Medicina é a ciência e arte que trata da cura e prevenção da doença, bem como da manutenção da saúde. A medicina grega mais primitiva baseava-se na magia e na religiosidade: os sacerdotes praticavam a arte de curar em seus templos. No século VI a.C., a medicina grega tornou-se totalmente secular: enfatizava a observação clínica e a experiência. Acreditava-se que a doença era, em primeira instância, a expressão de um desequilíbrio na perfeita harmonia entre os quatro elementos: o fogo, o ar, a água e a terra. Impuseram-se valores éticos mais elevados aos médicos, que adotaram o célebre juramento atribuído a Hipócrates, o juramento hipocrático ainda vigente nos dias atuais. O conhecimento da anatomia humana baseava-se na dissecação dos animais. A fisiologia fundamentava-se nos quatro humores cardeais, ou fluidos do organismo. A dor e a doença eram atribuídos ao desequilíbrio entre esses humores.
Galeno de Pérgamo, também grego, foi o segundo médico mais importante depois de Hipócrates na história da medicina da Antigüidade. Descreveu os quatro sintomas clássicos da inflamação (rubor, dor, calor e edema) e trouxe grandes contribuições ao conhecimento das doenças infecciosas e da farmacologia. Seu conhecimento anatômico era deficiente, porque se baseava na dissecação de macacos.
No século VII, os árabes, que haviam conquistado uma extensa parte do Oriente, contribuíram para o desenvolvimento do renascimento científico e de um sistema próprio de medicina, baseado porém no pensamento greco-romano. Conseguiram elevar significativamente os valores profissionais, insistindo em examinar os médicos antes da licenciatura. Introduziram numerosas substâncias químicas terapêuticas, foram excelentes nos campos da oftalmologia e da higiene pública e superaram, com competência, os médicos da Europa medieval cristã. No início da Idade Média, houve uma completa desorganização da fraternidade médica laica européia. Surgiu uma forma de medicina eclesiástica, oriunda das enfermarias monásticas, que se propagou, em seguida, por diversas instituições de caridade, destinadas ao cuidado de doentes de hanseníase e de outras moléstias.
Ao final do século XII, o ressurgimento da medicina laica e as restrições às atividades fora do monastério trouxeram a decadência da prática médica monástica. No século XIII, autorizou-se e estimulou-se a dissecação de cadáveres humanos e ditaram-se medidas rígidas para o controle da higiene pública. Durante o Renascimento, continuaram os estudos sobre a anatomia humana. A publicação, em 1543, do tratado de anatomia De Humani Corporis Fabrica, obra do anatomista belga Vesálio, foi um marco na história médica. O médico espanhol Miguel Servet foi o primeiro a descrever, de forma correta, o sistema circulatório ou circulação dos pulmões e a explicar a digestão como fonte de energia corporal.
O acontecimento que dominou a medicina do século XVIII e marcou o início de uma nova era nessa área foi a descoberta da circulação sangüínea pelo médico e anatomista inglês William Harvey. Desde então, o progresso da medicina foi notável: surgiram inovações em obstetrícia, em patologia e no campo da fisiologia experimental; houve progressos importantes em cirurgia e estabeleceu-se a ciência da imunização.
Muitas das descobertas realizadas no século XIX tornaram possíveis avanços importantes no diagnóstico e tratamento das doenças e nos métodos cirúrgicos. Em 1819, o médico francês René Laënnec inventou o estetoscópio, sem dúvida o instrumento mais usado pelos médicos atualmente. Durante aquele século, foi de grande importância o desenvolvimento da embriologia, da histologia, da patologia microscópica, da genética humana e da hereditariedade. Os primeiros estudos do químico e microbiologista francês Louis Pasteur sobre a fermentação destruíram o conceito da geração espontânea e trouxeram um renascimento do interesse na teoria de que a doença era resultado de um contágio específico. De igual importância são as contribuições de Pasteur e do médico e bacteriologista alemão Robert Koch no campo da bacteriologia. O desenvolvimento dessa área é considerado o progresso individual mais importante da história da medicina. A cirurgia se beneficiou, de maneira significativa, da teoria dos germes, e esta deu início ao uso de agentes anti-sépticos, com resultados importantes na redução da mortalidade pela infecção das feridas. As experiências demonstradoras de que as bactérias se propagam pelo ar permitiram, mais tarde, compreender sua transmissão pelas mãos e instrumentos, cuja esterilização deflagrou a era da cirurgia asséptica. Com o progresso da física e da química, houve um avanço enorme da fisiologia. De valor inestimável foi a descoberta acidental dos raios X pelo físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen.
No século XX, muitas doenças infecciosas foram derrotadas graças às vacinas, aos antibióticos e à melhoria das condições de vida. O câncer tornou-se uma moléstia freqüente, mas muitas formas dessa doença passaram a ser combatidas, com eficácia, pelo desenvolvimento de numerosos tratamentos. Neste século, iniciaram-se ainda pesquisas básicas sobre os processos vitais. Houve ainda descobertas significativas em muitas áreas, em especial no que se refere à transmissão de defeitos hereditários e aos mecanismos físicos e químicos da função cerebral. Certos procedimentos, conhecidos como engenharia genética ou clonagem, foram aplicados na produção de grandes quantidades de substâncias puras, como hormônios e interferon.
Até o século XX, o conhecimento do sistema imunológico era limitado. Primeiro, constatou-se a produção de anticorpos em resposta à infecção ou à vacinação; mais tarde, demonstrou-se que havia várias classes de anticorpos. Descobriu-se que o sistema imunológico era a causa da doença provocada pelo fator Rh e o responsável pelo fracasso dos transplantes de órgãos. Isso levou ao desenvolvimento de um anti-soro, que se mostrou eficaz na eliminação da moléstia do Rh, e ao emprego de fármacos que desativavam, de forma temporária, o sistema imunológico, permitindo o transplante de órgãos, especialmente dos rins. Durante a segunda metade do século XX, desenvolveram-se novos e melhores métodos para observar o interior do corpo humano. Na década de 1970, produziu-se uma câmara especial, sensível à radiação gama, para localizar cânceres específicos. O diagnóstico do dano cerebral beneficiou-se da invenção, em 1975, de um dispositivo de raios X computadorizado, denominado tomografia axial computadorizada (TAC). Outras técnicas de imagem são a tomografia por emissão de pósitrons e a ressonância magnética nuclear. Os ultra-sons de freqüência muito alta vêm sendo empregados há vários anos.
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