A lenda dos mortos-vivos que, à noite, saem de suas sepulturas para beber o sangue de suas vítimas nasceu na Hungria do século XVIII. É incrível, mas nessa época - especialmente entre 1730 e 1735 - circularam vários relatos de casos de vampirismo e o mito logo se espalhou pelo resto da Europa, apavorando os mais crédulos. Depois de inspirar o romance Drácula, de Bram Stoker, então, a fama e a popularidade dos vampiros tomaram todo o planeta e eles acabaram se tornando personagens clássicos não só da literatura e do cinema de terror, como até de telenovelas brasileiras. Para quem não acredita em vampiros, aqui vai uma seleção de celebridades do ramo que inclui não apenas criaturas fictícias, mas também consumidores de sangue 100% reais.
Morcego-Vampiro
Ao contrário do que sugere o romance Drácula (1897), de Bram Stoker, o morcego-vampiro jamais habitou a Transilvânia. Os morcegos-vampiros, ou hematófagos ("comedores de sangue", em grego), pertencem à família Desmodontidae e são encontrados apenas na América do Sul, América Central e México. A criatura ataca à noite, usando os dentes incisivos para cortar a pele da vítima - quase sempre gado e muito raramente seres humanos - e lamber o sangue (não chupá-lo), que verte ininterruptamente graças a um anticoagulante presente na saliva do predador. Até o final do século XIX, existiu uma espécie gigante de morcego-vampiro, com envergadura de quase 1 metro. Descoberta por paleontólogos argentinos em agosto de 2000, ela foi batizada de Desmodus draculares, em homenagem ao personagem de Stoker.
Voivode Vlad Draculya III
Enquanto pesquisava a história dos países do Leste Europeu para escrever seu romance, Stoker encontrou um tomo de 1820 sobre governantes dos reinos da Valáquia e Moldávia. O livro descrevia os atos sanguinários de um certo voivode (do eslavo: woi = exército + woda = chefe) Vlad III (1431-1476), nascido na Transilvânia e conhecido também como Vlad Tepes ("Empalador"), pelo hábito de atravessar suas vítimas com uma estaca de madeira. Vlad III assumiu o trono da Valáquia em 1448, logo após o assassinato de Vlad II, seu pai, que, em 1431, havia entrado para a Ordem do Dragão, organização criada para combater os invasores turcos. Vlad II fora condecorado com o título de Dracul ("Dragão"), e desta maneira, Vlad III tornou-se Draculya ("Filho do Dragão") - ou Drácula, nome adotado por Stoker em sua ficção.
Responsável por milhares de mortes com requintes de crueldade, ele é considerado pelos historiadores mais sanguinário que Átila, o Huno, e Ivan, o Terrível - mas, na Romênia, Vlad é até hoje celebrado como herói por ter protegido a pátria da invasão de estrangeiros. E, nas telas de cinema, o personagem criado a partir dele por Stoker protagonizou inúmeros filmes - e, pelo menos, dois clássicos: Nosferatu (1922), de Murnau, e Drácula (1931), de Tod Browning, com o lendário Bela Lugosi no papel principal.
Peter Kürten
Um dos mais notórios assassinos em série do século XX, o infanticida alemão Peter Kürten (1883-1931) é o mais famoso viciado em sangue da história moderna. Portador da patologia denominada hematomania, Kürten recebeu a alcunha de "Vampiro de Düsseldorf" após revelar ter saboreado com prazer o sangue de suas vítimas. Kürten cometeu seu primeiro assassinato aos 9 anos de idade, ao afogar dois coleguinhas num lago. Na idade adulta, foi responsável por todo tipo de delito, de furtos a incêndios, mas o homicídio foi o crime que mais praticou, estrangulando, degolando e esfaqueando diversas garotinhas. Não se sabe o número exato de assassinatos cometidos por Kürten, preso e condenado à morte em 1930, sob a acusação de pelo menos 15 mortes. O ex-caminhoneiro Kürten foi guilhotinado em Düsseldorf, em 1931, alguns meses após a estréia do filme M, o Vampiro de Düsseldorf, de Fritz Lang, interpretado por Peter Lorre.
Condessa Báthory
Conhecida como "Condessa Sanguinária", Erzsébet Báthory (1560-1614) nasceu na atual Eslováquia. Durante as longas ausências de seu marido em campanhas militares, ela iniciou a prática de torturar suas empregadas. Depois que se tornou viúva, então, passou a se banhar com o sangue de garotas virgens na tentativa de preservar a juventude. A condessa teria vitimado cerca de 650 virgens, cruelmente castigadas e espancadas, muitas delas jogadas nuas na neve para congelar até a morte. Presa e julgada em 1610, foi condenada à prisão perpétua. Báthory foi interpretada no cinema por Ingrid Pitt, em A Condessa Drácula (1971), Lucia Bosè, em A Força do Diabo (1973), Paloma Picasso, em Contos Imorais (1974), e Louise Fletcher, na comédia Mama Drácula (1980).
Lestat de Lioncourt
Surgido em 1976, no livro Entrevista com o Vampiro, da americana Anne Rice, o morto-vivo Lestat de Lioncourt é o mais importante vampiro da literatura contemporânea. Personagem principal da série Crônicas Vampirescas, Lestat é cruel, insensível e desprovido de qualquer moral - mas muito cativante. No livro seguinte da série, O Vampiro Lestat (1985), ele se transforma em superstar do rock e, em A Rainha dos Condenados (1988), revela a origem de todo o vampirismo no Antigo Egito. Na versão cinematográfica de Entrevista com o Vampiro (1993), Lestat foi encarnado por Tom Cruise - para horror de Anne Rice, que queria Rutger Hauer.
Vampirella
Criada por Forrest J. Ackerman, editor da revista Famous Monsters of Filmland, Vampirella ganhou seus primeiros contornos pelas mãos do desenhista Frank Frazetta, nas histórias em quadrinhos publicadas a partir de setembro de 1969. A sensual vampira espacial (inspirada na heroína francesa Barbarella) vinha do planeta moribundo Drakulon, onde o sangue corria em rios feito água, mas havia se tornado escasso. Isso obrigou Vampirella a buscar o precioso líquido em outras galáxias. Sempre trajando um diminuto maiô vermelho, a personagem fez sucesso, enfrentando inclusive personagens do romance Drácula. A primeira série da vampira durou até 1983, num total de 112 edições, sendo reativada em edições especiais a partir da década de 90. Vampirella foi interpretada por Talisa Soto numa produção cinematográfica classe B de 1996.
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