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A energia psíquica e suas metamorfoses.

Nise da Silveira Seguindo o método de acompanhar cronologicamente, tanto quanto possível, o desenvolvimento da obra de Jung em estreita conexão com sua biografia, começaremos este texto comentando o livro Símbolos de transformação, publicado em 1912, com o título de Transformações e símbolos da libido. Foi nesse livro que Jung apresentou, pela primeira vez, seu conceito de "energia psíquica". Enquanto Freud atribui à libido significação exclusivamente sexual, Jung denomina libido a energia psíquica tomada num sentido amplo. Energia psíquica e libido são sinônimos. Libido é apetite, é instinto permanente de vida que se manifesta pela fome, sede, sexualidade, agressividade, necessidades e interesses os mais diversos. Tudo isso está compreendido no conceito de libido. A idéia junguiana de libido aproxima-se bastante da concepção de "vontade", segundo Schopenhauer. Entretanto Jung não chegou a essa formulação através dos caminhos da reflexão filosófica. Foi a ela

O conceito de "diferença" na obra de Gilles Deleuze

A noção de diferença, na filosofia de Gilles Deleuze, é no mínimo uma instância problemática. Num certo sentido, ela é fundamental para a compreensão de toda a sua obra. Mas, o que é exatamente a diferença, em si mesma? Por que Deleuze afirma, de forma contundente, que a razão clássica não pode apreendê-la sem, com isso, destruir a sua natureza "rebelde e anárquica"? Antes de respondermos a tal questão, precisamos levar em consideração o fato de que, ao longo da história da filosofia, a diferença foi continuamente vista como o mais temível dos males (no mínimo, ela causava estranheza e mal-estar por sua capacidade de furtar-se a qualquer tipo de modelo ou regra preestabelecida). Ou bem a diferença era "o além celestial de um entendimento divino inacessível a nosso pensamento representativo, ou o aquém infernal, insondável para nós, de um Oceano de dessemelhança". De um modo ou de outro, a diferença encontrava-se excluída do Ser - como algo que não pertencia a sua es

eBook: Convite a Filosofia - Marilena Chaui

Gilles Deleuze

Deleuze, Gilles (1925-1995), filósofo francês, nascido em Paris, autor de uma filosofia da diferença, que concebe o homem como uma “máquina desejadora”. Gilles Deleuze tornou-se bacharel em Filosofia em 1948. A partir de 1969, passou a lecionar na faculdade de Vincennes-Saint-Denis (Paris VIII), em companhia de Michel Foucault. A carreira filosófica de Deleuze principiou com a publicação de monografias filosóficas (Hume, Nietzsche, Kant, Bergson, Spinoza). Seu propósito era fundar a crítica do pensamento na análise da história do pensamento e no confronto dos sistemas epistemológicos ( ver Epistemologia). Expondo as diferenças pelo jogo da repetição de sistemas situados historicamente, Deleuze buscava uma filosofia que saísse do sistema, que não identificasse, como o idealismo hegeliano ( ver Hegel), a unidade e o múltiplo, reduzindo o mesmo ao outro ( Diferença e repetição , 1968). Tratava-se de fazer uma filosofia do “eterno retorno”, reprodução de um pensamento

III Jornada de Filosofia

III Jornada de Filosofia , upload feito originalmente por Filosofante .

Entrevista concedida por Ferreira Gullar a Veja às vésperas de retornar ao Brasil, após seis anos de exílio político.

Veja - Algumas pessoas comentam o fato de que o Poema Sujo modifica toda uma estrutura da nossa poesia, do ponto de vista da linguagem. Como você vê isso? FERREIRA GULLAR - Quero que, de princípio, fique bem claro que não fiz o Poema Sujo para modificar nada. Não fiz o Poema Sujo para criar uma nova forma de poesia nem para revolucionar a poesia brasileira. Fiz o Poema Sujo para sobreviver, como em geral sempre faço poesia - no último instante. Quando não é possível fazer mais nada, faço poesia. Agora, é preciso também que seja possível fazer poesia, porque às vezes nem mesmo isso é possível. Veja - Como você vê o desenvolvimento da literatura hoje no Brasil? FERREIRA GULLAR - No campo da poesia, especificamente, vejo uma coisa muito positiva: o abandono de certo preconceito formalista que dominou e castrou a poesia brasileira durante mais de vinte anos, a partir do concretismo. Quer dizer, um preconceito formalista. Chegou-se a dizer que a poesia deveria ser feita segundo estruturas m