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A REALIDADE POR TRÁS DA MAGIA DE HERRY POTTER

 





O que um cientista diria se entrasse no mundo fantástico do personagem Harry Potter? Quem se fez essa pergunta, a princípio por brincadeira, foi o editor de ciências do jornal inglês Daily Telegraph, Roger Highfield. Só que, quanto mais pensava a respeito, mais Highfield percebia que um livro sobre o tema poderia ser um ótimo modo de popularizar a ciência, além de discutir as crenças da humanidade em vários mitos e lendas. A obra realmente saiu e chegou ao Brasil, lançada pela Editora Campus, com o nome de A Ciência de Harry Potter. Longe de ser um produto de merchandising para pessoas que devoram livros, filmes e qualquer produto sobre o pequeno mago - criado pela escritora inglesa Joanne Kathleen Rowling  -, a obra resulta de pesquisas e entrevistas com especialistas renomados. "Depois de falar com mais de 100 cientistas, percebi que há muito mais ciência no mundo de Harry Potter do que a maioria é capaz de perceber. Você ficaria surpreso com a quantidade de fãs de Potter no meio científico", diz Highfield

O autor explica que há muitos fenômenos nas histórias do personagem que parecem um pouco menos mágicos ao olhar da ciência. Um bom exemplo é o "berrador", uma carta vermelha que  nesse universo fantástico é capaz de, literalmente, gritar o seu conteúdo. "Isso não parece estranho em razão do correio eletrônico de voz ou dos arquivos de áudio, que podem ser enviados pela internet para levar uma mensagem a alguém a milhares de quilômetros de distância", diz Highfield. Truques como roupas que deixam as pessoas invisíveis ou objetos que voam, por incrível que pareça, são estudados seriamente por pesquisadores. Mundo Estranho separou quatro exemplos de objetos e seres mágicos que, além de encantarem os fãs de Harry Potter, desafiam os cientistas que tentam explicá-los. Acredite se quiser...






CAPA DA INVISIBILIDADE


Supostamente tecida com pêlos de uma criatura semelhante a um macaco, ela torna Harry invisível




O que diz a ciência:


Roger Highfield ouviu cientistas italianos e da Nasa, a agência espacial americana, que desenvolveram um conceito inovador: uma capa de fibras óticas capaz de transmitir uma cena que ocorre atrás da pessoa com a roupa para a parte da frente da capa, criando a ilusão de que ao vesti-la você se torna invisível. A Nasa chama a tecnologia de camuflagem adaptativa. "Talvez tal dispositivo pudesse substituir um teto convencional e proporcionar a visão encantadora das nuvens acima de um prédio", diz Highfield. Esse conceito virou realidade em fevereiro, quando um professor da Universidade de Tóquio apresentou a primeira "capa da invisibilidade" funcional. Ele criou um tecido que, por meio de recursos óticos, proporciona o efeito de transparência. A técnica poderá ter várias aplicações. Numa cirurgia, por exemplo, o efeito evitaria que as mãos e os equipamentos bloqueassem a visão do médico.




DRAGÕES


Há várias espécies nas histórias de Harry Potter. Num teste em Hogwarts, a escola de magia,  estudantes passam por dragões para pegar um ovo dourado




O que diz a ciência:


O livro de Roger Highfield chama a atenção para o fato de os mitos gregos serem cheios de monstros. Ela acredita que isso refletia o fato de as pessoas na Antiguidade encontrarem constantemente restos petrificados de criaturas gigantes, que um dia andaram sobre a Terra. "Muitas dessas lendas têm uma base racional. Os ossos de dinossauros devem ter inspirado os mitos sobre dragões", diz High-field. Ele cita o paleontólogo inglês Kenneth Oakley, que sugeriu que as feições dos dragões chineses imitavam os animais pré-históricos da China e da Mongólia. "As montanhas Siwalik, no Himalaia, trazem uma profusão de fósseis e podem ter inspirado a visão de dragões de tamanhos gigantescos", afirma.




CÃO DE TRÊS CABEÇAS


O personagem Hagrid, o tutor de Harry Potter, comprou um cão de estimação que era enorme, tinha três cabeças e se chamava Fofo




O que diz a ciência:


O falecido cientista alemão Hans Spemann ganhou um Prêmio Nobel justamente por testar implantes de novas cabeças em seu trabalho sobre embriologia experimental. Em 1924, quando trabalhava com ovos de anfíbios, Spemann descobriu um tecido que chamou de "organizador". Quando enxertou o organizador de um embrião de sapo em outro embrião, viu nascer um sapo com duas cabeças. Se os cientistas conseguissem implantar novas cabeças num cão, aumentar seu tamanho seria uma brincadeira infantil. Ratos de laboratório geneticamente alterados para produzirem hormônios do crescimento são até 30% maiores que ratos normais. Mas é preciso diferenciar o que é possível e o que é prático. "Eu não espero que alguém crie Fofo. Mas temos conhecimento sobre a formação de cabeças e como controlar o tamanho dos corpos. Então, a questão de como criá-lo não é tão maluca", diz Highfield.




VASSOURA VOADORA


No mundo fantástico criado por J.K. Rowling, não há bruxa ou bruxo sem uma vassoura voadora. Harry usa sua Firebolt para ir de 0 a 240 km/h em dez segundos




O que diz a ciência:

Um pesquisador russo chamado Evgeny Podkletnov levou a sério a idéia de objetos comuns desafiarem a gravidade. Em 1992, ele espantou o mundo científico ao anunciar que havia descoberto a antigravidade. Podkletnov fez uma engenhoca com um anel de cerâmica supercondutora, envolvido por molas que recebiam uma corrente elétrica e que faziam o anel girar. O russo então percebeu que o aparelho reduzia para 2% o peso original de qualquer objeto colocado sobre ele. Podkletnov não testou a antigravidade em vassouras, é claro, mas fez experiências com diversos tipos de materiais. A Nasa cresceu os olhos para o projeto, pois, se essa máquina antigravidade realmente funcionar, ela revolucionará os vôos espaciais. Para fazer um ônibus espacial decolar, por exemplo, bastaria um simples "empurrão". Ou, então, um pequeno peteleco faria qualquer vassoura de piaçava voar mais rápido que a Firebolt de Harry Potter.




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