de vinil".
Comentários