Um dia após anunciar o aumento de homicídios no Estado e depois de uma noite sangrenta na capital e na Grande São Paulo, o secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, disse que a alta da violência é uma "onda".
Em menos de 24 horas, foram registrados ao menos 20 assassinatos na cidade e na Grande São Paulo (incluindo suspeitos em confrontos com a PM) na região --mais que o triplo da média diária de seis assassinatos registrada neste ano.
"O índice de crimes varia como uma onda. A estratégia do governo não está errada, ela está corretíssima. Vários autores de homicídios foram presos e vão nos dizer qual a motivação do crime. O combate feito pelos policiais é efetivo e temos certeza de que vamos reverter esse quadro."
Ferreira Pinto respondia aos repórteres, em evento no Palácio dos Bandeirantes, sobre os mais recentes números relativos à criminalidade.
Dados divulgados ontem pela secretaria apontaram uma explosão dos homicídios dolosos (intencionais) em setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em todo o Estado o crescimento foi de 27% --na capital, quase dobrou: 96%.
O secretário criticou a imprensa, que fez a comparação dos números com o mesmo período do ano anterior. Para ele, o correto seria comparar setembro com agosto.
"Se você comparar com o mês passado, houve um aumento de 3%. Mas, se pega um número maior, que dá mais repercussão, como do ano passado pra cá, aí aumentou significativamente."
Essa comparação aconselhada por Ferreira Pinto não é correta até por questões sazonais, segundo recomendação feita pela própria secretaria no site oficial da pasta.
No documento "Estatística da Criminalidade - Manual de Interpretação", elaborado pela Coordenadoria de Análise e Planejamento, a "recomendação é que comparem, sempre que possível, períodos equivalentes de tempo" --ou seja, setembro com setembro e não setembro com agosto.
NOITE SANGRENTA
As mortes de ontem e desta sexta-feira aconteceram em diversas regiões. Entre elas estão um PM assassinado na Vila Curuçá (zona leste) -o 88° policial morto este ano por criminosos- e supostos ladrões que roubaram um taxista e um banco.
Após a morte do PM, que trabalhava na Rocam (ronda com motos), três pessoas foram mortas a tiros na mesma Vila Curuçá. Questionado se os crimes tinham relação entre si, o delegado-geral de Polícia Civil, Marcos Carneiro Lima, disse que era cedo para estabelecer esse elo.
Segundo o delegado, as mortes podem ter ocorrido por disputas por pontos de tráfico, retaliações de criminosos ou brigas de vizinhos.
Apesar de o secretário dizer que os suspeitos estão sendo presos, nenhum dos assassinos nos crimes das últimas 24 horas foi detido.
Em Osasco, o comércio no centro e em mais quatro bairros baixou as portas por temor de violência, após informações sobre toque de recolher determinado por criminosos. Para o governo, foram boatos sem fundamento.
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