Também conhecida como pulverização ou semeadura de nuvens, essa técnica consiste em lançar no céu alguma substância que facilite a formação de gotas de chuva. O componente mais usado é o cloreto de sódio, o popular sal de cozinha. Em contato com o vapor d’água da nuvem, as partículas de sal atraem minúsculas gotinhas, iniciando a criação dos pingos de chuva. Parece um método infalível, mas, na verdade, o bombardeamento é bastante polêmico. "Esse artifício só faz chover em nuvens que já tenham vapor d’água em quantidade suficiente. Isso quer dizer que ele não produz chuva. No máximo, pode acelerar uma", afirma o meteorologista Augusto José Pereira Filho, da Universidade de São Paulo (USP). Até hoje, ninguém conseguiu provar a eficácia do método.
Outro problema é que ele pode ser perigoso para o meio ambiente, pois, apesar de o produto lançado não ser tóxico, modificar o clima pode trazer resultados imprevisíveis no futuro. Mesmo com tantos poréns, o bombardeamento se espalhou nos últimos 50 anos porque é uma técnica relativamente barata. No Brasil, a experiência mais duradoura ocorreu no Ceará. Em 1972, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) criou um programa de chuva artificial, com o bombardeamento por aviões, para tentar refrescar o semi-árido nordestino. Como não houve nenhum aumento significativo nas precipitações, o projeto foi encerrado em 2000. "No sertão, a umidade do ar não consegue subir e levar vapor para as nuvens. Aparentemente, não adianta bombardear, mas seria preciso uma avaliação com equipamentos meteorológicos de última geração para dar uma resposta definitiva", diz o meteorologista David Ferran Moncunill, da Funceme.
Tempestade artificial
APOSTA NA FUMAÇA
Uma das opções para produzir chuvas artificiais é usar queimadores terrestres. Eles torram um composto de cloreto de sódio (sal) e geram uma fumaça carregada de partículas que sobe até as nuvens. Apesar de simples, o método é impreciso, pois ventos fortes podem desviar o fluxo de fumaça
DE OLHO NA ATMOSFERA
Um caminhão com radares móveis serve de laboratório para fornecer dados sobre a umidade atmosférica e detectar nuvens ideais para o uso do bombardeamento. Com base nos resultados, os pesquisadores decidem se a área está pronta para a técnica, seja por meio de queimadores terrestres, foguetes ou aviões
ATAQUE TERRA-AR
Outra alternativa de bombardeamento é lançar pequenos foguetes carregados de sal. Ao atingir a nuvem ele é detonado e a explosão faz com que a carga seja liberada
NEVOEIRO SALGADO
Na técnica mais comum, um avião sobrevoa a região que precisa de chuva a uma altitude média de 4 mil metros. Ao atingir as nuvens, ele libera uma solução de água com sal, causando um pequeno nevoeiro
1 - Qualquer que seja a técnica usada, quando as partículas de cloreto de sódio chegam à nuvem, elas agem como núcleos de condensação, atraindo minúsculas gotinhas de vapor d’água (com diâmetro médio de 0,002 centímetro)
2 - Conforme a gota cresce, ela desaba com maior velocidade dentro da nuvem, colidindo e se juntando a outras gotas. A água da chuva está pronta para cair quando os pingos atingem cerca de 2 centímetros de diâmetro
3 - A chuva começa quando os pingos de água adquirem peso suficiente para vencer o ar quente que as empurra para cima. Quando a técnica dá certo, pode começar a chover 30 minutos depois do bombardeio
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