1. Relatos de pessoas que "estiveram do outro lado" e voltaram para contar o que viram são muito mais comuns do que a gente pensa. Esses casos vêm sendo pesquisados a sério desde pelo menos a década de 1970, quando ganharam entre os especialistas uma sigla em inglês: NDE, Near-Death Experience - no Brasil, o termo foi traduzido para EQM, ou "Experiências de Quase-Morte".
2. Segundo a NDE Research Foundation, entidade americana que pesquisa o assunto, ocorrem mais de 700 NDEs por dia apenas nos Estados Unidos. Geralmente os relatos sobre esse tipo de experiência têm vários pontos em comum. A maior parte das pessoas descreve ter visto túneis escuros, luzes brancas misteriosas e a percepção do próprio corpo sendo reanimado pelos médicos que prestaram socorro. Mas não pense que tudo se resume a momentos de paz e beleza. Há relatos de NDEs "negativas", similares a pesadelos, em que a pessoa tem visões de demônios e ouve gritos sombrios.
3. Sob o ponto de vista médico, a morte encefálica, popularmente chamada de morte cerebral, é irreversível. Mas existem casos de pacientes em estado de morte clínica (quando a respiração e o coração param, por exemplo) em que a atividade cerebral permanece. Nessas situações os músculos cardíacos e o ciclo respiratório podem ser reanimados com variadas técnicas e equipamentos. Em geral, as NDEs acontecem durante a reanimação de uma vítima morta clinicamente.
4 .Alguns cientistas, porém, acreditam que a consciência independe da atividade cerebral. Por isso seria possível um paciente ter uma NDE mesmo depois de constatada a ausência total de atividades cerebrais. Essa tese é defendida por dois pesquisadores britânicos, Sam Parnia, da Universidade de Southampton, e Peter Fenwick, da Universidade de Oxford. Eles criaram a fundação beneficente Horizon Research para investigar o que há por trás da morte.
5. Em 2001, Parnia e Fenwick publicaram no jornal de medicina Resuscitation uma pesquisa feita com sobreviventes de ataques cardíacos no Southampton General Hospital, na Inglaterra. De 1 500 pacientes analisados, 63 foram reanimados depois de declarados clinicamente mortos; sete deles relataram visões, mas só quatro casos foram considerados NDEs, devido à lucidez e à riqueza de detalhes dos depoimentos. Depois de recuperados, alguns pacientes, mesmo com inatividade cerebral constatada durante os trabalhos de ressuscitação médica, reconheceram pessoas que nunca viram antes, mas que ajudaram a salvá-los, e se lembraram do que os médicos falaram durante os procedimentos de socorro.
6. Também em 2001, uma outra pesquisa semelhante foi feita na Holanda. O neurologista Pin van Lommel divulgou, em artigo para a revista britânica de medicina The Lancet, os resultados de um estudo feito em dez hospitais holandeses, com 344 pacientes reanimados. Dezoito por cento deles relataram algum tipo de NDE.
7. Antes desse estudo, o doutor Lommel já pesquisava o assunto e selecionava relatos impressionantes. Num deles, um paciente contou ao médico holandês que, durante uma experiência de NDE, observou, ao lado da avó morta, um homem que ele não conhecia, mas que o olhava com carinho. Mais de dez anos após sua visão, o tal paciente descobriu que havia nascido de uma relação extraconjugal e que seu pai biológico havia morrido durante a Segunda Guerra Mundial. Quando ele conseguiu uma foto do seu pai verdadeiro, reconheceu o homem que havia visto durante sua NDE!
8. Outra experiência curiosa foi conduzida pelo médico e psicólogo americano Kenneth Ring, professor emérito da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos. Durante dois anos, Ring, um dos pioneiros mundiais no estudo de NDEs, colecionou mais de 30 relatos de pessoas cegas - algumas desde o nascimento - que tiveram visões do próprio corpo, ainda que fora de foco, antes de serem reanimadas.
9. É claro que muitos cientistas são totalmente céticos em relação a esses relatos. Argumentos contra os supostos contatos com a vida após a morte não faltam. Talvez o principal deles seja o de que tudo não passa de alucinação, provocada por reações neuroquímicas no cérebro de pessoas moribundas. O psiquiatra neozelandês Karl Jansen, por exemplo, aponta no livro Ketamine: Dreams and Realities ("Quetamina: Sonhos e Realidades") que já reproduziu, com voluntários, experiências idênticas às NDEs, usando para isso substâncias anestésicas como a quetamina, capaz de produzir alucinações.
10. Os adeptos do vodu, culto de origem africana praticado principalmente no Haiti, também têm sua própria receita para produzir a viagem de uma pessoa até a morte e depois "ressuscitá-la". Um feiticeiro local oferece à "vítima" uma poção feita com ervas alucinógenas e tóxicas. Esses ingredientes induzem a pessoa a um estado cataléptico, como se ela estivesse morta. Algum tempo depois, o feiticeiro "acorda o morto", ministrando outra dose da poção. Porém, essa seqüência de envenamentos e o tempo que a vítima passa sem receber oxigenação no cérebro a deixa com seqüelas mentais irreversíveis, transformando-a num verdadeiro zumbi. A história dessas criaturas "mortas-vivas" haitianas - teoricamente usadas para trabalhos escravos - foi investigada pelo antropólogo canadense Wade Davis. No livro A Serpente e o Arco-Íris, publicado na década de 1980, Davis defendeu a tese de que a substância tóxica tetradotoxina (TTX) - encontrada em peixes como o baiacu, muito consumido no Japão - era um dos princípios ativos da poção dos zumbis.
2. Segundo a NDE Research Foundation, entidade americana que pesquisa o assunto, ocorrem mais de 700 NDEs por dia apenas nos Estados Unidos. Geralmente os relatos sobre esse tipo de experiência têm vários pontos em comum. A maior parte das pessoas descreve ter visto túneis escuros, luzes brancas misteriosas e a percepção do próprio corpo sendo reanimado pelos médicos que prestaram socorro. Mas não pense que tudo se resume a momentos de paz e beleza. Há relatos de NDEs "negativas", similares a pesadelos, em que a pessoa tem visões de demônios e ouve gritos sombrios.
3. Sob o ponto de vista médico, a morte encefálica, popularmente chamada de morte cerebral, é irreversível. Mas existem casos de pacientes em estado de morte clínica (quando a respiração e o coração param, por exemplo) em que a atividade cerebral permanece. Nessas situações os músculos cardíacos e o ciclo respiratório podem ser reanimados com variadas técnicas e equipamentos. Em geral, as NDEs acontecem durante a reanimação de uma vítima morta clinicamente.
4 .Alguns cientistas, porém, acreditam que a consciência independe da atividade cerebral. Por isso seria possível um paciente ter uma NDE mesmo depois de constatada a ausência total de atividades cerebrais. Essa tese é defendida por dois pesquisadores britânicos, Sam Parnia, da Universidade de Southampton, e Peter Fenwick, da Universidade de Oxford. Eles criaram a fundação beneficente Horizon Research para investigar o que há por trás da morte.
5. Em 2001, Parnia e Fenwick publicaram no jornal de medicina Resuscitation uma pesquisa feita com sobreviventes de ataques cardíacos no Southampton General Hospital, na Inglaterra. De 1 500 pacientes analisados, 63 foram reanimados depois de declarados clinicamente mortos; sete deles relataram visões, mas só quatro casos foram considerados NDEs, devido à lucidez e à riqueza de detalhes dos depoimentos. Depois de recuperados, alguns pacientes, mesmo com inatividade cerebral constatada durante os trabalhos de ressuscitação médica, reconheceram pessoas que nunca viram antes, mas que ajudaram a salvá-los, e se lembraram do que os médicos falaram durante os procedimentos de socorro.
6. Também em 2001, uma outra pesquisa semelhante foi feita na Holanda. O neurologista Pin van Lommel divulgou, em artigo para a revista britânica de medicina The Lancet, os resultados de um estudo feito em dez hospitais holandeses, com 344 pacientes reanimados. Dezoito por cento deles relataram algum tipo de NDE.
7. Antes desse estudo, o doutor Lommel já pesquisava o assunto e selecionava relatos impressionantes. Num deles, um paciente contou ao médico holandês que, durante uma experiência de NDE, observou, ao lado da avó morta, um homem que ele não conhecia, mas que o olhava com carinho. Mais de dez anos após sua visão, o tal paciente descobriu que havia nascido de uma relação extraconjugal e que seu pai biológico havia morrido durante a Segunda Guerra Mundial. Quando ele conseguiu uma foto do seu pai verdadeiro, reconheceu o homem que havia visto durante sua NDE!
8. Outra experiência curiosa foi conduzida pelo médico e psicólogo americano Kenneth Ring, professor emérito da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos. Durante dois anos, Ring, um dos pioneiros mundiais no estudo de NDEs, colecionou mais de 30 relatos de pessoas cegas - algumas desde o nascimento - que tiveram visões do próprio corpo, ainda que fora de foco, antes de serem reanimadas.
9. É claro que muitos cientistas são totalmente céticos em relação a esses relatos. Argumentos contra os supostos contatos com a vida após a morte não faltam. Talvez o principal deles seja o de que tudo não passa de alucinação, provocada por reações neuroquímicas no cérebro de pessoas moribundas. O psiquiatra neozelandês Karl Jansen, por exemplo, aponta no livro Ketamine: Dreams and Realities ("Quetamina: Sonhos e Realidades") que já reproduziu, com voluntários, experiências idênticas às NDEs, usando para isso substâncias anestésicas como a quetamina, capaz de produzir alucinações.
10. Os adeptos do vodu, culto de origem africana praticado principalmente no Haiti, também têm sua própria receita para produzir a viagem de uma pessoa até a morte e depois "ressuscitá-la". Um feiticeiro local oferece à "vítima" uma poção feita com ervas alucinógenas e tóxicas. Esses ingredientes induzem a pessoa a um estado cataléptico, como se ela estivesse morta. Algum tempo depois, o feiticeiro "acorda o morto", ministrando outra dose da poção. Porém, essa seqüência de envenamentos e o tempo que a vítima passa sem receber oxigenação no cérebro a deixa com seqüelas mentais irreversíveis, transformando-a num verdadeiro zumbi. A história dessas criaturas "mortas-vivas" haitianas - teoricamente usadas para trabalhos escravos - foi investigada pelo antropólogo canadense Wade Davis. No livro A Serpente e o Arco-Íris, publicado na década de 1980, Davis defendeu a tese de que a substância tóxica tetradotoxina (TTX) - encontrada em peixes como o baiacu, muito consumido no Japão - era um dos princípios ativos da poção dos zumbis.
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