Faz um dia maravilhoso lá fora. Sol, umidade relativa do ar adequada, temperatura agradável. Tempo bom para o seu treino de corrida do dia. Tudo perfeito, até que o tempo nubla, começa a ventar e vem aquela chuva indesejada. Nesse momento, você lembra da esteira que você tem em casa ou na academia de ginástica que frequenta. Bingo! O dia não estará perdido, graças a opção de realizar o treinamento em local coberto e protegido de condições climáticas desfavoráveis.
A esteira rolante é uma opção bem-vinda. Pode ser alojada em locais com pouco espaço e oferece a comodidade de treinar sem se deslocar para lugares longínquos.
Mas utilizá-la única e exclusivamente como meio de preparação física, para participar de eventos ao ar livre, é adequado? É possível transferir o que é realizado no equipamento para uma pista de corrida?
Em estudo realizado por pesquisadores da área de Educação Física de São Paulo e Rio de Janeiro, em 1997, concluiu-se que testes em laboratório para se determinar velocidade e frequência cardíaca de treino, em distância específica de 5.000 metros, possuem menor relação ao desempenho da corrida que os em pista.
A pesquisa citada acima, em condições de avaliação, deixa claro que a possível transferência do treino em esteira para a pista não garante manutenção de performance. Há diferenças contundentes entre os dois meios de treino que podem influenciar na busca por melhores resultados. Vamos a elas!
O impacto, a solicitação muscular e o gasto energético são expostos à prova, quando se trata de analisarmos o meio utilizado para correr. Na esteira rolante, considerando os modelos dos últimos anos, há a presença de sistemas de amortecimento que amenizam o impacto transferido às articulações, reduzindo a percepção de esforço do corredor.
A percepção de esforço é também influenciada pela ação muscular dos membros inferiores. Ao contrário da corrida em pista ou rua, os músculos da panturrilha, posteriores e adutores da coxa e glúteos (geram a força ou propulsão para o deslocamento frontal da corrida) são menos solicitados, implicando em menor esforço cardíaco, e consequentemente menor gasto energético.
O fato de correr sob uma esteira reduz essa ação muscular, pois acompanha-se a velocidade controlada pelo equipamento, o que não ocorre na rua, já que você é quem gera a força para correr. Estratégias de elevar a inclinação da esteira em até 2% podem aumentar essa solicitação muscular.
O controle de velocidade disponível na esteira rolante permite elaborar treinos especiais, tais como os de completar distâncias pré-determinadas e de trabalhar o ritmo (tempo). O ritmo de corrida na rua é trabalhado medindo-se o tempo para se concluir 1 km de distância, posteriormente, adequando a velocidade de deslocamento para o próximo quilômetro. Há monitores de frequência cardíaca no mercado incrementados com GPS, permitindo a visualização da velocidade executada em tempo real.
As questões psicológica e de motivação são pontos importantes. Treinos muito longos, acima de 60 minutos, podem se tornar mentalmente desgastantes em esteira. Se o seu objetivo é aumentar a distância de corrida, você encontrará um prazer imensurável ao desbravar parques, ruas e pistas próprias para a prática do esporte.
Quando se trata de condições adversas e de trânsito, a esteira rolante é muito vantajosa. Temperatura e umidade elevadas ou muitos baixas, chuva, vento, entre outros, são condições que dificultam o seu treino de corrida, no entanto, não podem ser evitadas ao participar de um evento. À noite, na rua, há o risco de surpresas desagradáveis com o trânsito de carros, ao contrário dos parques.
As vantagens e desvantagens de correr em esteira e na rua tornam os dois meios interessantes, ao serem mesclados em seu treino de corrida. Se você é um corredor inveterado e competitivo, a esteira complementará o seu treinamento. Mas se a sua intenção é apenas melhorar o seu condicionamento cardiorrespiratório, sem pretensões de estabelecer novas marcas e aumentar distâncias, a esteira será uma ótima companheira.
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