Elas acontecem quando um bloco de neve solta e pouco densa se separa do resto da camada gelada de uma montanha e desliza encosta abaixo. "Diversos fatores podem iniciar avalanches: mudanças climáticas, terremotos e até mesmo o peso de um esquiador", afirma o glaciologista Jefferson Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). Os desenhos animados costumam exagerar nesse aspecto, mas um ruído alto também pode realmente provocar desmoronamentos imensos, pois as ondas que propagam o som são capazes de desestabilizar as mais frágeis camadas de neve. A cada ano ocorrem cerca de 1 milhão de avalanches no mundo, a maioria em encostas íngremes e desabitadas, onde a neve se acumula. "Essas condições aparecem em apenas 2% das áreas geladas do globo: regiões como os Andes, na América do Sul, as Montanhas Rochosas, nos Estados Unidos, e os Alpes, na Europa", diz Jefferson.
Quando atingem regiões habitadas, porém, o poder de destruição é impressionante. No dia 10 de janeiro de 1962, uma pequena cidade peruana na Cordilheira dos Andes, Yungay, ficou no caminho de 3 milhões de toneladas de gelo e pó que se desprenderam do monte Huascarán. A violenta avalanche desceu os 6 768 metros da encosta em menos de dois minutos, deixando um rastro de mais de 3 500 mortos. Já que é quase impossível prever o fenômeno com precisão, o jeito é defender as áreas de risco. Estações de esqui americanas protegem os esportistas antecipando os desabamentos com explosivos antes de as pistas serem abertas. Na Islândia, cidades próximas a encostas geladas erguem muros de até 18 metros de altura para conter e desviar o fluxo de neve. Mas toda essa prevenção não impede que cerca de 150 pessoas morram por ano no mundo todo atingidas por avalanches.
Operação resgate
O socorro às vítimas de uma avalanche precisa ser extremamente rápido, porque 90% das pessoas não resistem mais de 15 minutos debaixo da neve, morrendo por falta de ar ou por causa do frio. Por isso, as equipes de salvamento usam helicópteros para chegar logo ao local. Durante as buscas, eles perfuram o solo com varetas e fazem buracos para tentar achar sobreviventes. Nos Alpes suíços há cães farejadores treinados para localizar pelo cheiro as vítimas soterradas. Uma vez encontradas, elas podem ser puxadas com a ajuda de cordas
Sai de baixo!
Ao desabar, a massa de neve vai ganhando velocidade e arrastando árvores, rochas e casas. A nuvem formada por ela pode alcançar até 50 metros de altura e se deslocar a mais de 400 km/h, como ocorreu no monte Saint Helens, nos Estados Unidos, em 1980. Até quem escapa de ser soterrado pode morrer: há registros de esquiadores que sobreviveram à neve e aos resíduos da avalanche, mas foram sufocados pela onda de vácuo criada pelo deslizamento
Três causas possíveis
E o vento levou...
As avalanches acontecem em encostas com inclinação superior a 25 graus. Fortes ventanias acumulam montanhas de neve nesses locais. Quando o peso é insustentável, uma camada de neve se desprende e desaba encosta abaixo
Infiltração fatal
Em outros casos, o calor do sol pode esquentar demais a neve e acabar por derretê-la. Esse líquido penetra na camada gelada, causando rachaduras que disparam as avalanches
Diversão desastrosa
Até mesmo o peso de um esquiador pode ser suficiente para romper a frágil ligação entre uma faixa superficial de neve, solta e pouco densa, e a camada de gelo grudada na rocha da montanha
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