Dirigentes petistas usaram nesta segunda-feira, 12, a expressão “risco real” para descrever a situação eleitoral do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), em uma eventual disputa que tenha a senadora Marta Suplicy (PT-SP) como adversária.
Os petistas são quase unânimes em dizer que a entrevista da ex-ministra da Cultura e ex-prefeita de São Paulo ao Estado, publicada no domingo, é o primeiro movimento público de Marta em direção à porta de saída do PT com o objetivo de enfrentar Fernando Haddad na disputa pela Prefeitura, em 2016, por outra sigla.
A cúpula petista aguarda a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva das férias para definir a estratégia de como lidar com a senadora. No final de 2014 Lula assumiu informalmente o comando da campanha pela reeleição de Haddad.
A avaliação do partido é que, apesar de seu capital eleitoral incontestável, Marta não terá vida fácil em uma nova legenda, sem a capilaridade do PT nem o apoio de vereadores na periferia da cidade.
Eles citam como exemplo Celso Russomanno (PRB), que despontou como favorito em 2012 mas, abrigado em um partido relativamente pequeno, não teve fôlego para chegar ao 2.º turno.
Petistas, por outro lado, admitem que uma possível candidatura de Marta Suplicy por outro partido deve afetar diretamente Haddad, já que a senadora pode atrair setores do eleitorado que ajudaram a eleger o atual prefeito em 2012, mas que hoje estão insatisfeitos com o PT.
Marta estaria mais inclinada a trocar o PT por legendas como o Solidariedade e o PSB, partidos que formaram, junto com o PPS, um bloco de atuação conjunta no Congresso em dezembro.
Letargia. A cúpula do partido torce para que os ataques de Marta façam Haddad despertar da “letargia política” que marcou os primeiros dois anos de seu mandato. Dirigentes calculam que ele já deveria ter voltado sua atenção para a periferia da cidade, onde se concentra a maioria do eleitorado petista, e que demonstrou insatisfação ao votar majoritariamente mente em Aécio Neves (PSDB) na eleição presidencial do ano passado. Agora, avaliam que as declarações de Marta podem acelerar a reação do prefeito.
No discurso oficial, o PT prega respeito à ex-prefeita. “Marta é um quadro do PT, tem uma história conosco, realizou uma obra importante em São Paulo e precisa ser respeitada”, disse o presidente do diretório municipal do partido, Paulo Fiorillo.
Questionado sobre o cenário eleitoral, ele desconversou. “A partir deste ano o PT vai começar o debate de preparação para o enfrentamento eleitoral.”
Já em sua a página oficial na internet, o PT admite que a entrevista desencadeou uma “crise” na legenda. Segundo o texto assinado pela Agência PT de Notícias, o novo ministro da Cultura, Juca Ferreira, assume “em meio a crise desencadeada pela entrevista da ex-ministra Marta Suplicy”.
Tucanos. Os tucanos paulistas consideram positiva uma eventual candidatura de Marta à Prefeitura de São Paulo caso ela deixe o PT e concorra por outra sigla, já que assim tanto o atual prefeito quanto ela perderiam força. “Ela tira voto do Haddad. O eleitorado tucano não vota na Marta por nada”, avalia o vereador Andrea Matarazzo, líder do PSDB na Câmara Municipal e um dos nomes cotados para concorrer em 2016.
“Os votos da periferia não são dela, são do PT. Sem os irmãos Tatto, ela não tem voto no Grajaú. Sem o Vavá dos Transportes, ela não tem voto em Ermelino Matarazzo”, pontua o vereador tucano. “Esperamos que no 2.º turno de 2016 a Marta retribua ao PSDB o apoio que o (ex-governador) Mário Covas deu a ela em 2000”, provoca Felipe Sigollo, membro da direção executiva do PSDB em São Paulo.
A avaliação dos tucanos é que a presença da senadora na disputa pela Prefeitura e a provável candidatura de Celso Russomanno garantiriam o 2.º turno na capital.
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