De acordo com a delegada Maritta Souza, que investiga um dos casos, o criminoso cancela a viagem assim que a vítima entra no carro, mostra a arma e anuncia o assalto ou sequestro. O próximo passo era obrigá-las a fazer transferências bancárias, sob ameaças de morte e de estupro. Depois, o criminoso deixa a vítima em uma via qualquer, sem pertences e incomunicável.
Em nenhum dos casos, a polícia deu detalhes sobre como foi feito o cadastro dos criminosos na plataforma Uber, mas chama atenção a ousadia de cometer crimes sabendo que informações pessoais, como nome, endereço e documentos estão registrados na ferramenta. É exatamente por isso que, de acordo com Eduardo Lima de Souza, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo (Ama-SP), muitos compram contas falsas.
"Há duas situações: quando o bandido rouba o celular do motorista e se passa por ele - mas isso é por poucos minutos - e, a mais comum, criminosos que compram compras falsas. Você acha facilmente para comprar no Facebook. Eles utilizam esse tipo de conta porque não registram seus dados reais. Uma empresa de tecnologia permitir que algo desse tipo aconteça é o fim dos tempos, mas acontece", afirma.
Cássio Thyone, conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, avalia que esse tipo de crime se tornou muito comum porque empresas como a Uber ampliaram o acesso à profissão de motorista profissional. Hoje, existem mais motoristas de aplicativo do que de táxi durante o auge do serviço. Para Thyone, boa parte desses sequestros e assaltos acontecem com apoio de outro crime, como o uso de documentos falsos para se cadastrar na plataforma.
Ainda que seja praticamente impossível ficar imune à violência em qualquer espaço, o especialista em segurança pública explica que existem formas de reduzir o risco. O primeiro passo é conhecer bem a plataforma que estiver utilizando e orientar os usuários idosos ou adolescentes sobre as ferramentas existentes.
"É importante escolher motoristas mais bem avaliados e sempre conferir se a pessoa que se apresenta é a da foto. Depois, é preciso saber usar todas as ferramentas disponíveis, como compartilhamento de corrida com um familiar, gravar o áudio da viagem e o famoso botão do pânico, que aciona a polícia", explica.
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