A preocupação com as ameaças à liberdade de imprensa no continente foi a principal tônica dos discursos da cerimônia oficial de abertura da 68.ª Assembleia-Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), na segunda-feira, 15, em São Paulo. Foram especialmente destacadas as ameaças que partem de governos populistas. Em seu pronunciamento, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) assinalou: "Creio que o populismo, com viés autoritário, representa hoje nas Américas a maior ameaça, não só à liberdade de imprensa, mas também à sua raiz mais ampla, que é a liberdade de expressão."
O governador disse ainda que abusos da imprensa, quando existirem, não devem ser combatidos com a supressão da liberdade. "Abusos da imprensa – e eles ocorrem – se combatem com mais liberdade, não com menos. Se combatem, quando de fato existem, com juízes de verdade, no Judiciário".
O presidente do comitê anfitrião da SIP, Júlio César Mesquita, membro do Conselho de Administração do Grupo Estado, apontou como ameaças os assassinatos de jornalistas cometidos por narcotraficantes e também os governos populistas. "Infelizmente, hoje, em pleno século 21, voltaram a ser uma realidade, como é o caso de Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua e Argentina, que diariamente atacam a imprensa independente dessas nações", afirmou.
O presidente da SIP, Milton Coleman, do jornal Washington Post, observou que, apesar dos avanços democráticos no continente, os países ainda convivem com as sombras do autoritarismo. "Governos democraticamente eleitos estão tratando de promulgar leis que solapam a liberdade de expressão", disse.
Liberdade. Convidada para a cerimônia de abertura, a presidente Dilma Rousseff (PT) comunicou no domingo, 14
, à direção da SIP que não poderia comparecer. O governador Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab (PSD) fizeram parte da mesa de abertura.
Alckmin disse não ter dúvidas de que "quanto mais liberdade cultural, artística e jornalística existir em um país, maior é o seu grau civilizatório, mas avançado seu patamar de desenvolvimento, maior o bem".
Ele criticou as propostas de controle da mídia: "Executada sob lemas grandiosos, como democratização dos meios de comunicação ou controle social da mídia, essa ameaça tem sempre a mesma receita, o poder esmagador do Estado em doses variadas de truculência". Segundo o governador, "o Estado não pode se imaginar como juiz da imprensa".
Tranquilidade. Ao final do evento, em entrevista coletiva, o prefeito Kassab disse que não vê riscos imediatos para a liberdade de imprensa no País. "Felizmente a democracia no Brasil está consolidada, não está ameaçada, diferentemente do que ocorre em outros países. Estou muito tranquilo em relação às nossas instituições, às nossas liberdades", afirmou. Ressaltou, contudo, a necessidade de fiscalização: "A manutenção da liberdade necessita de uma permanente vigilância de todos nós, cidadãos brasileiros."
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