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Judeus


1 INTRODUÇÃO
Judeus, termo utilizado, hoje em dia, como sinônimo de hebreus e israelitas. Contudo, no plano histórico e étnico, estas duas palavras têm significado diferente. Na história judaica, hebreu aplica-se de às tribos que aceitavam Javé como único Deus. O termo israelita faz menção a um grupo específico, descendente dos hebreus. O vocábulo judeu refere-se a um terceiro grupo (tribo de Judá) que descende dos anteriores.

2 OS HEBREUS EM CANAÃ
É correto identificar os antepassados dos hebreus como arameus nômades. Durante os primeiros anos do segundo milênio a.C., um grupo de tribos araméias migrou para os arredores de Carra, uma antiga colônia babilônica. Séculos mais tarde, grupos familiares destas tribos emigraram para oeste e para o sul, estabelecendo-se nos arredores do rio Jordão. Estas comunidades transformaram-se nas tribos hebréias, dentro das quais se incluem os amonitas, moabitas, edomitas e os hebreus, que rendiam culto a Javé.

Algumas das tribos nômades chegaram ao Egito entre 1694 e 1600 a.C., período em que os hicsos dominaram Egito e alcançaram um importante desenvolvimento até serem derrotados em 1570 a.C. Este fato determinou, para os hebreus, a perseguição, a escravidão e o exílio.
Para a história judaica, o êxodo significou um feito de grandes proporções. O povo foi guiado por Moisés, o primeiro grande profeta, até Canaã, conquistada durante o segundo milênio a.C. Sob o comando de Josué, sucessor de Moisés, as tribos de Javé cruzaram o rio Jordão, conquistaram Jericó e estabeleceram-se no oeste de Palestina.

3 A MONARQUIA
Com a ascensão ao trono de Saul, o primeiro rei israelita em 1020 a.C., criou-se uma verdadeira entidade política. Mais tarde, com Davi, o reino engrandeceu-se. Salomão, filho e sucessor de Davi, é conhecido por ter mandado construir o Templo de Jerusalém, símbolo da glória israelita. Salomão foi um dirigente poderoso mas, após sua morte (922 a.C.), o reino se dividiu. Jeroboão, seu filho, reinou sobre a parte sul conhecida, mais tarde, como o reino de Judá.

Durante os dois séculos seguintes, a história judaica reduz-se a uma série de lutas entre pequenos estados que, constantemente, brigavam entre si. No século VIII a.C., o poder dos assírios cresceu e eles dominaram o Oriente Médio. Em 721 a.C., o reino de Israel foi destruído e muitos de seus habitantes partiram para o desterro. O reino de Judá, apesar de ter passado a tributário da Assíria, manteve sua independência nominal.

Em 598 a.C., Nabucodonosor II, soberano da Caldéia, declarou guerra ao reino de Judá, conquistou Jerusalém e os judeus foram deportados para a Babilônia, fato que marcou o fim da independência política do antigo Israel.

4 O EXÍLIO
Na Babilônia, os exilados formaram uma florescente colônia. Em 539 a.C., o fundador do Império persa, Ciro II, o Grande, conquistou a cidade. No ano seguinte, publicou um édito outorgando liberdade aos judeus. Aproximadamente 42.000 membros da comunidade babilônica prepararam seu regresso à Palestina. A expedição dirigiu-se a Jerusalém e concentrou-se na reconstrução do Templo, meta atingida no ano 516 a.C. Esta data é considerada o verdadeiro fim do exílio babilônico. No final do século IV a.C. — sendo imperador Alexandre, o Grande — a Macedônia transformou-se na força dominante do mundo.

Depois que os macedônios dominaram os persas, em 331 a.C., a Judéia passou a ser uma província do Império Alexandrino. Alexandre mostrou-se especialmente benévolo com os judeus e centenas deles emigraram para o Egito depois da fundação de Alexandria (Al-Iskandariya).

Em 198 a.C., o rei Antíoco III, da Síria, venceu os egípcios e incluiu a Judéia em seus domínios. Durante o reinado de Antíoco IV a religião judaica foi declarada ilegal. A rebelião dos judeus não demorou e, no mesmo ano, iniciou-se uma revolta liderada pelos Macabeus (família composta por cinco irmãos). As forças judaicas derrotaram os sírios. A dinastia dos Asmoneus, ou Macabeus, conquistou a liderança e seus membros foram reis de um estado judeu independente.

O exército romano entrou em Jerusalém em 62 a.C. e, em 47 a.C., o Reino da Judéia estava sob o controle do Procurador Antípatas. Seu filho — Herodes, o Grande —, tornou-se rei em 37 a.C. O último século do antigo estado judeu foi marcado por desordens políticas e religiosas. Do judaísmo surgiu um segundo movimento, o cristianismo. No princípio, o cristianismo foi considerado uma seita judaica que via no judeu Yoshua (Jesus), filho de Yussef (José) e Míriam (Maria), o tão esperado Messias. Em torno da pessoa e da pregação de Yoshua, o cristianismo cresceu com a mobilidade dos discípulos de Jesus, levando sua crença a outras regiões.

Durante o século I d.C., os conflitos religiosos provocaram sangrentas batalhas. No ano 70, Tito, enviado por Vespasiano, destruiu o Templo e arrasou Jerusalém. A Judéia continuou existindo, embora só nominalmente. Durante a geração seguinte — e sob estrito controle romano —, manteve-se em relativa paz. De 132 até 135 d.C., os judeus fizeram um enorme esforço para se defender, mas a Judéia acabou devastada. Este fato ajudou a aumentar o abismo entre judeus e cristãos. Durante os três primeiros séculos da nova era, o cristianismo aumentou seu poder. Depois do ano 313, quando o imperador romano Constantino I aceitou a nova religião, generalizou-se a expansão cristã e a conseqüente perseguição aos judeus.

5 OS JUDEUS DEPOIS DA DIÁSPORA
Apesar da destruição do segundo estado, os judeus mantiveram sua identidade e tradições. Reagiram perante a fragmentação do início da era cristã, desenvolvendo uma religião própria no exílio: o judaísmo.

Durante os primeiros seis séculos de exílio, os mestres e os rabinos estabeleceram na Mishná e Guemará— ambas integrantes do Talmude, as bases da lei oral e da interpretação religiosa.
Em 637, os exércitos árabes conquistaram a Mesopotâmia e a religião islâmica tornou-se oficial. Na época, existia importante cooperação entre muçulmanos e judeus, desenvolvendo-se uma cultura baseada na combinação de ensinamentos gregos, persas e indianos. Muçulmanos e judeus desenvolveram a arte e a cultura da Espanha medieval, enquanto, no resto de Europa, predominava o obscurantismo.

6 OS JUDEUS NA ESPANHA MEDIEVAL
Em meados do século X, o centro do saber deslocou-se da Mesopotâmia para a Andaluzia, na Espanha. Ali existiam colônias judaicas anteriores à chegada das legiões romanas. Durante um longo período, os judeus tinham sido perseguidos, sobretudo após a conversão dos visigodos ao catolicismo, no século VI. A invasão muçulmana trouxe a tranqüilidade para os judeus espanhóis.
Com a decadência do domínio muçulmano na península Ibérica, em meados do século XIII, terminou a pacífica Era Espanhola. Sob a monarquia católica, os judeus foram degradados e sofreram perseguições periódicas. A Inquisição, criada em 1478, perseguiu também os conversos e, em 1492, todos os judeus que não aceitaram o batismo foram expulsos da Espanha.

7 OS JUDEUS NO MUNDO MODERNO
A emigração dos judeus para as Américas começou imediatamente após a fundação das primeiras colônias no novo continente. Inúmeros judeus sefaraditas — descendentes dos chamados marranos (nome injurioso dado aos conversos que mantinham ocultamente a prática de sua religião) que haviam fugido para a Holanda — assentaram-se no Brasil. Quando da invasão holandesa de 1630, fundaram, na cidade do Recife, estado de Pernambuco (nordeste brasileiro), a primeira sinagoga das Américas. Após a expulsão dos holandeses do Brasil — e a subseqüente perseguição pelos Tribunais da Inquisição —, estes judeus brasileiros fugiram do Recife para fundar, em 1654, a primeira comunidade judaica da América do Norte: a colônia holandesa de Nova Amsterdam (hoje Nova York).

Até o final do século XVI, na Europa ocidental só restavam pequenos guetos das antigas comunidades. Com o aumento da liberdade política e social criada pela Reforma protestante, restabeleceu-se a tolerância para com os judeus. Na França, em 1791, a Assembléia Nacional concedeu-lhes o direito a voto. Na Europa Ocidental, em 1860, sua liberdade era total.

Na Europa Oriental, no último terço do século XVIII, mudou a política de tolerância para com os judeus. Ao se produzir a divisão da Polônia, a maior parte dos judeus poloneses ficou em território russo em uma época em que ambos os países, Polônia e Rússia, institucionalizaram políticas de perseguição. Até o fim do regime czarista, em 1917, cerca de 2 milhões de judeus emigraram das regiões sob domínio russo para os Estados Unidos, entre 1890 e o fim da I Guerra Mundial. Outros grupos emigraram da Europa Oriental e se estabeleceram no Canadá, América do sul (especialmente na Argentina), África do sul e Palestina. Uma nova onda de emigração para o continente americano aconteceu até 1941, com o intuito de escapar da perseguição nazista.

Durante o século XIX, em todos os países da Europa Ocidental e nos Estados Unidos, a comunidade judaica experimentou um renascimento cultural conhecido como Haskalá (em hebraico, iluminação). O Haskalá foi importante para o ressurgimento da esperança de um retorno à sua própria terra: a Palestina. Em 1896, Theodore Herzl converteu-se no fundador do Sionismo Político. Durante os 50 anos seguintes, a organização sionista lutou para alcançar seu objetivo que, finalmente, concretizou-se com a criação do Estado de Israel, em 1948.

Durante a primeira metade do século XX, o anti-semitismo (tradicional movimento de oposição aos judeus) converteu-se numa força importante na política européia, especialmente na Alemanha. Na década de 1930, o desenvolvimento do nacional-socialismo (nazismo) ameaçou todos os indivíduos de origem judaica. Sob o poder nazista na Europa ocidental, estima-se que tenham sido mortos 6 milhões de judeus europeus. Este período de perseguições e extermínio recebeu o nome de Holocausto.


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