Paz
1 | INTRODUÇÃO |
Paz, do ponto de vista político-social
é um conceito próprio aos países e povos que procuram criar e manter um estado
de espírito contrário a qualquer luta armada. É portanto a ausência de
conflitos, violências ou perturbações sociais. Existe também o conceito de paz
armada, ou seja, a paz que se sustenta pelo temor que os inimigos têm um do
outro.
Em todas as sociedades, em todas as épocas, a guerra sempre existiu. Na
Antigüidade alguns a consideravam necessária, enquanto que para outros a
conotação era negativa. Santo Agostinho, um dos doutores da igreja, no século V
da era cristã, em um dos seus livros mais famosos, A cidade de Deus
(413-426), defendeu que a paz desejável era aquela de acordo com os princípios
cristãos: se o indivíduo deve sustentar durante sua vida uma luta permanente
entre o impulso do bem e o do mal, a guerra seria, no plano coletivo, a
expressão mais ampla do combate entre o desejo de recuperar a própria origem
(Deus) e a tentação do pecado, concebido como uma alteração da natureza
original. A Psicomaquia, do escritor hispano-latino Aurélio Prudêncio
(348-410?), é uma representação alegórica do combate da alma entre as virtudes e
os vícios. Essas idéias predominaram durante a Idade Média. A partir do
Renascimento, a política passou a ter uma forte influência da ideologia
pacifista.
O absolutismo, sistema político vigente nos séculos XVII e XVIII, por
causa das conquistas territoriais e expansão do seu poder, foi considerado
responsável pelos conflitos bélicos. Acreditava-se, portanto, que o fim das
monarquias significaria o advento da paz. Mas a burguesia deu origem às lutas
populares que caracterizaram o século XIX e a ideologia da luta de classes
suplantou o pacifismo.
Ainda no século XVIII, durante o Iluminismo, quando foram enaltecidas a
razão, a ciência e o respeito aos direitos humanos, Voltaire acreditava que a
literatura poderia dar uma valiosa contribuição para as mudanças sociais. Data
de 1756 seu Ensaio sobre os costumes e o espírito das nações, onde
é realizada a primeira abordagem de uma história universal do ponto de vista do
liberalismo religioso e político. Celebrou ainda o triunfo da razão no
Tratado sobre a tolerância (1763).
2 | O MUNDO CONTEMPORÂNEO |
O esforço do mundo contemporâneo pela paz é manifestado pela criação de
organizações internacionais como Tribunal de Haia (ver Conferência de
Haia), a Sociedade das Nações e a Organização das Nações Unidas (ONU) que, entre
outros objetivos, procuram a manutenção da paz, defendem os direitos humanos, os
direitos fundamentais e liberdades públicas, a promoção do desenvolvimento dos
países em escala mundial e o estabelecimento de uma ordem internacional
pacífica. Apesar dos esforços, não foi possível impedir as duas grandes guerras
mundiais.
A partir da década de 197O, o pacifismo, movimento que defende que em
nenhuma circunstância a guerra resolve melhor que as negociações as disputas
entre as nações, ganha cada vez mais adeptos.
O afastamento dos chineses de Moscou, o descontentamento dos europeus
do Leste contribuíram para o enfraquecimento da União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS). Enquanto isso, os Estados Unidos estavam envolvidos na Guerra
do Vietnã. Essas situações levaram as duas grandes potências, desde o início da
década de 1970, a procurar um acordo sobre uma política de distensão para deter
a corrida armamentista.
O objetivo era o desarmamento, que pode ser definido como a realização
de negociações diplomáticas ou acordos entre duas ou mais nações com a
finalidade de eliminar, reduzir ou controlar o contigente de tropas e o material
bélico.
3 | ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS |
A atuação das Organizações não-governamentais (ONGs) cresceu
significativamente a partir da década de 1960. Entidades de direito civil não
possuem fins lucrativos nem vínculos com governos, sindicatos ou partidos
políticos. Contribuem para a manutenção da paz nos países em que atuam,
trabalhando com projetos sociais e de promoção da cidadania, defendem o meio
ambiente e os direitos das minorias étnicas e sociais, lutam contra a extinção
das espécies animais e vegetais e fazem campanhas contra discriminação política,
religiosa e social. Procuram consolidar a democracia como sistema político, como
é o caso da Anistia Internacional, criada em 1961, e que constitui a ONG mais
importante na defesa dos direitos humanos.
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