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Entrevista da Semana: Mounira Latrache

DW: Há filiais do Youtube Space em nove países, em metrópoles como Tóquio, Nova York, São Paulo, Toronto e Mumbai. O que é, exatamente, um Youtube Space?
Mounira Latrache: O Youtube Space é um trampolim para futuros youtubers aprenderem coisas novas. Nós oferecemos seminários, por exemplo, sobre como pode ser fácil e rentável produzir vídeos e, também, quais são os fatores de sucesso mais comuns no Youtube. Mostramos aos participantes como desenvolver uma estratégia para seu canal e os ajudamos na produção dos vídeos. No Space é possível alugar estúdios de gravação; especialistas em produção auxiliam os interessados a iluminarem uma sala ou alinhar a câmera corretamente. O Youtube Space é também um local para youtubers se encontrarem e fazerem novos contatos.
Vocês guiam os youtubers para o sucesso, ensinando o que é bem aceito pelos usuários?
Nós tentamos justamente não fazer isso, mas sim ajudar os youtubers a colocarem suas próprias ideias em prática. Nos últimos anos, descobrimos que o segredo do sucesso é bem esse, pois em geral os jovens têm boas ideias, e sabem o que realmente funciona e o que a própria comunidade, os fãs e os amigos querem. Cada canal tem também um público único, que deve ser atendido de forma diferente.
Então vocês não dizem, por exemplo, que prunks (trotes) ou challenges (desafios) ou jogos de perguntas do gênero "Você prefere fazer isso ou aquilo?" estão na moda, e que seria bom fazer algo neste sentido?
Não, a gente não faz isso. Novas tendências também surgem quando eles experimentam novas coisas, que ninguém antes pensava ser possível, e que funcionam. Um bom exemplo é o unboxing. Quem diria que ia virar sucesso um vídeo em que alguém desempacota produtos comprados na frente da câmera? É algo que não dá para prever - e é bom que seja assim e continue.
Todos os termos da linguagem dos youtubers são em inglês. Muitas ideias vêm dos Estados Unidos? Ou há coisas específicas da cena youtuber alemã?
O bom é que em cada nação há uma comunidade própria, também com traços nacionais muito específicos. E a Alemanha tem uma comunidade muito especial. Aqui, por exemplo, tudo é muito conectado, o que não ocorre em todo país. Os youtubers da Alemanha têm conexões firmes entre si, há muitas atividades conjuntas das comunidades, como por exemplo, turnês com a "gang" [youtubers que gravam vídeos juntos e divulgam mutuamente seus links]. Mas, claro, algumas tendências vêm de outros países e também influenciam a Alemanha.
Há também tendências que surgiram na Alemanha?
Sim, por exemplo o youtuber LeFloid com seu formato de notícias. Ele realmente influenciou muitos novos canais que exploram formatos semelhantes, pois tem uma maneira bem diferente de falar sobre as notícias. No início as pessoas disseram que não ia funcionar e que não era muito fundamentado jornalisticamente. Mas assim ele realmente alcança um público-alvo.
A ideia é: "Eu digo para vocês o que me incomoda, nós discutimos, e então vocês me dizem o que não acham bom." Esse é um formato que muitos imitaram. E LeFloid aproveita também os comentários da comunidade e os incorpora em seu próximo vídeo, de modo que a inspiração é mútua.
Ao introduzir o Youtube aos jovens no Youtube Space, você também assume uma responsabilidade em relação a eles? Afinal, as pessoas nem sempre são avaliadas positivamente com um "like", há também críticas fortes em alguns comentários...
É verdade. A comunidade é muito sincera, e às vezes também atinge duramente com as suas críticas. Nós estamos sempre discutindo isso com os youtubers. Em parte é bem dura essa escola por que eles têm que passar. Há muitos anos nós também fazemos uma campanha anti-bullying, dizendo: sejam respeitosos, também online o bullying não é legal.
Claro que os youtubers podem excluir os comentários de seu canal. Mas nós vemos que eles lidam de forma muito aberta com as críticas. Eles dizem, na verdade: "Eu quero que tudo fique do jeito que está", e em geral a própria comunidade dá conta da situação. Aí os fãs dizem, para os comentários de ódio: "Afinal, o que é que você está querendo aqui?"
Isso também apoia a nossa campanha: se todos dissermos "isso não está certo", então as pessoas não vão ter coragem de continuar o assédio. Essa dinâmica mostra que é possível se contrapor ao bullying.
Por outro lado, nós também trabalhamos com as escolas, realizamos oficinas para treinar a competência midiática. Os pais e professores também devem falar abertamente com os jovens sobre como lidar com bullying, ou o que implica se dizerem coisas ofensivas online. Isso é importante, para que os estudantes tenham consciência do alcance de uma ofensa pública. Acho que o mais importante é haver um debate aberto sobre o tema.

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