Não é comum, mas crianças e adolescentes podem ter comportamento dissimulado, capaz de enganar adultos e de camuflar terríveis intenções. “Trata-se de uma situação patológica, é claro, mas pode acontecer. É possível que um garoto de 13 anos tenha personalidades totalmente diferentes e que use isso como quiser, até para planejar um crime”, afirma Maria Anita Martins, coordenadora do curso de Psicopedagogia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
A especialista, no entanto, afirma que essas características, em algum momento, são reveladas, mesmo que de forma superficial. “É difícil, mas é possível observar esses tipos de desvios. Há sintomas que, muitas vezes, não são levados a sério.”
O melhor amigo de Marcelo Pesseghini disse à polícia, por exemplo, que o garoto já havia comentado sobre o suposto desejo de matar os pais e fugir de carro. O adolescente teria perguntado a uma de suas professoras se ela machucou os pais em alguma oportunidade e se dirigia quando criança. “São comentários que chamam a atenção, não podem ser banalizados”, diz Maria Anita.De acordo com psicopedagogos, todo tipo de tragédia familiar é provocado por um conjunto de fatores, nunca apenas um. O ambiente em que a criança se desenvolve tem influência. “Videogame, filmes, brinquedos e armas violentas contam, sim, mas não é só isso. Toda a sociedade é corresponsável.”
O acesso livre a armas de fogo em casa é citado por especialistas como um dos principais fatores facilitadores de tragédias, com ou sem intenção por parte do atirador. Há quase dois anos, um menino de 10 anos pegou a arma do pai, um guarda-civil, atirou contra uma professora em sala e depois se matou em São Caetano do Sul, no ABC paulista.
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