Os estudiosos acreditam que essa arte de fazer pequenas esculturas com dobraduras de papel tenha nascido junto com a própria matéria-prima que ela utiliza. Os primeiros registros do surgimento do papel vêm da China do ano 105 d.C. De lá, monges budistas levaram o método de fabricação do produto para outros países asiáticos, a partir do século VII. Um desses países foi o Japão, onde a técnica do origami, importada junto com o papel, iria se desenvolver. Já no século VIII, as dobraduras passaram a fazer parte de cerimônias xintoístas (saiba mais sobre essa religião na página 28), representando divindades adoradas pelos japoneses. Os sacerdotes xintoístas pregavam regras rígidas para a arte com papéis, proibindo que as folhas fossem cortadas ou coladas, pois acreditavam que dessa forma honravam os espíritos das árvores que davam vida ao papel. Com o passar dos séculos, essas limitações foram atenuadas com o uso de novas técnicas.
No kirigami, por exemplo, as formas começaram a ser feitas com pequenos pedaços de papel que eram unidos, em vez de usar uma única folha. No kirikomiorigami, a cola podia ser empregada. Até o século XIX, porém, a arte das dobraduras era restrita aos adultos por causa do alto custo dos papéis. A situação mudou a partir de 1876, quando o origami passou a fazer parte da educação dos japoneses nas escolas. Também foi até o final do século XIX que surgiram alguns dos formatos de dobraduras mais famosos até hoje, como o pássaro tsuru. Aliás, as representações mais populares são exatamente as de animais, a maioria deles com uma simbologia especial. Nos anos 80, surgiu uma nova técnica: o origami arquitetônico, que cria dobraduras em três dimensões, enriquecendo tanto os detalhes que, além de ser uma forma de arte, também é usado por arquitetos para produzir maquetes.
Dobraduras clássicas
Tsuru
Esse pássaro, da família das garças e das cegonhas, é feito quando os japoneses desejam conseguir algo. Para pedir a cura de um enfermo, por exemplo, eles dobram e oferecem tsurus ao doente. Ele também é usado nas mais diferentes festividades, como símbolo de saúde e fortuna. Na cerimônia de entrega da taça da última Copa do Mundo, entre os papeizinhos que voavam em volta do capitão brasileiro Cafu, estavam quase 3 milhões de tsurus feitos por estudantes japoneses
Matéria-prima especial
No Japão, as dobraduras são feitas com qualquer tipo de papel, até mesmo folhas de jornal. Mas os origamistas empenhados em desenvolver um trabalho mais sofisticado usam um papel especial chamado washi. Feito de maneira artesanal, ele é, ao mesmo tempo, mais maleável e resistente que o papel industrializado, além de trazer um acabamento texturizado
Sapo
A figura do sapo está identificada com o retorno e expressa um desejo de que as coisas boas voltem. Isso porque a palavra sapo em japonês tem o mesmo som da palavra retorno. Portanto, confeccionar um sapo de origami e carregá-lo como amuleto é acreditar em coisas como a volta do dinheiro gasto ou a volta da saúde para uma pessoa que está doente
Tartaruga
Por viver muitos anos, a tartaruga está naturalmente associada à longevidade. Um mito oriental diz que se o tsuru, a ave da felicidade, vive mil anos, a tartaruga vive dez vezes mais - e todas as criaturas que vivem bastante atingem um estágio de sabedoria e experiência muito superior ao dos outros seres vivos. A tartaruga expressa o desejo de vida longa para quem a recebe
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