Debbie Almontaser sonhou construir uma escola pública como nenhuma outra em Nova York. Crianças descendentes de árabes poderiam se juntar a estudantes de outras etnias, aprendendo árabe juntos. Na graduação, eles seriam fluentes na língua e poderiam estudar nas universidade de elite do país. Eles estariam prontos, nas palavras de Debbie, para se tornarem "embaixadores da paz e esperança." No entanto, apenas um quinto dos 60 alunos da Khalil Gibran International Academy são árabe-americanos. Desde a abertura da escola no Brooklyn, a instituição sofre com um movimento organizado para conter os cidadãos muçulmanos que estão tentando expandir seu papel na vida pública americana. Crianças foram suspensas por portar armas, provocar brigas e ridicularizar uma professora árabe chamando-a de "terrorista", disseram alunos e funcionários em entrevistas. Os problemas da instituição saíram dos corredores de Boerum Hill. A criação da escola provocou uma controvérsia tão incendiária que Debbie deixou a escola semanas depois das aulas começarem em setembro. A educadora disse que foi forçada a tomar a decisão pela prefeitura, após uma campanha que a colocou frente a várias críticas que diziam que Debbie tinha um discurso de militante islâmica. A briga está ligada às inquietações pós 11 de setembro. "Isso é uma batalha que apenas começou", disse Daniel Pipes, dirigente de um grupo de pesquisa conservador, o Middle East Forum, que liderou as críticas contra Debbie e sua escola. Como conseqüência dos atentados de 2001, críticos do radicalismo islâmico se focaram largamente no terrorismo, observando de perto as atividades dos árabe-americanos e insistindo em ligações entre organizações muçulmanas e grupos violentos, como o Hamas. Mas, após as autoridades superarem a guerra contra o terror, esses críticos se focaram no que eles chamam de cumpridores das leis árabe-americanos, que estariam impondo seus valores religiosos na sociedade. Segundo Pipes, o perigo é que os Estados Unidos se tornem outra Inglaterra ou França, lugares onde os muçulmanos vivem em guetos e, em último caso, ameaçados por impor a Sharia, código de leis baseado no Alcorão. "É difícil de ver como a violência e o terrorismo levarão à implementação da Sharia", disse. "É muito mais fácil ver como - através do sistema, escolas, mídia, organizações religiosas e governo - você pode promover o radicalismo islâmico. Pipes se refere a seu novo inimigo como "islâmicos legais." Líderes muçulmanos, acadêmicos e outros vêem os esforços contra a escola como a última etapa dos ataques discriminatórios, com a intenção de distorcer a verdade e brincar com o medo do terrorismo na América. Eles dizem que a campanha é parte de um esforço maior para silenciar críticas da política de Washington com Israel e Oriente Médio. "Isso é uma pauta política, ideológica", disse John Esposito, professor de assuntos internacionais e estudos islâmicos na Universidade de Georgetown. "Querem mostrar o islamismo, não só os extremistas, como o maior problema." Debbie viu as autoridades da cidade e alguns de seus próximos aliados judeus se distanciarem após a controvérsia atingir seu topo. Recentemente, foi citada em um artigo do jornal The New York Post, que dizia que ela "subestimou o significado" das camisetas que estampam o slogan "Intifada NYC". No mês passado, juízes federais anunciaram uma decisão - ligada à ação de Debbie para recuperar seu emprego - que concluía que palavras da educadora foram "reportadas imprecisamente pelo Post e então mal compreendida na imprensa". Enquanto oficiais da cidade e o Departamento de Educação se recusam a comentar sobre Debbie, devido ao processo, um advogado da cidade alega que ela não foi forçada a deixar a escola. Formas de oposição Irene Alter, professora aposentada, estava em seu computador quando leu em fevereiro um artigo no The New York Times sobre Khalil Gibran. Uma série de questões veio a sua cabeça: quais cursos poderiam ser ensinados em árabe? Como Israel poderia ser tratado em um estudo da história do Oriente Médio? Então ela leu, em abril, um artigo de Pipes no jornal The New York Sun. Conceitualmente, tal escola poderia ser considerada "malévola", como escreveu Pipes, mas na prática, isso seria certamente problemático. "A instrução em língua árabe inevitavelmente traz a bagagem islâmica e o pan-arabismo (movimento que prega a união árabe)", escreveu, chamando o colégio de madraçal - palavra árabe que identifica qualquer tipo de escola. O artigo atraiu a atenção de Irene, de 60 anos, que entrou em contato com Pipes e, com seu apoio, ajudou a organizar um grupo civil em resposta ao projeto da escola. Ele aderiu ao grupo, chamado 'Pare a Coalizão Madraçal." Pipes, de 58 anos, se tornou uma figura polêmica após a era 11 de setembro. Autor de 12 livros e doutor pela Universidade de Harvard, teve uma carreira de estudo e crítica ao islamismo. Seu grupo de pesquisa, criado na Filadélfia no começo dos anos 90, "procura definir e promover os interesses americanos no Oriente Médio", de acordo com seu site. Entre seus apoiadores, tem status de herói; entre os críticos, é ultrajado. "Eles não detonam bombas, mas criam cobertura política para suporte ideológico da jihad (a guerra santa muçulmana)", afirmou David Horowitz, criador da 'Semana de Consciência Islâmica-Fascista.' Pipes classifica os muçulmanos em três categorias: os violentos, os moderados e o que estão no meio. Segundo ele, esse grupo do meio é a maior ameaça aos valores americanos. "Essas pessoas que não usam a violência e que não estão cheias de entusiasmo sobre seu país e, mais ainda, sobre sua cultura - eles estão do nosso lado ou do outro?", argumenta. Debbie se diz surpresa. Segundo ela, sua escola pode tocar na religião, mas somente nas aulas de estudos sobre o mundo, seguindo o mesmo currículo das outras escolas públicas de Nova York. Enquanto os ataques continuavam, Joel Levy, da Liga Anti-Difamação da cidade, publicou uma carta no The Sun defendendo a professora. Ele citou a possibilidade de sua organização promover treinamentos anti-preconceito para os professores de Khalil Gibran. A carta causou repercussão entre alguns árabe-americanos, que estavam incomodados com as ligações de Debbie a grupos judeus. Aramica, um jornal em árabe e inglês do Brooklyn, fez uma cobertura da situação com a manchete 'Organização sionista apóia a diretora da escola Gibran', focando-se na ligação da escola com a Liga nova-iorquina. Em apenas cinco meses, a imagem de Debbie se transformou - um grupo a via como uma radical islâmica, o outro vendia sua imagem. Algumas autoridades da cidade passaram para o lado de Debbie. Entre eles estava David Cantor, porta-voz chefe do Departamento de Educação. Mas, por trás das portas, os oficiais estavam nervosos, segundo a educadora. Debbie disse que, com sua ajuda, eles traçaram um memorando confidencial de pontos a serem revistos: a escola "não era religiosa", por exemplo, e Debbie era uma "especialista multicultural e consultora da diversidade." 'Intifada NYC' A oposição continuou com sua campanha. Em julho, um de seus membros, Pamela Hall, fez uma descoberta que aumentou a polêmica. Segundo ela, em um festival árabe-americano no Brooklyn haviam algumas camisetas em uma mesa com as palavras 'Intifada NYC'. A organização que fazia a distribuição das peças, Arab Women Active in the Arts and Media, treinaria mulheres jovens. Debbie foi associada as camisetas. Em 3 de agosto, Debbie recebeu uma ligação de Melody Meyer, porta-voz do Departamento de Educação. "O que significa 'Intifada NYC’?". A professora estava embaraçada, disse Melody. Ela sabia do grupo, mas nunca tinha ouvido falar das camisetas, explicou Debbie a porta-voz. "Intifada", continuou, significa "revolta", e é o termo relacionado ao conflito árabe-israelense. Muitos jornalistas perderam o interesse nas camisetas após Melody explicar que nem Debbie nem sua escola estavam ligados a elas, mas o Post insistiu na história. A educadora disse que Melody e Canton lhe pressionaram a responder ao jornal em uma entrevista. "Então eu disse, 'espere um minuto'. Eu não estaria confortável nessa entrevista", disse Debbie, que critica a cobertura do Post sobre árabes e muçulmanos. O jornal continuou ligando Debbie às camisetas. Foram recebidas críticas sobre a professora no Departamento de Educação, e Cantor lhe informou que desculpas seriam divulgadas em seu nome. Debbie foi contra, alegando que o Departamento deveria esclarecer a situação, que segundo ela o Post estaria distorcendo. O Departamento de Comunicação divulgou as desculpas. "O prefeito quer que você renuncie amanhã, às 8 horas, para poder anunciá-la em seu programa de rádio", disse a Debbie o vice-prefeito Dennis M. Walcott.Na rádio, o prefeito Bloomberg anunciou que a professora "pediu sua renúncia", o que foi "o melhor a ser feito". "Certamente ela não é uma terrorista", acrescentou, "e toda a imprensa deve entender o mesmo." Três dias depois, Debbie foi substituída por uma diretora ínterim, Danielle Salzberg, que é judia e não fala árabe. Caos na nova escola Em 4 de setembro, a Khalil Gibran International Academy abriu suas portas. Os pais que levavam suas crianças entraram na escola em meio aos repórteres, fotógrafos e equipes de televisão. O caos tomou conta do local. Estudantes evitavam as aulas e se envolviam em brigas, segundo pais e funcionários. Pelo menos 12 dos 60 alunos mostravam sinais de problemas de comportamento ou dificuldades de aprendizagem, disse Leslie Kahn, funcionária da escola até janeiro. "Há alguma coisa no ar, em todas aulas, todos os dias", disse Sean R. Grogan, professor de Ciências do colégio. "Crianças se separam, gritam, xingam... está fora de controle". "Eu não me sinto seguro", disse um estudante árabe americano, de 11 anos, que não voltará para escola no próximo ano. Alguns dias após a renúncia de Debbie, ela disse que se sentia paralisada. Seu apoio entre a comunidade árabe-americana permanece irregular. Ela pediu que a cidade se impeça a contratação de um diretor permanente até que o caso seja resolvido. A diretora diz que seus direitos, previstos na Primeira Emenda da Constituição, foram violados e que foi forçada a renunciar após ser apontada por dizer algo controverso. O caso de Debbie prosseguirá na Corte do Distrito Federal em Manhattan. A coalização oposicionista continua a protestar contra a escola. O grupo pediu ao Departamento de Educação em outubro informações detalhadas sobre a criação do colégio, seu corpo docente e grade curricular. Por volta de setembro a escola deverá se mudar para instalações maiores, em Fort Greene, no Brooklyn. "Eu não sou o demônio que seu sonho materializou", disse Debbie, referindo-se a nova diretora. "Eu não tive uma chance."
Debbie Almontaser sonhou construir uma escola pública como nenhuma outra em Nova York. Crianças descendentes de árabes poderiam se juntar a estudantes de outras etnias, aprendendo árabe juntos. Na graduação, eles seriam fluentes na língua e poderiam estudar nas universidade de elite do país. Eles estariam prontos, nas palavras de Debbie, para se tornarem "embaixadores da paz e esperança." No entanto, apenas um quinto dos 60 alunos da Khalil Gibran International Academy são árabe-americanos. Desde a abertura da escola no Brooklyn, a instituição sofre com um movimento organizado para conter os cidadãos muçulmanos que estão tentando expandir seu papel na vida pública americana. Crianças foram suspensas por portar armas, provocar brigas e ridicularizar uma professora árabe chamando-a de "terrorista", disseram alunos e funcionários em entrevistas. Os problemas da instituição saíram dos corredores de Boerum Hill. A criação da escola provocou uma controvérsia tão incendiária que Debbie deixou a escola semanas depois das aulas começarem em setembro. A educadora disse que foi forçada a tomar a decisão pela prefeitura, após uma campanha que a colocou frente a várias críticas que diziam que Debbie tinha um discurso de militante islâmica. A briga está ligada às inquietações pós 11 de setembro. "Isso é uma batalha que apenas começou", disse Daniel Pipes, dirigente de um grupo de pesquisa conservador, o Middle East Forum, que liderou as críticas contra Debbie e sua escola. Como conseqüência dos atentados de 2001, críticos do radicalismo islâmico se focaram largamente no terrorismo, observando de perto as atividades dos árabe-americanos e insistindo em ligações entre organizações muçulmanas e grupos violentos, como o Hamas. Mas, após as autoridades superarem a guerra contra o terror, esses críticos se focaram no que eles chamam de cumpridores das leis árabe-americanos, que estariam impondo seus valores religiosos na sociedade. Segundo Pipes, o perigo é que os Estados Unidos se tornem outra Inglaterra ou França, lugares onde os muçulmanos vivem em guetos e, em último caso, ameaçados por impor a Sharia, código de leis baseado no Alcorão. "É difícil de ver como a violência e o terrorismo levarão à implementação da Sharia", disse. "É muito mais fácil ver como - através do sistema, escolas, mídia, organizações religiosas e governo - você pode promover o radicalismo islâmico. Pipes se refere a seu novo inimigo como "islâmicos legais." Líderes muçulmanos, acadêmicos e outros vêem os esforços contra a escola como a última etapa dos ataques discriminatórios, com a intenção de distorcer a verdade e brincar com o medo do terrorismo na América. Eles dizem que a campanha é parte de um esforço maior para silenciar críticas da política de Washington com Israel e Oriente Médio. "Isso é uma pauta política, ideológica", disse John Esposito, professor de assuntos internacionais e estudos islâmicos na Universidade de Georgetown. "Querem mostrar o islamismo, não só os extremistas, como o maior problema." Debbie viu as autoridades da cidade e alguns de seus próximos aliados judeus se distanciarem após a controvérsia atingir seu topo. Recentemente, foi citada em um artigo do jornal The New York Post, que dizia que ela "subestimou o significado" das camisetas que estampam o slogan "Intifada NYC". No mês passado, juízes federais anunciaram uma decisão - ligada à ação de Debbie para recuperar seu emprego - que concluía que palavras da educadora foram "reportadas imprecisamente pelo Post e então mal compreendida na imprensa". Enquanto oficiais da cidade e o Departamento de Educação se recusam a comentar sobre Debbie, devido ao processo, um advogado da cidade alega que ela não foi forçada a deixar a escola. Formas de oposição Irene Alter, professora aposentada, estava em seu computador quando leu em fevereiro um artigo no The New York Times sobre Khalil Gibran. Uma série de questões veio a sua cabeça: quais cursos poderiam ser ensinados em árabe? Como Israel poderia ser tratado em um estudo da história do Oriente Médio? Então ela leu, em abril, um artigo de Pipes no jornal The New York Sun. Conceitualmente, tal escola poderia ser considerada "malévola", como escreveu Pipes, mas na prática, isso seria certamente problemático. "A instrução em língua árabe inevitavelmente traz a bagagem islâmica e o pan-arabismo (movimento que prega a união árabe)", escreveu, chamando o colégio de madraçal - palavra árabe que identifica qualquer tipo de escola. O artigo atraiu a atenção de Irene, de 60 anos, que entrou em contato com Pipes e, com seu apoio, ajudou a organizar um grupo civil em resposta ao projeto da escola. Ele aderiu ao grupo, chamado 'Pare a Coalizão Madraçal." Pipes, de 58 anos, se tornou uma figura polêmica após a era 11 de setembro. Autor de 12 livros e doutor pela Universidade de Harvard, teve uma carreira de estudo e crítica ao islamismo. Seu grupo de pesquisa, criado na Filadélfia no começo dos anos 90, "procura definir e promover os interesses americanos no Oriente Médio", de acordo com seu site. Entre seus apoiadores, tem status de herói; entre os críticos, é ultrajado. "Eles não detonam bombas, mas criam cobertura política para suporte ideológico da jihad (a guerra santa muçulmana)", afirmou David Horowitz, criador da 'Semana de Consciência Islâmica-Fascista.' Pipes classifica os muçulmanos em três categorias: os violentos, os moderados e o que estão no meio. Segundo ele, esse grupo do meio é a maior ameaça aos valores americanos. "Essas pessoas que não usam a violência e que não estão cheias de entusiasmo sobre seu país e, mais ainda, sobre sua cultura - eles estão do nosso lado ou do outro?", argumenta. Debbie se diz surpresa. Segundo ela, sua escola pode tocar na religião, mas somente nas aulas de estudos sobre o mundo, seguindo o mesmo currículo das outras escolas públicas de Nova York. Enquanto os ataques continuavam, Joel Levy, da Liga Anti-Difamação da cidade, publicou uma carta no The Sun defendendo a professora. Ele citou a possibilidade de sua organização promover treinamentos anti-preconceito para os professores de Khalil Gibran. A carta causou repercussão entre alguns árabe-americanos, que estavam incomodados com as ligações de Debbie a grupos judeus. Aramica, um jornal em árabe e inglês do Brooklyn, fez uma cobertura da situação com a manchete 'Organização sionista apóia a diretora da escola Gibran', focando-se na ligação da escola com a Liga nova-iorquina. Em apenas cinco meses, a imagem de Debbie se transformou - um grupo a via como uma radical islâmica, o outro vendia sua imagem. Algumas autoridades da cidade passaram para o lado de Debbie. Entre eles estava David Cantor, porta-voz chefe do Departamento de Educação. Mas, por trás das portas, os oficiais estavam nervosos, segundo a educadora. Debbie disse que, com sua ajuda, eles traçaram um memorando confidencial de pontos a serem revistos: a escola "não era religiosa", por exemplo, e Debbie era uma "especialista multicultural e consultora da diversidade." 'Intifada NYC' A oposição continuou com sua campanha. Em julho, um de seus membros, Pamela Hall, fez uma descoberta que aumentou a polêmica. Segundo ela, em um festival árabe-americano no Brooklyn haviam algumas camisetas em uma mesa com as palavras 'Intifada NYC'. A organização que fazia a distribuição das peças, Arab Women Active in the Arts and Media, treinaria mulheres jovens. Debbie foi associada as camisetas. Em 3 de agosto, Debbie recebeu uma ligação de Melody Meyer, porta-voz do Departamento de Educação. "O que significa 'Intifada NYC’?". A professora estava embaraçada, disse Melody. Ela sabia do grupo, mas nunca tinha ouvido falar das camisetas, explicou Debbie a porta-voz. "Intifada", continuou, significa "revolta", e é o termo relacionado ao conflito árabe-israelense. Muitos jornalistas perderam o interesse nas camisetas após Melody explicar que nem Debbie nem sua escola estavam ligados a elas, mas o Post insistiu na história. A educadora disse que Melody e Canton lhe pressionaram a responder ao jornal em uma entrevista. "Então eu disse, 'espere um minuto'. Eu não estaria confortável nessa entrevista", disse Debbie, que critica a cobertura do Post sobre árabes e muçulmanos. O jornal continuou ligando Debbie às camisetas. Foram recebidas críticas sobre a professora no Departamento de Educação, e Cantor lhe informou que desculpas seriam divulgadas em seu nome. Debbie foi contra, alegando que o Departamento deveria esclarecer a situação, que segundo ela o Post estaria distorcendo. O Departamento de Comunicação divulgou as desculpas. "O prefeito quer que você renuncie amanhã, às 8 horas, para poder anunciá-la em seu programa de rádio", disse a Debbie o vice-prefeito Dennis M. Walcott.Na rádio, o prefeito Bloomberg anunciou que a professora "pediu sua renúncia", o que foi "o melhor a ser feito". "Certamente ela não é uma terrorista", acrescentou, "e toda a imprensa deve entender o mesmo." Três dias depois, Debbie foi substituída por uma diretora ínterim, Danielle Salzberg, que é judia e não fala árabe. Caos na nova escola Em 4 de setembro, a Khalil Gibran International Academy abriu suas portas. Os pais que levavam suas crianças entraram na escola em meio aos repórteres, fotógrafos e equipes de televisão. O caos tomou conta do local. Estudantes evitavam as aulas e se envolviam em brigas, segundo pais e funcionários. Pelo menos 12 dos 60 alunos mostravam sinais de problemas de comportamento ou dificuldades de aprendizagem, disse Leslie Kahn, funcionária da escola até janeiro. "Há alguma coisa no ar, em todas aulas, todos os dias", disse Sean R. Grogan, professor de Ciências do colégio. "Crianças se separam, gritam, xingam... está fora de controle". "Eu não me sinto seguro", disse um estudante árabe americano, de 11 anos, que não voltará para escola no próximo ano. Alguns dias após a renúncia de Debbie, ela disse que se sentia paralisada. Seu apoio entre a comunidade árabe-americana permanece irregular. Ela pediu que a cidade se impeça a contratação de um diretor permanente até que o caso seja resolvido. A diretora diz que seus direitos, previstos na Primeira Emenda da Constituição, foram violados e que foi forçada a renunciar após ser apontada por dizer algo controverso. O caso de Debbie prosseguirá na Corte do Distrito Federal em Manhattan. A coalização oposicionista continua a protestar contra a escola. O grupo pediu ao Departamento de Educação em outubro informações detalhadas sobre a criação do colégio, seu corpo docente e grade curricular. Por volta de setembro a escola deverá se mudar para instalações maiores, em Fort Greene, no Brooklyn. "Eu não sou o demônio que seu sonho materializou", disse Debbie, referindo-se a nova diretora. "Eu não tive uma chance."
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