Cada uma das 21 práticas de meditação divide-se em cinco partes: preparação, contemplação, meditação, dedicatória e prática subseqüente. As instruções que explicam essas 21 práticas meditativas são denominadas "etapas do caminho", ou "Lamrim". As realizações dessas meditações são os caminhos espirituais que nos conduzem à grande libertação da plena iluminação.
A primeira parte, as práticas preparatórias, preparam o sucesso da nossa meditação purificando os impedimentos causados por nossas ações negativas passadas, acumulando mérito (ou boa fortuna) e capacitando-nos a receber as bênçãos dos seres iluminados. As práticas preparatórias são muito importantes para que obtenhamos uma experiência profunda dessas meditações. Com esse propósito, podemos começar nossa meditação recitando as Preces para meditação, que estão no apêndice I. Um comentário a essas práticas pode ser encontrado no apêndice II.
O objetivo da segunda parte, a contemplação, ou meditação analítica, é trazer à mente o objeto da meditação posicionada. Isso se fará levando em consideração diversas linhas de raciocínio, contemplando analogias e refletindo sobre o significado das instruções. É útil memorizarmos as contemplações de cada capítulo, para que possamos meditar sem olhar o texto. As contemplações aqui fornecidas visam servir como uma orientação geral. Devemos complementá-las e enriquecê-las com quaisquer argumentos e exemplos que considerarmos úteis.
Quando, por meio das contemplações, o objeto nos aparecer claramente, paramos a meditação analítica e nos concentramos no objeto unifocadamente. Essa concentração unifocalizada é a terceira parte, a meditação efetiva.
Logo que começamos a meditar, nossa concentração é pobre; distraímo-nos com facilidade e freqüentemente perdemos nosso objeto de meditação. Sendo assim, no começo, provavelmente teremos que alternar entre contemplação e meditação posicionada muitas vezes em cada sessão. Por exemplo, se estivermos meditando sobre compaixão, começaremos contemplando os diversos sofrimentos experienciados pelos seres vivos até que um forte sentimento de compaixão surja em nosso coração.
Quando a compaixão surgir, meditaremos unifocadamente sobre ela. Se ficar mais fraca ou se nossa mente se desviar para outro assunto, devemos retornar a meditação analítica a fim de restaurá-la. Depois de restaurar o sentimento de compaixão, interrompemos novamente a meditação analítica e retemos a compaixão com concentração unifocalizada. A contemplação e a meditação, ambas servem para familiarizar nossa mente com objetos virtuosos.
Quanto mais familiarizados com esses objetos estivermos, mais apaziguada se tornará nossa mente. Treinando em meditação e vivendo de acordo com os insights e resoluções desenvolvidos durante a meditação, seremos por fim capazes de manter a mente sempre em pazo, a vida toda. Instruções mais detalhadas sobre as contemplações e sobre meditação em geral podem ser encontradas em Transforme sua vida e Caminho alegre da boa fortuna.
No final de cada sessão, dedicamos o mérito produzido pela meditação à conquista da iluminação. Mérito não dedicado pode ser facilmente destruído pela raiva. Recitando as preces dedicatórias sinceramente no final de cada sessão de meditação, garantimos que o mérito por nós criado não será desperdiçado, mas atuará como causa de iluminação.
A quinta parte da meditação é a prática subseqüente. São conselhos sobre como incorporar a meditação na vida diária. É importante lembrar que a prática de Darma não se restringe a nossas atividades durante a sessão de meditação; ela deve permear nossa vida inteira.
Devemos evitar que se crie um abismo entre a meditação e nossa vida diária, porque o sucesso da meditação depende da pureza da nossa conduta fora da sessão meditativa. É preciso vigiar a mente o tempo todo, aplicando contínua-lembrança, vigilância e conscienciosidade; e devemos tentar abandonar qualquer mau hábito que tenhamos.
Profunda experiência de Darma é resultado de treino prático por um longo período de tempo, tanto em meditação como fora. Portanto, devemos praticar com persitência e gentileza, sem nos apressar em obter resultados.
Para resumir, nossa mente é como um campo. Engajar-se nas práticas preparatórias é como preparar o campo removendo os obstáculos causados pelas ações negativas passadas, fertilizando-o com mérito e regando-o as bênçãos dos seres sagrados. Contemplação e meditação são como plantar boas sementes e a dedicatória e a prática subseqüente são os métodos para amadurecer nossa colheita de realizações de Darma.
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