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Volta ao mundo em bem mais de 80 dias


 Jogar tudo para o alto e partir para uma daquelas jornadas à la Júlio Verne pode não ser um sonho tão distante. Oitenta dias, logicamente, são pouco para uma viagem de volta ao mundo. Mas com planejamento e organização é possível tirar aquele sonhado ano sabático.

Há muitas maneiras de fazer sua viagem, como você vai ver nos depoimentos abaixo. A mais simples é comprar uma passagem de volta ao mundo nos sites das alianças de companhias aéreas - o que, ainda assim, exige dedicação para conciliar suas vontades e as regras dos bilhetes. Só é permitido, por exemplo, voar em uma direção, sem ziguezaguear, e as passagens têm duração máxima de um ano. No entanto, considere que, no trajeto, tudo pode mudar. E é aí que está a graça.

Star Alliance. As 27 empresas da Star Alliance oferecem voos para mais de 1.356 aeroportos em 193 países. No staralliance.com há um software que permite planejar a viagem aos poucos - dá para salvar o itinerário e continuar mais tarde. A tarifa é calculada de acordo com as milhas percorridas, que variam de 26 mil a 39 mil, com paradas em até 15 destinos.

Existem vários tipos de tarifas. Na classe econômica, há uma normal e uma especial, que permite apenas cinco escalas. Após escolher seus destinos, o site calcula o orçamento. Por exemplo: o roteiro saindo de São Paulo passando por São Francisco, Honolulu, Tóquio, Mumbai, Turquia e Paris custa R$ 9.892.

Oneworld. Operando em mais de 800 destinos em 130 países, a Oneworld oferece duas opções para volta ao mundo: por número de continentes ou por milhas. São dez aéreas associadas - no oneworld.com o viajante encontra exemplos de itinerários e pode calcular o preço da passagem. A opção mais em conta, para uma viagem por quatro continentes, custa US$ 5.209. Já no sistema por milhas, o menor preço, para um bilhete de 29 mil milhas, é de US$ 5.546.

Sky Team. Com 983 destinos em 178 países, a Sky Team oferece o programa Go Round The World (bem similar ao da Star Alliance) e permite de 3 a 15 paradas num período que deve variar de 10 dias a um ano de viagem. Como diferencial, o programa permite sair da obrigação de voar sempre na mesma direção. O ponto negativo é que é preciso esperar uma cotação por e-mail, que pode demorar até três dias.

Direto do Japão: agricultura e ambiente

Recém-casados, os japoneses Michihiro e Chizuru Toyoizumi, (à esq.) ambos de 26 anos, decidiram sair da rotina. Ele trabalhava com vendas de software e ela era editora de uma revista de casamentos. Após o tsunami de março de 2011, passaram a se preocupar com questões ambientais, especialmente a agricultura. E decidiram que este seria o tema de sua volta ao mundo.

A viagem de oito meses terminou em abril, depois de percorrer 19 países - incluindo o Brasil - com passagens da Star Alliance, que custaram cerca de US$ 7 mil cada. "Senti pouca flexibilidade, não dava para adaptar o roteiro durante a viagem. E caras, agora vejo que valia mais a pena fazer voos curtos em low cost", diz Michihiro.

O casal saiu de Saitama, nos arredores de Tóquio, para conhecer iniciativas de cultivo orgânico e sustentável pelo mundo. "Queria aprender sobre danos ao solo e também como funciona a cadeia produtiva de comida no mundo", conta.

Vento no rosto:de Portugal ao Alasca

Para dar a volta ao mundo de Portugal ao Alasca, passando por Sibéria e Coreia, em 2008, o empresário mineiro Rodrigo Fiuza, de 35 anos, decidiu fazer o itinerário em duas rodas. Apaixonado por motos, ele pagou US$ 4 mil para despachar a dele do Brasil a Lisboa (e valor semelhante entre a Coreia e o Alasca).

No caminho, não faltaram aventuras. "De moto, você não apenas vê a paisagem como faz parte dela", diz. Os perrengues, contudo, não são poucos: "Você está muito vulnerável. Se chove, está molhado, se faz muito calor, sofre". Com seu passaporte multicarimbado (ele já passou por 62 países, como o Paquistão, à dir.), Fiuza explica que fronteiras quase sempre são sinônimo de dor de cabeça. "Entre a Líbia e o Egito, disseram que a moto ficaria. Toda fronteira é uma reza."

Fiuza acredita que o fator psicológico é determinante no sucesso da jornada. "Você tem de esquecer que tem casa, família, namorada e banho quente em casa. Tenho amigos que desistiram já na Argentina", conta. O roteiro percorrido por ele está em rodrigofiuza.com.br.

No pedal: contato humano

Os pais do paulistano Arthur Simões nunca saíram do Brasil. Já o advogado de 30 anos (na foto acima) esteve em 46 países ao longo de uma jornada de 37 mil quilômetros entre abril de 2006 e junho de 2009. Quer mais? Ele foi pedalando.

Para Arthur, viajar desta forma ajuda a se aproximar de culturas. "Não tem janela te separando, tem que entrar em harmonia com o lugar", conta. Além disso, o veículo possibilita que se viva o inesperado. "Você passa a apreciar o caminho. A surpresa está nas pessoas que te convidam para ficar, jantar e almoçar. A bike tem pouco de turista e muito de viajante". Calculou uma média de 70 quilômetros por dia, mas chegou a pedalar 150 quilômetros. Em diversos trechos, fez travessias em barcos e aviões. Para levar a bike sem pagar taxas extras, Arthur dá a dica de pedir uma caixa de papelão numa bicicletaria e levar a magrela desmontada. Mas cuidado com as low costs. O passo a passo está no pedalnaestrada.com.br.

Casa nas costas:a bordo de um 4X4

Após perceberem que tinham um sonho em comum, a paulistana Grace Downey, de 35 anos, e o inglês Robert Ager, de 47 anos (no detalhe), decidiram viajar pelos cinco continentes de Land Rover. "Não era uma viagem de férias, mas um estilo de vida na estrada. A gente largou tudo e foi seguir nossos sonhos, mas também queríamos inspirar as pessoas a buscarem os delas", conta Grace.

Dessa ideia nasceu o Challenging your Dreams (Desafiando seus sonhos), projeto em que percorreram 168 mil quilômetros entre 50 países de 2002 a 2005. Nesse período, gastaram 18.087 litros de diesel e uma média de US$ 75 por dia, acumularam 28 vistos em seus passaportes, foram parados 90 vezes pela polícia e tiveram apenas seis pneus furados.

Depois de voltar ao País, a viagem virou marca. Além de lançar um livro, o casal fez uma expedição de um ano pelo Brasil - sempre de Land Rover. Na bagagem, trouxeram o aprendizado da convivência intensa e a disposição para lidar com imprevistos - uma infinidade deles. "É preciso fazer um roteiro flexível para ter liberdade de ficar mais tempo nos lugares de que mais se gosta", diz Grace.

Ela recomenda acompanhar fóruns de viajantes e estar sempre bem informado. "Na África o plano inicial era atravessar o Sudão, mas a fronteira com o Chade estava fechada", diz. No site do projeto (challengingyourdreams.com.br) há dezenas de links para quem quer encarar empreitada parecida.

Outra curiosidade: como fazer o carro cruzar os oceanos? Ao chegar à última cidade do continente, eles corriam para o porto. "Na Índia, Quênia e Equador o processo era muito cansativo", recorda. O transporte em navio cargueiro custava, em média, US$ 2.500.

Olho no visto: planejar é essencial

Quito, no Equador, foi a primeira parada da viagem que a publicitária Ana Moreno e seu namorado Felipe Gamba, ambos de 26 anos, começaram em 10 de abril. Agora eles estão na África do Sul, mas já passaram por 35 países - como os Estados Unidos (ao lado,o casal no Grand Canyon) - e devem totalizar 50 até outubro, quando voltam a São Paulo. A dupla optou por não comprar nenhum bilhete fechado de volta ao mundo, já que queriam fazer bem mais que as 16 paradas preestabelecidas.

Segundo Felipe, escolher a rota não foi a parte mais fácil, mas com certeza foi a mais divertida. "No início, nossa lista tinha mais de 70 países, mas tivemos de cortar muitos deles por conta de tempo e dinheiro."

História, natureza e mergulho foram os principais temas que pautaram as escolhas do casal. Alguns destinos surpreenderam. "Em Fiji, fomos conhecer uma tribo em dia de festa. A recepção que tivemos foi comovente e as pessoas estavam felizes de apresentar sua cultura para nós", diz Ana.

Foi ali também que Felipe se emocionou ao mergulhar com quatro espécies de tubarão, como o tubarão cabeça chata, que pode chegar a 3,5 metros de comprimento. "Ver aquelas criaturas se alimentando de perto foi uma das experiências mais marcantes." Mas isso foi antes de fazer snorkeling com baleias jubarte no arquipélago de Tonga, único país do mundo onde a prática é permitida.

Você pode acompanhar a viagem no blog The Route Maker (theroutemaker.com), que conta com dicas e chama a atenção para questões ambientais.

Sem amarras: lugar para o imprevisto

Quito, no Equador, foi a primeira parada da viagem que a publicitária Ana Moreno e seu namorado Felipe Gamba, ambos de 26 anos, começaram em 10 de abril. Agora eles estão na África do Sul, mas já passaram por 35 países - como os Estados Unidos (ao lado,o casal no Grand Canyon) - e devem totalizar 50 até outubro, quando voltam a São Paulo. A dupla optou por não comprar nenhum bilhete fechado de volta ao mundo, já que queriam fazer bem mais que as 16 paradas preestabelecidas.

Segundo Felipe, escolher a rota não foi a parte mais fácil, mas com certeza foi a mais divertida. "No início, nossa lista tinha mais de 70 países, mas tivemos de cortar muitos deles por conta de tempo e dinheiro."

História, natureza e mergulho foram os principais temas que pautaram as escolhas do casal. Alguns destinos surpreenderam. "Em Fiji, fomos conhecer uma tribo em dia de festa. A recepção que tivemos foi comovente e as pessoas estavam felizes de apresentar sua cultura para nós", diz Ana.

Foi ali também que Felipe se emocionou ao mergulhar com quatro espécies de tubarão, como o tubarão cabeça chata, que pode chegar a 3,5 metros de comprimento. "Ver aquelas criaturas se alimentando de perto foi uma das experiências mais marcantes." Mas isso foi antes de fazer snorkeling com baleias jubarte no arquipélago de Tonga, único país do mundo onde a prática é permitida.

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