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Japão

Japão
1 INTRODUÇÃO
Japão,  monarquia constitucional no leste da Ásia, que compreende quatro grandes ilhas (Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kyushu), o arquipélago Ryukyu e mais de 1.000 ilhas menores. Faz fronteira ao norte com o mar de Okhjotsk, a leste com o oceano Pacífico, ao sul com o oceano Pacífico e o mar da China e a oeste com o estreito da Coréia e o mar do Japão. As ilhas japonesas se estendem em um arco irregular da ilha de Sakalina (Rússia) até a ilha de Formosa, ou Taiwan. A extensão é de 377.750 km2. Tóquio é a capital.
2 TERRITÓRIO
Essas ilhas são os cumes de uma enorme cadeia de montanhas que originalmente pertencia ao continente asiático, do qual se separaram durante o cenozóico. Os acidentes geográficos ocorridos na costa do Pacífico são resultantes da ação erosiva das marés e das fortes tormentas no litoral. Entre Honshu, Shikoku e Kyushu, está o mar Interior, salpicado de ilhas e conectado ao oceano Pacífico e ao mar do Japão por três apertados estreitos através dos quais raramente passam as tormentas oceânicas. A costa ocidental das ilhas, no mar do Japão, onde quase não há marés, é relativamente regular.
O Japão tem uma paisagem de montanhas altas e vales profundos, com muitas planícies pequenas que se estendem ao longo dos cursos baixos dos rios, ao longo das encostas inferiores das cadeias montanhosas e nas terras baixas junto à costa.
Embora tenha abundantes cursos de água, não há grandes rios navegáveis. Os principais rios são o Shinano-gawa, o mais longo do Japão, o Tone e o Ishikari, em Hokkaido. Possui abundantes lagos, a maioria formada nas montanhas. O maior é o Biwa, em Honshu.
Os vulcões são bastante comuns; conhecem-se pelo menos 200, dos quais mais de 50 estão ativos. O mais alto é o Fuji Yama, já extinto, que se encontra perto de Yokohama.
Os terremotos são freqüentes; um estudo mostrou que há mais de três abalos sísmicos por dia, sobretudo nas costas orientais, expostas a terremotos de grande intensidade e normalmente acompanhados de maremotos.
As ilhas ocupam uma faixa de 17º de latitude e suas condições climáticas variam muito. Hokkaido e o setor meridional de Honshu se caracterizam por verões curtos e invernos longos e frios devido aos ventos procedentes da Sibéria e à corrente fria de Oya-Shio (ou Oya Shivo). No sul e no leste, a influência da corrente quente de Kuroshio deixa os invernos mais amenos. Em Shikoku, Kyushu e no sul de Honshu, os verões são quentes e úmidos, quase subtropicais, e os invernos, temperados. O Japão se encontra no caminho das monções sul-orientais, que trazem consigo muita umidade no verão. De junho a outubro, o país é sacudido por ciclones tropicais.
3 POPULAÇÃO E GOVERNO
Os atuais japoneses são uma raça essencialmente mongolóide, da mesma origem que os chineses e coreanos. O aino é o único grupo étnico diferenciado significativo. O japonês é o idioma oficial.
A população do país é de 126.711.660 habitantes (2001), com uma densidade demográfica de 336 habitantes por quilômetro quadrado. Tóquio, o centro comercial e financeiro do país, tinha uma população em 1993 de 7.927.084 habitantes. Outras cidades importantes (1993) são Yokohama (3.250.548 habitantes), Osaka (2.495.275 habitantes), Nagoya (2.095.393 habitantes), Kyoto (1.339.000 habitantes) e Kobe (1.459.000 habitantes).
As principais religiões são o xintoísmo, com cerca de 200 seitas e denominações, e o budismo, com 207 tendências e escolas (ver Literatura japonesa; Arte e arquitetura do Japão; Teatro japonês).
O Japão é governado com base na Constituição de 1947; reza ela que o imperador é o símbolo da nação, mas as funções que desempenha são meramente cerimoniais. Um gabinete, liderado pelo primeiro-ministro, exerce o poder executivo. O poder legislativo reside na Dieta, corpo bicameral.
4 ECONOMIA
Nas últimas décadas, a economia expandiu-se rapidamente. A base industrial do país recai nas indústrias pesadas, químicas e eletrônicas. Em 1999, o produto interno bruto (PIB) foi de 4,34 trilhões de dólares, um dos maiores do mundo. O PIB per capita é de 34.340 dólares. A unidade monetária é o iene.
A população rural caiu nos últimos anos, mas não a importância da agricultura. Mais de 40% da terra cultivada é dedicada à produção de arroz. Os cereais mais importantes são o trigo e a cevada.
A pesca é a segunda atividade econômica mais importante do Japão e a sua produção é importante tanto para o mercado interno como para o externo. O país possui uma das maiores frotas pesqueiras do mundo.
5 HISTÓRIA
Duas crônicas semi-míticas, o Kojiki (Registros de assuntos antigos) e o Nihon shoki ou Nihongi (Crônicas do Japão), o primeiro compilado em 712 d.C. e o segundo em 720 d.C., são os registros mais antigos da história japonesa, juntamente com os relatos chineses. Essas crônicas falam dos sucessos ocorridos entre os séculos VII a.C. e VII d.C. e são as principais fontes da história antiga do Japão.
Os primeiros colonos do arquipélago japonês provavelmente procediam da zona oriental da Sibéria durante o neollítico, por volta do ano 3000 a.C., mas a evidência lingüística sugere também a presença de alguns colonizadores das ilhas polinésias. Também é possível que os ainos tenham chegado ao arquipélago durante essa primeira fase, mas nos primeiros tempos predominavam os protojaponeses de raça mongolóide.
As crônicas oficiais chinesas da dinastia Han contêm a primeira menção registrada ao Japão. Falam que, no ano 57 d.C., havia o estado de Nu en Wo, que era um dos numerosos estados que ocupavam o arquipélago japonês. As crônicas também mostram uma sociedade bastante desenvolvida com uma organização hierárquica, marcada por um comércio de intercâmbio.
No ano 200, a imperatriz Jingu assumiu o governo depois da morte do seu marido, o imperador Chuai (que reinou de 192 a 200). Há relatos de que a imperatriz equipou uma armada e invadiu e conquistou uma parte da Coréia. Embora haja poucas evidências históricas da existência de Jingu, crônicas coreanas do século V registram a ocorrência de uma grande expedição feita a partir de Wo, por volta de 391.
O período Kofun (c. 300-710 d.C.) foi uma etapa de unificação sob a casa imperial. O imperador Jimmu estendeu seus domínios até Yamato, que deu seu nome à casa imperial. O governo dos Yamato consolidou o seu poder com a criação de uma forma primitiva de xintoísmo, que também servia de instrumento político. Os caudilhos yamatos exerceram um controle indireto sobre várias tribos, conhecidas com o nome de uji, entre as quais as mais importantes foram a muraji e a omi. O governo do clã imperial era mais nominal do que real, embora sua principal divindade, a deusa do Sol, fosse venerada por todos.
No século VI, a corte de Yamato tinha perdido o poder, incapaz de impor-se diante das tribos uji e derrotada na Coréia. O budismo, que chegou ao arquipélago no ano 552, espalhou-se rapidamente pela população e, no começo do século VII, já tinha ganhado o status de religião oficial.
O período Asuka começou quando a imperatriz Suiko (que reinou de 593 a 628) subiu ao trono e construiu seu palácio no vale de Asuka. Seu sobrinho e regente, Shotoku Taishi, começou um programa reformista marcado pela perda do domínio coreano e os problemas internos. Em 604, estabeleceu a Constituição de Dezessete Artigos, que compreendia um conjunto de princípios simples para o bom governo seguindo o modelo centralista da China e estabelecendo as hierarquias na corte.
As reformas de Shotoku foram continuadas pelo imperador Tenchi Tenno e por Nakatomi Kamatari, fundador da família Fujiwara, que em 645 inaugurou as denominadas reformas Taika, que fortaleceram a casa imperial e debilitaram as tribos uji, cujas terras foram ocupadas e redistribuídas. O grande conselho, o Dajokan, dirigiu o reino através de governadores locais, seguindo o modelo chinês. Em 663, Tenchi realizou reformas mais centralistas e codificou essas novas medidas no denominado sistema ritsu-ryo, que impôs uma estrutura de propriedade estatal sobre o país.
No mandato do imperador Shomu (que reinou de 715 a 756) e sua consorte Fujiwara, o Japão conheceu um período de grande efervescência cultural. Foram estabelecidas amplas conexões com a dinastia Tang da China e o Japão se tornou o extremo oriental da Rota da Seda. Posteriormente, o sistema ritsu-ryo foi modificado em 743 e, para estimular a ampliação das terras produtivas, direitos de propriedade foram concedidos a qualquer pessoa interessada em explorá-las. Essa medida permitiu que as grandes famílias e templos assegurassem sua independência e poder.
No período Heian (794-1185), o Japão conheceu 350 anos de paz e prosperidade. No entanto, durante o século IX, os imperadores começaram a retirar-se do governo ativo, delegando os assuntos de governo aos seus subordinados. A retirada dos imperadores foi acompanhada pelo aumento do poder dos membros da família Fujiwara que, em 858, tornaram-se os amos virtuais do Japão e mantiveram seu poder durante os três séculos seguintes, monopolizando os altos cargos da corte e controlando a família imperial. Em 884, Fujiwara Mototsune passou a ser o primeiro ditador civil oficial (kampaku). O mais importante dos dirigentes Fujiwara foi Fujiwara Michinaga, que dominou a corte de 995 a 1028.
O caráter do governo mudou sob o controle dessa família, aumentando a centralização da administração e dividindo o país em grandes estados nobiliários de caráter hereditário, livres de impostos ou unidos aos grandes templos budistas.
Em meados do século XI, os Fujiwara perderam o monopólio das consortes imperiais e os imperadores retirados se converteram no núcleo de um novo sistema de governo de claustro, pelo qual os imperadores abdicavam depois de fazer os votos budistas e se afastavam da administração em favor dos imperadores reinantes. Nesse meio tempo, surgiram nas províncias grupos locais de guerreiros, mais conhecidos como samurais, que protegiam os senhores de que eram servos, criando assim o embrião de um sistema feudal. Os guerreiros Taira ganharam fama e poder no sudoeste; os Minamoto, no leste. No século XII, os dois grandes clãs militares estenderam seu poder para a corte, iniciando uma luta pelo controle do Japão.
Em 1156, uma guerra civil (o Distúrbio Hogen) eclodiu entre os imperadores retirados e reinantes e as ramificações associadas à família Fujiwara, dando início aos clãs militares. Depois da segunda guerra com o denominado Distúrbio Heiji (1159-1160), os Taira assumiram o controle do Japão. Taira Kiyomori, ministro-chefe em 1167, monopolizou os cargos da corte com os membros da sua família; seu filho mais novo, Antoku, tornou-se imperador em 1180. No mesmo ano, um remanescente dos guerreiros Minamoto, Minamoto Yoritomo, construiu um quartel em Kamakura, no leste do Japão, e promoveu um levante que, depois de cinco anos de guerra civil, derrotou e expulsou os Taira. Yoritomo assumiu o controle do Japão, inaugurando uma ditadura militar que iria durar sete séculos.
A partir de então, o feudalismo se desenvolveu até se tornar mais forte que a administração imperial. Em 1192, Yoritomo criou o cargo de xogun, comandante-em-chefe com autoridade para atuar contra os inimigos do imperador. Yoritomo já era o virtual dirigente do Japão e titular do seu xogunato, detendo assim mais poder do que o imperador e a corte.
Em 1219, a família Hojo, mediante uma série de conspirações e assassinatos que eliminaram os herdeiros Minamoto, assumiu a direção militar do Japão. Nenhum Hojo tornou-se xogun; um dirigente Hojo governava como shikken (regente), com poder real.
As novas formas de budismo, especialmente as seitas País Puro e o zen, se estenderam e tornaram-se mais populares do que as seitas mais antigas.
Os Hojo mantiveram-se no poder durante mais de 100 anos. Seus oficiais e administradores provinciais conseguiram o poder sobre as terras e se uniram para formar novos clãs militares, os daimio, que se converteram no maior desafio para a autoridade do xogunato. O imperador Daigo II Tenno liderou uma rebelião contra os Hojo com o apoio de Ashikaga Takauji, dirigente do clã Ashikaga. A revolução, denominada Restauração Kemmu, culminou em 1333 com a deserção dos principais vassalos do xogunato e a queda dos Hojo.
O Japão foi finalmente reunificado no século XVI, no período Azuchi-Momoyama, um curto período de grandes mudanças, que recebeu esse nome por causa dos castelos das suas duas principais figuras, Oda Nobunaga e Toyotomi Hideyoshi. Oda inaugurou o período controlando os outros daimio, além de acabar com o poder dos mosteiros e neutralizar o budismo como força política. O último xogun Ashikaga abdicou em 1588 e Hideyoshi assegurou seu governo mediante uma administração sistemática. No entanto, nunca estabeleceu o controle completo sobre os daimio. Outras influências culturais chegaram ao arquipélago pelas mãos dos comerciantes portugueses, os primeiros europeus que chegaram ao Japão, desembarcando numa ilha próxima de Kyushu em 1543. Entre outras coisas, os artesãos locais copiaram as armas de fogo trazidas pelos estrangeiros, com o que transformaram a arte militar nipônica e criaram um meio eficiente para controlar os senhores feudais. Um missionário jesuíta, São Francisco Xavier, levou o cristianismo ao Japão em 1549, mas o excesso de zelo dos pregadores que o seguiram contribuiu para que os xoguns proibissem no futuro a entrada de estrangeiros. Em 1600, Tokugawa Ieyasu tornou-se o dirigente do país.
Ieyasu se proclamou xogun em 1603 e estabeleceu sua capital em Edo (hoje Tóquio). Em 1615, Ieyasu promulgou novos códigos legais, que estabeleceram a organização feudal e proporcionaram ao Japão um período de 250 anos de paz. Esses códigos (o denominado sistema bakuhan) deram à família Tokugawa um grande poder sobre os feudos daimio (han) e seus administradores, bem como sobre o imperador e a sua corte. Os confiscos de terra fizeram da família Tokugawa a mais rica do Japão. As classes sociais foram estratificadas de forma rígida em quatro grupos: guerreiros, camponeses, artesãos e comerciantes. A forma de feudalismo estabelecida por Ieyasu e os sucessivos xoguns Tokugawa se manteve até o final do período feudal, em meados do século XIX.
Outra conseqüência da dominação Tokugawa foi o isolamento em relação ao Ocidente. Os europeus não puderam desembarcar no Japão depois de 1624 e, na década seguinte, foi decretada uma série de leis proibindo o comércio exterior.
Nos dois séculos que se seguiram, as formas de feudalismo se mantiveram estáticas. O bushido, o código dos guerreiros feudais, tornou-se o padrão de conduta para os grandes senhores e os samurais, que desempenhavam o papel de seguidores dos primeiros. O confucionismo passou a ser a nova ideologia do governo, o que provocou uma forte reação tradicionalista e uma defesa do nacionalismo pró-imperial.
No princípio do século XIX, as visitas de europeus, em sua maioria comerciantes e exploradores, tornaram-se cada vez mais freqüentes, embora oficialmente elas continuassem proibidas. Como resultado da “visita” do comodoro norte-americano Mathew C. Perry (no comando de uma ameaçadora frota de guerra), foram abertas negociações que levaram à assinatura, em 1858, de um acordo comercial com os Estados Unidos, ao qual se seguiram outros com várias potências ocidentais.
Os tratados deram consideráveis privilégios aos ocidentais, como foi o caso da extraterritorialidade e, com eles, diminuiu de maneira significativa o poder do xogunato. O último xogum, Tokugawa Yoshinobu, renunciou em 1867 enquanto os radicais pró-imperiais decidiram forçar a situação e, em 1868, conseguiram restaurar o poder do imperador.
Os exércitos dos feudos de Sasuna, Choshi e Tosa, que agora compunham as forças imperiais, dominaram os seguidores dos Tokugawa e pouco depois asseguraram a restauração Meiji. O jovem imperador, Mutsuhito, recuperou a posição de verdadeiro dirigente do governo e adotou o nome de Meiji Tenno (governo ilustrado) para designar seu reinado, embora vários dirigentes de Choshu e Satsuma monopolizassem os cargos ministeriais. Em 1871, um decreto imperial aboliu todos os feudos e em seu lugar foram criadas prefeituras administrativas centralizadas, das quais os antigos senhores eram os governadores. Paralelamente, foi criado um exército moderno, tomando como modelo os ocidentais.
A oligarquia Choshu-Satsuma impôs uma série de mudanças no sistema político sem, no entanto, atender às demandas políticas do povo. Os camponeses continuaram pagando a maioria dos pesados impostos estatais e as revoltas continuaram no século XIX. Tentou-se em seguida criar um regime constitucional capaz de fortalecer o país e melhorar sua situação geral. Foi criado um gabinete em 1885, do qual Ito Hirobumi era o primeiro-ministro. A nova Constituição, redigida por Ito e promulgada em 1889, estabelecia uma Dieta bicameral.
O Império também iniciou uma política externa expansiva. Em 1879, o Japão tinha tomado as ilhas Ryukyu, fazendo delas municípios da ilha de Okinawa. Os conflitos com a China na Coréia culminaram com a Guerra Sino-japonesa (1894-1895), na qual as forças nipônicas não tiveram muita dificuldade para derrotar os chineses. Segundo os termos do tratado de Shimonoseki, assinado em 1895, a China cedeu ao Japão as ilhas de Taiwan e dos Pescadores, além de uma grande indenização financeira.
Por causa dos seus interesses na Coréia, o Japão entrou em conflito com a Rússia, que começava a ampliar as suas fronteiras pelo nordeste da Ásia. Os dois países assinaram um tratado em 1898, que garantia a independência da Coréia, embora preservasse os interesses comerciais de ambas as potências. Em 1900, depois da revolta dos Boxers na China, a Rússia ocupou Dongbei Pingyuan e, a partir dessa base, invadiu a Coréia pelo norte do país.
Em 1904, depois de repetidas tentativas de negociação, o Japão rompeu as relações diplomáticas com a Rússia e atacou a possessão russa de Port Arthur (agora parte de Lüda), dando início à Guerra Russo-japonesa, que, em menos de 18 meses, veio a se tornar o segundo êxito militar do Japão. O tratado de paz foi assinado em Portsmouth (New Hampshire), em 1905; o Japão ficou com a península de Liaodong, o território de Guangdong e a metade sul da ilha de Sakalina. Além disso, a Rússia reconheceu a presença do Japão na Coréia, que em 1910 foi anexada ao Japão.
Em agosto de 1914, depois da eclosão da I Guerra Mundial, o Japão entrou na guerra do lado dos aliados. Em 1915, o Império apresentou as Vinte e Uma Demandas para a China, nas quais solicitava privilégios industriais, minerais e ferroviários. Essas reivindicações, algumas das quais foram rapidamente atendidas, foram a primeira declaração de uma política de dominação sobre a China e o Extremo Oriente. Em 1916, a China cedeu os direitos comerciais na Mongólia Interior e o sul da Manchúria ao Japão.
Em 1926, Hirohito subiu ao trono. Quando o general Tanaka Giichi tornou-se o primeiro-ministro em 1927, voltaram as agressões contra a China.
As repercussões internacionais da ocupação da Manchúria levaram a Sociedade das Nações, atuando com a autoridade do Pacto Briand-Kellogg, a criar uma comissão para determinar se o Japão fazia jus à acusação de nação agressora e como tal merecia receber sanções comerciais; a resposta do Japão foi abandonar a organização, em 1935. Para consolidar sua presença na China, o Japão desembarcou tropas em Xangai. Incapaz de resistir à superioridade das forças nipônicas, a China assinou uma trégua em maio de 1933, na qual reconhecia as conquistas japonesas.
Na II Guerra Mundial, em 1940, o Japão criou uma aliança tripartite com a Alemanha e a Itália, o denominado Eixo Roma-Berlim-Tóquio. Foi derrotada e capitulou depois dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki.
Depois da rendição incondicional do Japão, coube aos Estados Unidos manter tropas de ocupação nas ilhas japonesas. O Japão foi despojado do seu Império. Com o fideicomisso das Nações Unidas, os Estados Unidos ocuparam todas as ilhas que tinham sido antigos mandatos japoneses no Pacífico.
Não houve resistência dos outros aliados à ocupação norte-americana das ilhas japonesas. Os objetivos da política de ocupação eram, basicamente, a democratização do governo japonês e o restabelecimento de uma economia industrial de tempo de paz que atendesse à demanda da população japonesa. O general MacArthur exerceu sua autoridade através do imperador e da estrutura de governo existente; em 1947, teve início um programa de reforma agrária, projetado com a finalidade de dar aos camponeses a oportunidade de adquirir a terra na qual trabalhavam, e foi criado um programa educativo seguindo modelos democráticos. As mulheres conseguiram o direito a voto nas primeiras eleições depois da guerra (em abril de 1946). Posteriormente, a Dieta definiu as bases de uma nova Constituição, fortemente inspirada pela democracia norte-americana e promulgada em 1947.
Segundo os termos do tratado, o Japão renunciou a todos os seus direitos sobre a Coréia, Taiwan, as ilhas Kurilas, Sakalina e as ilhas que eram antigos mandatos, abandonando também qualquer reivindicação sobre a China; reconheceu o direito de o Japão se defender e a negociar acordos de segurança coletivos e aceitou a validade das reparações de guerra, que pagaria em bens e serviços.
Ao mesmo tempo, os Estados Unidos e o Japão assinaram um acordo que estabelecia a permanência de bases militares norte-americanas em território nipônico para proteger o país desarmado de agressões externas ou distúrbios internos capazes de abalar a ordem social.
Em 1952, entrou em vigor o tratado de paz e o Japão recuperou a soberania sobre o seu território. Segundo os termos do tratado, as tropas norte-americanas permaneceriam no Japão como forças de segurança. Ao longo do ano de 1952, o governo japonês estabeleceu tratados de paz ou renovou as relações diplomáticas com Taiwan, Birmânia, a Índia e a Iugoslávia.
A economia japonesa começou a ocupar os primeiros postos na economia mundial na década de 1960. O primeiro-ministro Ikeda renunciou e foi sucedido por Sato Eisaku, também democrata liberal.
Embora o Partido Democrático Liberal tenha se mantido no poder ao longo de toda a década de 1970, foram muito freqüentes as mudanças de governo decorrentes do surgimento de facções dentro do partido. Em 1972, Tanaka Kakuei reatou as relações diplomáticas com a China e Taiwan.
Em 1982, Nakasone Yasuhiro foi eleito primeiro-ministro. Os democratas liberais, derrotados nas eleições parlamentares de 1983, conseguiram uma maioria avassaladora em 1986; para substituir Nakasone, elegeram Takeshita Noboru em 1987.
O imperador Hirohito faleceu em janeiro de 1989 e foi sucedido pelo filho Akihito, que inaugurou o denominado período Heisei, que logo se mostrou como uma época de reformas.
Nas eleições de 1993, os democratas liberais perderam a maioria e, depois de 38 anos no poder, foram afastados do governo. Hosokawa Morihiro, um antigo democrata liberal, foi eleito para liderar o governo, levando a cabo um programa de reforma eleitoral.
O dirigente do Partido Social Democrata Murayama Tomiichi foi eleito primeiro-ministro em 1994, tornando-se o primeiro dirigente de esquerda desde 1948. Em seu curto governo, teve que enfrentar uma vasta gama de problemas, do terremoto de Kobe, em 1995, que matou mais de 5.000 pessoas, ao surgimento público da seita Shinrikyo (Ensino da Verdade Suprema), que no mesmo ano cometeu atentados com o gás venenoso sarin, matando 12 pessoas e intoxicando centenas, passando por problemas com os militares das bases norte-americanas de Okinawa.
Murayama renunciou em 1996 e em seu lugar foi escolhido o liberal democrático Ryutaro Hashimoto. Seu governo ficou marcado por denúncias e escândalos de corrupção, uma retração do consumo interno e, o que é mais importante, o início de um problema quase desconhecido para os japoneses: o desemprego. Como corolário da instabilidade nas bolsas asiáticas em 1997, uma das maiores organizações financeiras do país faliu, deixando um “rombo” de 24 bilhões de dólares. Ao mesmo tempo, Hashimoto teve que enfrentar as pressões dos Estados Unidos para que abrisse às forças econômicas externas o ainda fechado mercado japonês. Recessão, uma palavra desconhecida para os japoneses do pós-guerra, começou a ser cada vez mais usada na imprensa local ao longo de 1998.

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