Depende da qualidade do produto, da quantidade de fumaça no ambiente e das suscetibilidades de cada um. Um bom incenso, num ambiente ventilado, pode certamente perfumar, relaxar e inspirar a meditação. Mas, entre os que têm asma e rinite, por exemplo, basta o perfume do incenso para irritar a mucosa e acionar espirros, coceira no nariz, tosse seca, coriza, chiado no peito e até falta de ar. "Isso vale para crianças e adultos que já têm a doença instalada", afirma a alergista Márcia Carvalho Mallozi, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Uma pesquisa da Universidade Nacional Cheng Kung, de Taiwan, descobriu na fumaça do incenso agentes químicos cancerígenos (a medição foi feita num templo budista abafado, onde se enxergava pouco mais de um palmo, tamanha a fumaceira).
Há muitos tipos de incenso. Na Índia, os mais puros são de esterco de vaca, resina de olíbano e óleos essenciais. As varetinhas perfumadas comuns são, em geral, feitas de carvão, pó de bambu, cola vegetal atóxica, óleos essenciais naturais e fragrâncias artificiais. A receita é de Fernando Guimarães Medeiros, perfumista e proprietário de uma fábrica de incensos. "Se a caixinha custa até 2 reais, desconfie", diz ele. "A cola pode ser tóxica e a essência ruim, misturada com solvente para, economicamente, diluir sua concentração." A rigor, qualquer material orgânico que queime a menos de 1000ºC libera monóxido de carbono (CO2) - incluindo os bons incensos e até o bucólico forno a lenha. "Em excesso, o CO2 pode provocar vasoconstrição e, lá na frente, dor-de-cabeça", afirma Ubiratan de Paula Santos, pneumologista do Instituto do Coração (Incor, SP).
É recomendável, portanto, optar por incensos de qualidade e manter o ambiente ventilado quando acendê-los.
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