O presidencialismo de coalizão à moda lulopetista funcionou enquanto tinha à frente um político carismático, pragmático e persuasivo, lastreado por enorme apoio popular. Dilma não é nada disso. E o vazio político que, por desinteresse e incompetência, ela permitiu que se criasse, foi ocupado pela nomenklatura petista, que sempre teve metas muito precisas: no plano político, focar exclusivamente o seu projeto de poder; no âmbito interpartidário, manter em segundo plano os interesses dos aliados, quando não fosse possível simplesmente ignorá-los.
Essa visão peculiar de aliança ou parceria se deve à insopitável soberba petista que, seja por razões ideológicas, como é o caso de Dilma, seja por puro fisiologismo da companheirada apegada ao desfrute das benesses do poder, entende que todos os demais partidos políticos, por não serem, como o PT, ungidos pelo dom e pela missão divina de salvar a Pátria, devem conformar-se com o papel de meros coadjuvantes e satisfazerem-se com aquilo a que fazem jus por sua condição inferior.
Para os petistas, aliados são subalternos. E Dilma colocou-os em seu devido lugar nas reuniões de quarta-feira. Primeiro, impondo-lhes, com a habitual contundência, os argumentos pelos quais devem apoiar as medidas governamentais; depois, revelando a impaciência de sempre com os questionamentos; finalmente, cobrando, duramente, fidelidade na votação das matérias de interesse do governo porque, afinal, todos ali eram representantes de partidos aquinhoados com cargos importantes na administração federal. Ou seja: tomou lá dê cá.
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