Uma das reações ao assassinato de Isabella Nardoni a precipitação da imprensa, de certos investigadores e até de membros do Judiciário em acusar o pai da menina incita a refletir. Por que tanta pressa para encontrar um culpado, infringindo o elementar direito desse homem à presunção de inocência e eventualmente a um julgamento justo? E isso apesar do precedente da Escola Base, no qual os adultos suspeitos de abuso sexual contra um menino se mostraram inocentes. É natural que tragédias suscitem comoção pública: alguns leitores talvez se lembrem de incêndios como os do Andraus e do Joelma, e, mais recentemente, o tsunami, o furacão Katrina, o acidente da Gol também despertaram revolta e solidariedade. Mas nem toda tragédia é um crime: casos como o de Isabella, como o de mães que tentam matar seus bebês indesejados, provocam uma repulsa mais profunda porque põem em jogo a crença na naturalidade dos sentimentos familiares. Se hoje a violência contra crianças nos parece parti