Para que cerca de 4 000 pessoas consigam desfilar e cantar em uníssono ao longo de 700 metros, há um diretor de harmonia trabalhando com mais de trinta assistentes que o ajudam a manter o ritmo. Ele é a autoridade máxima na avenida. Pode expulsar até o presidente da escola, se ele estiver atrapalhando.
Ô, abre-alas
O carro abre-alas (cujo nome se inspirou no aviso à multidão para a passagem dos antigos blocos carnavalescos e virou marchinha de Chiquinha Gonzaga) é obrigatório na cota mínima do regulamento: é preciso trazer seis carros alegóricos. Deve levar o nome e o símbolo da escola, apresentando o tema do enredo ao público.
Olha a escola aí, gente!
A comissão de frente surgiu nas grandes sociedades, que traziam rapazes vestidos a rigor, montados a cavalo, saudando o público diante do carro alegórico. A Portela, nos anos 30, adaptou a idéia para a escola de samba levando só moças na linha de frente. Hoje, é de praxe mostrar criatividade logo de cara. Então, vale tudo.
Vai quem quer
As alas são grupos que têm de cinqüenta a 100 pessoas, todas com a mesma fantasia, pela qual o folião paga até 400 reais. Ficam sob o comando de um presidente. Esse, por sua vez, responde ao presidente dos presidentes de alas, um intermediário entre a escola e os grupos que, muitas vezes, são recheados de turistas.
Casal maravilha
O baliza e a porta-estandarte nasceram nos ranchos dos anos 20. A Mangueira transportou o casal para a escola de samba, transformando-os em mestre-sala, ou mestre de cerimônia, e porta-bandeira (mais informações na página 38). Uma escola geralmente tem o primeiro e o segundo casal, além de uma dupla mirim.
O pé que fala
A diferença entre uma passista e uma garota que apenas rebola é que a primeira tem que "dizer o samba no pé". Significa que ela precisa demonstrar não só graça e sensualidade, mas harmonia com as nuances do samba-enredo. Os passos são totalmente improvisados, assim como o malabarismo dos passistas masculinos.
Bumbum-paticumbum
A bateria pode ter até 400 ritmistas (veja na página seguinte). Depois de percorrer uns 300 metros da avenida, quase metade do desfile, todo o conjunto se recolhe para um recuo chamado boxe. Voltam a desfilar quando se aproximam as últimas alas.
Falsas baianas?
Costuma-se dizer que a mulher começa a atuar na escola como passista, eventualmente se torna porta-bandeira e depois se instala na ala das baianas. Formado por um mínimo de 100 componentes acima dos 45 anos, é um grupo obrigatório pelo regulamento. Hoje, até drag queens pagam para sair entre elas.
Força no gogó
O puxador do samba-enredo ganhou o nome nos anos 30, quando o cantor entoava uma quadrinha para estimular o improviso do "versador". Hoje, é um artista profissional, cercado por um ou dois cantores de reforço, um cavaquinho e um violão. Em geral desfila no chão, junto ao carro de som, microfone em punho.
História viva
A velha guarda (definição que surgiu nos anos 60, parodiando o movimento da Jovem Guarda) representa a memória do samba em carne e osso. É composta de fundadores, primeiros sócios, compositores e componentes históricos que se mantêm ligados à agremiação. Fecham o desfile para lembrar ao público que a escola tem passado.
Grêmio Recreativo do Futuro
Quase toda escola grande tem uma ala de crianças, sambistas que vêm de berço: algumas começam a ensaiar aos 2 anos de idade. São filhos da comunidade (região ou bairro) ligada à escola e aprendem desde cedo as tradições, características e linha de trabalho da agremiação.
Miragem na avenida
Nos anos 50, quando os artistas da Escola de Belas Artes ensinaram os artesãos a trabalhar com proporção, os carros alegóricos cresceram - hoje, chegam a 9,5 metros de altura. A sustentação é um chassi de caminhão sobre pneus de avião, menores e capazes de suportar mais peso que os de automóvel.
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