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Haja Paciencia!

A paciência é a maior defesa que um sujeito pode desenvolver, diz o Dalai. Ela serve para que tudo seja colocado no seu devido lugar antes de se tirar conclusões ou fazer julgamentos. Às vezes é preciso ficar em silêncio, recuar antes de voltar à cena e dar um passo adiante. Paciência, no entanto, para o Dalai, não é omissão. É a determinação do tempo ideal para cada coisa. É o sujeito saber tratar do seu inimigo interior antes de lidar com as adversidades externas. Trata-se de um conceito difícil de entender pois a cultura ocidental cultua a pressa. É fato que as pessoas vivem cada vez em maior velocidade, comem cada vez mais rápido. É como se estivéssemos todos, você e eu inclusive, em busca de algo que nunca vem. Fazer o maior número de coisas no menor espaço de tempo virou sinônimo de eficiência. Sujeitos entre nós que se mostrem tranqüilos e pacientes são considerados omissos e passivos. Para o Dalai, no entanto, paciência é compreender que as melhorias gradativas são as verdadeir

Interdependência ou morte!

As Pssoas morrem de fome no Nordeste. Você sente pena, se lamenta pelo povo castigado mas vê aquela realidade como algo distante do seu dia-a-dia. A coisa não funciona bem assim, segundo o Dalai. Afinal, tudo no mundo estaria relacionado. Uma atitude banal que se toma aqui pode iniciar uma cadeia que vai refletir do outro lado do Atlântico daqui a anos. (Se você lembrou aquela metáfora clássica da teoria do caos que dizia que o bater de asas de uma borboleta em Hong Kong pode causar um tornado no Texas, bingo.) Para o Dalai, o conceito da interdependência está bastante ligado ao da relatividade. Para ele, as circunstâncias podem mudar a aplicação de um conceito. Por isso não seria possível ter conceitos isolados ou eternamente válidos. Para quase todas as religiões, por exemplo, a reprodução é uma das principais funções do ser humano. Mas hoje, em um mundo com mais de seis bilhões de pessoas, onde há problemas globais de alimentação e espaço, o óbvio para famílias de qualquer classe so

Impermanência

A única certeza que um ser humano pode ter, segundo o Dalai, é a de que vive o momento presente e de que pode morrer a qualquer momento. Por mais catastrófica que essa idéia possa parecer, para o Dalai ela é uma verdade incontestável e um motivo de alegria. Significa que, se as coisas boas podem ficar ruins de um momento para o outro, as coisas ruins também podem ficar boas de repente. Para ele, essa certeza também serve para que preparemos o que ele chama de "boa morte" - a tentativa de manter um saldo positivo na própria existência. Ou de, pelo menos, zerar a contabilidade entre as atitudes boas e más de que inevitavelmente se compõe uma vida. Para o Dalai, a incerteza do que pode acontecer no próximo momento - o sujeito pode perder a vida ou o emprego, a mulher ou a fortuna a qualquer momento - ajuda-o a sofrer menos com os revezes da vida. E a se apegar menos às coisas e às pessoas que ama, dependendo menos delas para ser feliz. Por outro lado, a noção da própria imperman

(Im)parcialidade?!

Para o Dalai, a verdade é relativa. Perceber que não há axiomas inquestionáveis e tentar enxergar as situações sob todos os ângulos antes de tomar uma atitude é fundamental. Mas isso, segundo o Dalai, leva tempo e requer alguns exercícios. A mente humana teria a tendência de elevar as próprias idéias à condição de verdades inexoráveis. Diante de uma situação de discórdia, diz o Dalai, o sujeito se enche de argumentos que o levam a tomar determinadas atitudes a partir do seu ponto de vista unilateral, desconsiderando a trajetória dos outros envolvidos.

Gente Humilde

Associados com freqüência no Brasil, humildade e pobreza não têm nenhuma relação entre si na visão do Dalai Lama. Descrever como humildes aqueles que passam fome ou vivem debaixo da ponte, para ele, não faz sentido. Humildade nada tem a ver com a presença ou a ausência de posses materiais. Trata-se, segundo o Dalai, de uma forma de comportamento das mais veneráveis. Ser humilde seria enxergar todos os circundantes como seres iguais - o garoto que pede um trocado no semáforo ou o presidente da República. É difícil pensar dessa forma quando a sociedade relaciona humildade com inferioridade, submissão e pobreza. Mas é fácil ser humilde em uma sociedade que associa essa condição à simplicidade, à clareza, à elegância. A humildade, segundo o Dalai, deixa o homem mais confiante. Só quem tem plena consciência do seu valor não precisa demonstrar, às vezes de forma grosseira, o seu poder ou a sua erudição.

A Felicidade é como uma gota de orvalho

O objetivo da vida humana, segundo o Dalai, é a felicidade, a preservação da alegria. Para ele, ser feliz não é um estado grandioso e eterno. Ao contrário, é uma soma de pequenos momentos luminosos que o sujeito vai colecionando ao longo da vida. Um dos caminhos mais curtos para a infelicidade, na opinião do Dalai, é colocar a própria satisfação nas mãos de algo ou de alguém. Ou então empurrá-la para o futuro. O sujeito que diz que só será feliz quando se formar em medicina ou quando se casar com uma determinada pessoa está, segundo o Dalai, jogando fora uma série de oportunidades presentes de felicidade. A satisfação estaria dentro de cada um. Não estaria fora, em elementos externos que seriam meros instrumentos ou partes coadjuvantes. Segundo o Dalai, os principais ingredientes da felicidade são o sorriso e o bom humor. Tentar olhar todos os aspectos de uma situação e destacar os bons - e não os maus, como costumamos fazer - é a grande receita da satisfação pessoal. Para ele, é preci

Acima das Religiões

Segundo o Dalai, não é preciso ter religião para ter ética. Ou seja, a retidão do comportamento humano não dependeria de leis divinas. Para ele, espiritualidade e religião não são sinônimos. O Dalai é um grande defensor de ações sociais ecumênicas. Ele acredita que a ética transita em qualquer fé e é a viga central na construção de um mundo mais feliz. Ter fé é importante, ele reconhece. Mas a ética seria mais do que suficiente. Isso inclui ateus e agnósticos nesse projeto de mundo mais solidário e integrado de que fala o Dalai. Mas, para ele, o que é a ética? Aqui, ele concorda com o dicionário. Trata-se de um conjunto de valores morais e princípios de conduta que devem ajustar as relações entre os diversos membros da sociedade. Nada mais é, no fim das contas, do que a velha premissa de não fazer a ninguém o que não se deseja para si mesmo. A sutileza trazida pelo Dalai é a consciência de que o não prejudicar os outros começa nos pequenos atos. Algo que pode não soar como prejudicial