Metafísica, ramo da filosofia que trata
da natureza da realidade última. Está dividida em ontologia, que trata dos
inúmeros tipos fundamentais de entidades que compõem o universo, e a metafísica
propriamente dita, que se preocupa com a apreensão dos traços mais gerais da
realidade. Esta última pode atingir um alto grau de abstração. A ontologia, ao
contrário, está mais relacionada com o plano físico da experiência humana.
Acredita-se que o termo metafísica tenha sido utilizado pela primeira
vez por Andrônico de Rodes. Na adaptação que fez das obras de Aristóteles, ao
tratado chamado Filosofia primeira ou Teologia seguia-se o tratado
de Física. Segundo ele, a referida Filosofia ficou conhecida como
met(ta)-physica, ou seja, ‘além da física’. Os temas tratados na
Metafísica de Aristóteles (substância, causalidade, natureza do ser e
existência de Deus) estabeleceram o conteúdo da especulação metafísica ao longo
de séculos.
Bem antes da época de Kant, esta disciplina se caracterizava por uma
tendência a elaborar teorias fundamentadas do conhecimento a priori, o
saber que vem apenas da razão. Esta corrente é conhecida como racionalismo e
pode ser subdividida em monismo e dualismo. Entre os representantes do primeiro,
encontram-se George Berkeley, Thomas Hobbes e Baruch Spinoza. O representante
mais conhecido do dualismo é René Descartes. Outros filósofos têm afirmado que o
conhecimento da realidade só pode ser obtido a partir da experiência. Este tipo
de metafísica chama-se empirismo. A crença de que o conhecimento é apenas um
reflexo das percepções humanas denomina-se ceticismo ou agnosticismo em relação
à alma humana e à realidade de Deus.
Immanuel Kant elaborou uma filosofia crítica diferente, chamada
transcendentalismo. Seu pensamento é agnóstico, porque nega a possibilidade de
um conhecimento exato da realidade última; é empírico, na medida em que afirma
que todo conhecimento surge da experiência e é objeto de uma experiência real e
possível; e é racionalista enquanto mantém o caráter apriorístico dos princípios
estruturais deste conhecimento empírico.
Alguns dos seguidores mais importantes de Kant, especialmente Johann
Gottlieb Fichte, Friedrich Schelling e Georg Wilhelm Friedrich Hegel,
desenvolveram um idealismo absoluto, a partir do qual surgiriam múltiplas
teorias metafísicas. Entre elas, cabe ressaltar o empirismo radical ou
pragmatismo; o voluntarismo, representado por Arthur Schopenhauer e por Josiah
Royce; o positivismo da obra de Auguste Comte e de Herbert Spencer; a evolução
emergente, proposta por Henri Bergson; e a filosofia do organicismo, elaborada
por Alfred North Whitehead.
No século XX, a validade do pensamento metafísico foi discutida pelos
positivistas lógicos e pelo chamado
materialismo dialético dos marxistas. O existencialismo deu um novo impulso à
reflexão sobre o ser.
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