Japão
1 | INTRODUÇÃO |
Japão, monarquia constitucional no
leste da Ásia, que compreende quatro grandes ilhas (Hokkaido, Honshu, Shikoku e
Kyushu), o arquipélago Ryukyu e mais de 1.000 ilhas menores. Faz fronteira ao
norte com o mar de Okhjotsk, a leste com o oceano Pacífico, ao sul com o oceano
Pacífico e o mar da China e a oeste com o estreito da Coréia e o mar do Japão.
As ilhas japonesas se estendem em um arco irregular da ilha de Sakalina (Rússia)
até a ilha de Formosa, ou Taiwan. A extensão é de 377.750 km2. Tóquio
é a capital.
2 | TERRITÓRIO |
Essas ilhas são os cumes de uma enorme cadeia de montanhas que
originalmente pertencia ao continente asiático, do qual se separaram durante o
cenozóico. Os acidentes geográficos ocorridos na costa do Pacífico são
resultantes da ação erosiva das marés e das fortes tormentas no litoral. Entre
Honshu, Shikoku e Kyushu, está o mar Interior, salpicado de ilhas e conectado ao
oceano Pacífico e ao mar do Japão por três apertados estreitos através dos quais
raramente passam as tormentas oceânicas. A costa ocidental das ilhas, no mar do
Japão, onde quase não há marés, é relativamente regular.
O Japão tem uma paisagem de montanhas altas e vales profundos, com
muitas planícies pequenas que se estendem ao longo dos cursos baixos dos rios,
ao longo das encostas inferiores das cadeias montanhosas e nas terras baixas
junto à costa.
Embora tenha abundantes cursos de água, não há grandes rios navegáveis.
Os principais rios são o Shinano-gawa, o mais longo do Japão, o Tone e o
Ishikari, em Hokkaido. Possui abundantes lagos, a maioria formada nas montanhas.
O maior é o Biwa, em Honshu.
Os vulcões são bastante comuns; conhecem-se pelo menos 200, dos quais
mais de 50 estão ativos. O mais alto é o Fuji Yama, já extinto, que se encontra
perto de Yokohama.
Os terremotos são freqüentes; um estudo mostrou que há mais de três
abalos sísmicos por dia, sobretudo nas costas orientais, expostas a terremotos
de grande intensidade e normalmente acompanhados de maremotos.
As ilhas ocupam uma faixa de 17º de latitude e suas condições
climáticas variam muito. Hokkaido e o setor meridional de Honshu se caracterizam
por verões curtos e invernos longos e frios devido aos ventos procedentes da
Sibéria e à corrente fria de Oya-Shio (ou Oya Shivo). No sul e no leste, a
influência da corrente quente de Kuroshio deixa os invernos mais amenos. Em
Shikoku, Kyushu e no sul de Honshu, os verões são quentes e úmidos, quase
subtropicais, e os invernos, temperados. O Japão se encontra no caminho das
monções sul-orientais, que trazem consigo muita umidade no verão. De junho a
outubro, o país é sacudido por ciclones tropicais.
3 | POPULAÇÃO E GOVERNO |
Os atuais japoneses são uma raça essencialmente mongolóide, da mesma
origem que os chineses e coreanos. O aino é o único grupo étnico diferenciado
significativo. O japonês é o idioma oficial.
A população do país é de 126.711.660 habitantes (2001), com uma
densidade demográfica de 336 habitantes por quilômetro quadrado. Tóquio, o
centro comercial e financeiro do país, tinha uma população em 1993 de 7.927.084
habitantes. Outras cidades importantes (1993) são Yokohama (3.250.548
habitantes), Osaka (2.495.275 habitantes), Nagoya (2.095.393 habitantes), Kyoto
(1.339.000 habitantes) e Kobe (1.459.000 habitantes).
As principais religiões são o xintoísmo, com cerca de 200 seitas e
denominações, e o budismo, com 207 tendências e escolas (ver Literatura
japonesa; Arte e arquitetura do Japão; Teatro japonês).
O Japão é governado com base na Constituição de 1947; reza ela que o
imperador é o símbolo da nação, mas as funções que desempenha são meramente
cerimoniais. Um gabinete, liderado pelo primeiro-ministro, exerce o poder
executivo. O poder legislativo reside na Dieta, corpo bicameral.
4 | ECONOMIA |
Nas últimas décadas, a economia expandiu-se rapidamente. A base
industrial do país recai nas indústrias pesadas, químicas e eletrônicas. Em
1999, o produto interno bruto (PIB) foi de 4,34 trilhões de dólares, um dos
maiores do mundo. O PIB per capita é de 34.340 dólares. A unidade monetária é o
iene.
A população rural caiu nos últimos anos, mas não a importância da
agricultura. Mais de 40% da terra cultivada é dedicada à produção de arroz. Os
cereais mais importantes são o trigo e a cevada.
A pesca é a segunda atividade econômica mais importante do Japão e a
sua produção é importante tanto para o mercado interno como para o externo. O
país possui uma das maiores frotas pesqueiras do mundo.
5 | HISTÓRIA |
Duas crônicas semi-míticas, o Kojiki (Registros de assuntos
antigos) e o Nihon shoki ou Nihongi (Crônicas do Japão), o
primeiro compilado em 712 d.C. e o segundo em 720 d.C., são os registros mais
antigos da história japonesa, juntamente com os relatos chineses. Essas crônicas
falam dos sucessos ocorridos entre os séculos VII a.C. e VII d.C. e são as
principais fontes da história antiga do Japão.
Os primeiros colonos do arquipélago japonês provavelmente procediam da
zona oriental da Sibéria durante o neollítico, por volta do ano 3000 a.C., mas a
evidência lingüística sugere também a presença de alguns colonizadores das ilhas
polinésias. Também é possível que os ainos tenham chegado ao arquipélago durante
essa primeira fase, mas nos primeiros tempos predominavam os protojaponeses de
raça mongolóide.
As crônicas oficiais chinesas da dinastia Han contêm a primeira menção
registrada ao Japão. Falam que, no ano 57 d.C., havia o estado de Nu en Wo, que
era um dos numerosos estados que ocupavam o arquipélago japonês. As crônicas
também mostram uma sociedade bastante desenvolvida com uma organização
hierárquica, marcada por um comércio de intercâmbio.
No ano 200, a imperatriz Jingu assumiu o governo depois da morte do
seu marido, o imperador Chuai (que reinou de 192 a 200). Há relatos de que a
imperatriz equipou uma armada e invadiu e conquistou uma parte da Coréia. Embora
haja poucas evidências históricas da existência de Jingu, crônicas coreanas do
século V registram a ocorrência de uma grande expedição feita a partir de Wo,
por volta de 391.
O período Kofun (c. 300-710 d.C.) foi uma etapa de unificação sob a
casa imperial. O imperador Jimmu estendeu seus domínios até Yamato, que deu seu
nome à casa imperial. O governo dos Yamato consolidou o seu poder com a criação
de uma forma primitiva de xintoísmo, que também servia de instrumento político.
Os caudilhos yamatos exerceram um controle indireto sobre várias tribos,
conhecidas com o nome de uji, entre as quais as mais importantes foram a muraji
e a omi. O governo do clã imperial era mais nominal do que real, embora sua
principal divindade, a deusa do Sol, fosse venerada por todos.
No século VI, a corte de Yamato tinha perdido o poder, incapaz de
impor-se diante das tribos uji e derrotada na Coréia. O budismo, que chegou ao
arquipélago no ano 552, espalhou-se rapidamente pela população e, no começo do
século VII, já tinha ganhado o status de religião oficial.
O período Asuka começou quando a imperatriz Suiko (que reinou de 593 a
628) subiu ao trono e construiu seu palácio no vale de Asuka. Seu sobrinho e
regente, Shotoku Taishi, começou um programa reformista marcado pela perda do
domínio coreano e os problemas internos. Em 604, estabeleceu a Constituição de
Dezessete Artigos, que compreendia um conjunto de princípios simples para o bom
governo seguindo o modelo centralista da China e estabelecendo as hierarquias na
corte.
As reformas de Shotoku foram continuadas pelo imperador Tenchi Tenno e
por Nakatomi Kamatari, fundador da família Fujiwara, que em 645 inaugurou as
denominadas reformas Taika, que fortaleceram a casa imperial e debilitaram as
tribos uji, cujas terras foram ocupadas e redistribuídas. O grande conselho, o
Dajokan, dirigiu o reino através de governadores locais, seguindo o modelo
chinês. Em 663, Tenchi realizou reformas mais centralistas e codificou essas
novas medidas no denominado sistema ritsu-ryo, que impôs uma estrutura de
propriedade estatal sobre o país.
No mandato do imperador Shomu (que reinou de 715 a 756) e sua consorte
Fujiwara, o Japão conheceu um período de grande efervescência cultural. Foram
estabelecidas amplas conexões com a dinastia Tang da China e o Japão se tornou o
extremo oriental da Rota da Seda. Posteriormente, o sistema ritsu-ryo foi
modificado em 743 e, para estimular a ampliação das terras produtivas, direitos
de propriedade foram concedidos a qualquer pessoa interessada em explorá-las.
Essa medida permitiu que as grandes famílias e templos assegurassem sua
independência e poder.
No período Heian (794-1185), o Japão conheceu 350 anos de paz e
prosperidade. No entanto, durante o século IX, os imperadores começaram a
retirar-se do governo ativo, delegando os assuntos de governo aos seus
subordinados. A retirada dos imperadores foi acompanhada pelo aumento do poder
dos membros da família Fujiwara que, em 858, tornaram-se os amos virtuais do
Japão e mantiveram seu poder durante os três séculos seguintes, monopolizando os
altos cargos da corte e controlando a família imperial. Em 884, Fujiwara
Mototsune passou a ser o primeiro ditador civil oficial (kampaku). O mais
importante dos dirigentes Fujiwara foi Fujiwara Michinaga, que dominou a corte
de 995 a 1028.
O caráter do governo mudou sob o controle dessa família, aumentando a
centralização da administração e dividindo o país em grandes estados nobiliários
de caráter hereditário, livres de impostos ou unidos aos grandes templos
budistas.
Em meados do século XI, os Fujiwara perderam o monopólio das consortes
imperiais e os imperadores retirados se converteram no núcleo de um novo sistema
de governo de claustro, pelo qual os imperadores abdicavam depois de
fazer os votos budistas e se afastavam da administração em favor dos imperadores
reinantes. Nesse meio tempo, surgiram nas províncias grupos locais de
guerreiros, mais conhecidos como samurais, que protegiam os senhores de que eram
servos, criando assim o embrião de um sistema feudal. Os guerreiros Taira
ganharam fama e poder no sudoeste; os Minamoto, no leste. No século XII, os dois
grandes clãs militares estenderam seu poder para a corte, iniciando uma luta
pelo controle do Japão.
Em 1156, uma guerra civil (o Distúrbio Hogen) eclodiu entre os
imperadores retirados e reinantes e as ramificações associadas à família
Fujiwara, dando início aos clãs militares. Depois da segunda guerra com o
denominado Distúrbio Heiji (1159-1160), os Taira assumiram o controle do Japão.
Taira Kiyomori, ministro-chefe em 1167, monopolizou os cargos da corte com os
membros da sua família; seu filho mais novo, Antoku, tornou-se imperador em
1180. No mesmo ano, um remanescente dos guerreiros Minamoto, Minamoto Yoritomo,
construiu um quartel em Kamakura, no leste do Japão, e promoveu um levante que,
depois de cinco anos de guerra civil, derrotou e expulsou os Taira. Yoritomo
assumiu o controle do Japão, inaugurando uma ditadura militar que iria durar
sete séculos.
A partir de então, o feudalismo se desenvolveu até se tornar mais
forte que a administração imperial. Em 1192, Yoritomo criou o cargo de
xogun, comandante-em-chefe com autoridade para atuar contra os inimigos
do imperador. Yoritomo já era o virtual dirigente do Japão e titular do seu
xogunato, detendo assim mais poder do que o imperador e a corte.
Em 1219, a família Hojo, mediante uma série de conspirações e
assassinatos que eliminaram os herdeiros Minamoto, assumiu a direção militar do
Japão. Nenhum Hojo tornou-se xogun; um dirigente Hojo governava como
shikken (regente), com poder real.
As novas formas de budismo, especialmente as seitas País Puro e o zen,
se estenderam e tornaram-se mais populares do que as seitas mais antigas.
Os Hojo mantiveram-se no poder durante mais de 100 anos. Seus oficiais
e administradores provinciais conseguiram o poder sobre as terras e se uniram
para formar novos clãs militares, os daimio, que se converteram no maior desafio
para a autoridade do xogunato. O imperador Daigo II Tenno liderou uma rebelião
contra os Hojo com o apoio de Ashikaga Takauji, dirigente do clã Ashikaga. A
revolução, denominada Restauração Kemmu, culminou em 1333 com a deserção dos
principais vassalos do xogunato e a queda dos Hojo.
O Japão foi finalmente reunificado no século XVI, no período
Azuchi-Momoyama, um curto período de grandes mudanças, que recebeu esse nome por
causa dos castelos das suas duas principais figuras, Oda Nobunaga e Toyotomi
Hideyoshi. Oda inaugurou o período controlando os outros daimio, além de acabar
com o poder dos mosteiros e neutralizar o budismo como força política. O último
xogun Ashikaga abdicou em 1588 e Hideyoshi assegurou seu governo mediante
uma administração sistemática. No entanto, nunca estabeleceu o controle completo
sobre os daimio. Outras influências culturais chegaram ao arquipélago pelas mãos
dos comerciantes portugueses, os primeiros europeus que chegaram ao Japão,
desembarcando numa ilha próxima de Kyushu em 1543. Entre outras coisas, os
artesãos locais copiaram as armas de fogo trazidas pelos estrangeiros, com o que
transformaram a arte militar nipônica e criaram um meio eficiente para controlar
os senhores feudais. Um missionário jesuíta, São Francisco Xavier, levou o
cristianismo ao Japão em 1549, mas o excesso de zelo dos pregadores que o
seguiram contribuiu para que os xoguns proibissem no futuro a entrada de
estrangeiros. Em 1600, Tokugawa Ieyasu tornou-se o dirigente do país.
Ieyasu se proclamou xogun em 1603 e estabeleceu sua capital em
Edo (hoje Tóquio). Em 1615, Ieyasu promulgou novos códigos legais, que
estabeleceram a organização feudal e proporcionaram ao Japão um período de 250
anos de paz. Esses códigos (o denominado sistema bakuhan) deram à família
Tokugawa um grande poder sobre os feudos daimio (han) e seus
administradores, bem como sobre o imperador e a sua corte. Os confiscos de terra
fizeram da família Tokugawa a mais rica do Japão. As classes sociais foram
estratificadas de forma rígida em quatro grupos: guerreiros, camponeses,
artesãos e comerciantes. A forma de feudalismo estabelecida por Ieyasu e os
sucessivos xoguns Tokugawa se manteve até o final do período feudal, em
meados do século XIX.
Outra conseqüência da dominação Tokugawa foi o isolamento em relação
ao Ocidente. Os europeus não puderam desembarcar no Japão depois de 1624 e, na
década seguinte, foi decretada uma série de leis proibindo o comércio
exterior.
Nos dois séculos que se seguiram, as formas de feudalismo se
mantiveram estáticas. O bushido, o código dos guerreiros feudais, tornou-se o
padrão de conduta para os grandes senhores e os samurais, que desempenhavam o
papel de seguidores dos primeiros. O confucionismo passou a ser a nova ideologia
do governo, o que provocou uma forte reação tradicionalista e uma defesa do
nacionalismo pró-imperial.
No princípio do século XIX, as visitas de europeus, em sua maioria
comerciantes e exploradores, tornaram-se cada vez mais freqüentes, embora
oficialmente elas continuassem proibidas. Como resultado da “visita” do comodoro
norte-americano Mathew C. Perry (no comando de uma ameaçadora frota de guerra),
foram abertas negociações que levaram à assinatura, em 1858, de um acordo
comercial com os Estados Unidos, ao qual se seguiram outros com várias potências
ocidentais.
Os tratados deram consideráveis privilégios aos ocidentais, como foi o
caso da extraterritorialidade e, com eles, diminuiu de maneira significativa o
poder do xogunato. O último xogum, Tokugawa Yoshinobu, renunciou em 1867
enquanto os radicais pró-imperiais decidiram forçar a situação e, em 1868,
conseguiram restaurar o poder do imperador.
Os exércitos dos feudos de Sasuna, Choshi e Tosa, que agora compunham
as forças imperiais, dominaram os seguidores dos Tokugawa e pouco depois
asseguraram a restauração Meiji. O jovem imperador, Mutsuhito, recuperou a
posição de verdadeiro dirigente do governo e adotou o nome de Meiji Tenno
(governo ilustrado) para designar seu reinado, embora vários dirigentes de
Choshu e Satsuma monopolizassem os cargos ministeriais. Em 1871, um decreto
imperial aboliu todos os feudos e em seu lugar foram criadas prefeituras
administrativas centralizadas, das quais os antigos senhores eram os
governadores. Paralelamente, foi criado um exército moderno, tomando como modelo
os ocidentais.
A oligarquia Choshu-Satsuma impôs uma série de mudanças no sistema
político sem, no entanto, atender às demandas políticas do povo. Os camponeses
continuaram pagando a maioria dos pesados impostos estatais e as revoltas
continuaram no século XIX. Tentou-se em seguida criar um regime constitucional
capaz de fortalecer o país e melhorar sua situação geral. Foi criado um gabinete
em 1885, do qual Ito Hirobumi era o primeiro-ministro. A nova Constituição,
redigida por Ito e promulgada em 1889, estabelecia uma Dieta bicameral.
O Império também iniciou uma política externa expansiva. Em 1879, o
Japão tinha tomado as ilhas Ryukyu, fazendo delas municípios da ilha de Okinawa.
Os conflitos com a China na Coréia culminaram com a Guerra Sino-japonesa
(1894-1895), na qual as forças nipônicas não tiveram muita dificuldade para
derrotar os chineses. Segundo os termos do tratado de Shimonoseki, assinado em
1895, a China cedeu ao Japão as ilhas de Taiwan e dos Pescadores, além de uma
grande indenização financeira.
Por causa dos seus interesses na Coréia, o Japão entrou em conflito
com a Rússia, que começava a ampliar as suas fronteiras pelo nordeste da Ásia.
Os dois países assinaram um tratado em 1898, que garantia a independência da
Coréia, embora preservasse os interesses comerciais de ambas as potências. Em
1900, depois da revolta dos Boxers na China, a Rússia ocupou Dongbei Pingyuan e,
a partir dessa base, invadiu a Coréia pelo norte do país.
Em 1904, depois de repetidas tentativas de negociação, o Japão rompeu
as relações diplomáticas com a Rússia e atacou a possessão russa de Port Arthur
(agora parte de Lüda), dando início à Guerra Russo-japonesa, que, em menos de 18
meses, veio a se tornar o segundo êxito militar do Japão. O tratado de paz foi
assinado em Portsmouth (New Hampshire), em 1905; o Japão ficou com a península
de Liaodong, o território de Guangdong e a metade sul da ilha de Sakalina. Além
disso, a Rússia reconheceu a presença do Japão na Coréia, que em 1910 foi
anexada ao Japão.
Em agosto de 1914, depois da eclosão da I Guerra Mundial, o Japão
entrou na guerra do lado dos aliados. Em 1915, o Império apresentou as Vinte e
Uma Demandas para a China, nas quais solicitava privilégios industriais,
minerais e ferroviários. Essas reivindicações, algumas das quais foram
rapidamente atendidas, foram a primeira declaração de uma política de dominação
sobre a China e o Extremo Oriente. Em 1916, a China cedeu os direitos comerciais
na Mongólia Interior e o sul da Manchúria ao Japão.
Em 1926, Hirohito subiu ao trono. Quando o general Tanaka Giichi
tornou-se o primeiro-ministro em 1927, voltaram as agressões contra a
China.
As repercussões internacionais da ocupação da Manchúria levaram a
Sociedade das Nações, atuando com a autoridade do Pacto Briand-Kellogg, a criar
uma comissão para determinar se o Japão fazia jus à acusação de nação agressora
e como tal merecia receber sanções comerciais; a resposta do Japão foi abandonar
a organização, em 1935. Para consolidar sua presença na China, o Japão
desembarcou tropas em Xangai. Incapaz de resistir à superioridade das forças
nipônicas, a China assinou uma trégua em maio de 1933, na qual reconhecia as
conquistas japonesas.
Na II Guerra Mundial, em 1940, o Japão criou uma aliança tripartite
com a Alemanha e a Itália, o denominado Eixo Roma-Berlim-Tóquio. Foi derrotada e
capitulou depois dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki.
Depois da rendição incondicional do Japão, coube aos Estados Unidos
manter tropas de ocupação nas ilhas japonesas. O Japão foi despojado do seu
Império. Com o fideicomisso das Nações Unidas, os Estados Unidos ocuparam todas
as ilhas que tinham sido antigos mandatos japoneses no Pacífico.
Não houve resistência dos outros aliados à ocupação norte-americana
das ilhas japonesas. Os objetivos da política de ocupação eram, basicamente, a
democratização do governo japonês e o restabelecimento de uma economia
industrial de tempo de paz que atendesse à demanda da população japonesa. O
general MacArthur exerceu sua autoridade através do imperador e da estrutura de
governo existente; em 1947, teve início um programa de reforma agrária,
projetado com a finalidade de dar aos camponeses a oportunidade de adquirir a
terra na qual trabalhavam, e foi criado um programa educativo seguindo modelos
democráticos. As mulheres conseguiram o direito a voto nas primeiras eleições
depois da guerra (em abril de 1946). Posteriormente, a Dieta definiu as bases de
uma nova Constituição, fortemente inspirada pela democracia norte-americana e
promulgada em 1947.
Segundo os termos do tratado, o Japão renunciou a todos os seus
direitos sobre a Coréia, Taiwan, as ilhas Kurilas, Sakalina e as ilhas que eram
antigos mandatos, abandonando também qualquer reivindicação sobre a China;
reconheceu o direito de o Japão se defender e a negociar acordos de segurança
coletivos e aceitou a validade das reparações de guerra, que pagaria em bens e
serviços.
Ao mesmo tempo, os Estados Unidos e o Japão assinaram um acordo que
estabelecia a permanência de bases militares norte-americanas em território
nipônico para proteger o país desarmado de agressões externas ou distúrbios
internos capazes de abalar a ordem social.
Em 1952, entrou em vigor o tratado de paz e o Japão recuperou a
soberania sobre o seu território. Segundo os termos do tratado, as tropas
norte-americanas permaneceriam no Japão como forças de segurança. Ao longo do
ano de 1952, o governo japonês estabeleceu tratados de paz ou renovou as
relações diplomáticas com Taiwan, Birmânia, a Índia e a Iugoslávia.
A economia japonesa começou a ocupar os primeiros postos na economia
mundial na década de 1960. O primeiro-ministro Ikeda renunciou e foi sucedido
por Sato Eisaku, também democrata liberal.
Embora o Partido Democrático Liberal tenha se mantido no poder ao
longo de toda a década de 1970, foram muito freqüentes as mudanças de governo
decorrentes do surgimento de facções dentro do partido. Em 1972, Tanaka Kakuei
reatou as relações diplomáticas com a China e Taiwan.
Em 1982, Nakasone Yasuhiro foi eleito primeiro-ministro. Os democratas
liberais, derrotados nas eleições parlamentares de 1983, conseguiram uma maioria
avassaladora em 1986; para substituir Nakasone, elegeram Takeshita Noboru em
1987.
O imperador Hirohito faleceu em janeiro de 1989 e foi sucedido pelo
filho Akihito, que inaugurou o denominado período Heisei, que logo se mostrou
como uma época de reformas.
Nas eleições de 1993, os democratas liberais perderam a maioria e,
depois de 38 anos no poder, foram afastados do governo. Hosokawa Morihiro, um
antigo democrata liberal, foi eleito para liderar o governo, levando a cabo um
programa de reforma eleitoral.
O dirigente do Partido Social Democrata Murayama Tomiichi foi eleito
primeiro-ministro em 1994, tornando-se o primeiro dirigente de esquerda desde
1948. Em seu curto governo, teve que enfrentar uma vasta gama de problemas, do
terremoto de Kobe, em 1995, que matou mais de 5.000 pessoas, ao surgimento
público da seita Shinrikyo (Ensino da Verdade Suprema), que no mesmo ano
cometeu atentados com o gás venenoso sarin, matando 12 pessoas e intoxicando
centenas, passando por problemas com os militares das bases norte-americanas de
Okinawa.
Murayama renunciou em 1996 e em seu lugar foi escolhido o liberal
democrático Ryutaro Hashimoto. Seu governo ficou marcado por denúncias e
escândalos de corrupção, uma retração do consumo interno e, o que é mais
importante, o início de um problema quase desconhecido para os japoneses: o
desemprego. Como corolário da instabilidade nas bolsas asiáticas em 1997, uma
das maiores organizações financeiras do país faliu, deixando um “rombo” de 24
bilhões de dólares. Ao mesmo tempo, Hashimoto teve que enfrentar as pressões dos
Estados Unidos para que abrisse às forças econômicas externas o ainda fechado
mercado japonês. Recessão, uma palavra desconhecida para os japoneses do
pós-guerra, começou a ser cada vez mais usada na imprensa local ao longo de
1998.
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