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DOENÇAS DE CONCRETO E VIDRO - PARTE 2


Os próprios autos de distribuição raramente são limpos, formando-se em seu interior poças de água provocadas pelas diferenças de temperatura mais um moIho no caldo de microorganismos. A situação piora pelo fato de o ar raramente ser renovado totalmente, pois isso significa mais gasto de energia, seja no resfriamento ou aquecimento, nas lufadas de ar fresco para que a temperatura seja constante do lado de dentro. Dessa forma, a fumaça de um cigarro fumado no primeiro andar passeia dias por dentro dos tubos, podendo ir deixar os resíduos tóxicos dez andares acima. Grave o caso se torna quando a entrada de ar fica em lugares absolutamente impróprios, como ao nível de ruas movimentadas ou perto de chaminés.
Histórias assim podem ter final trágico, como aconteceu num hotel da Filadélfia, nos Estados Unidos, em 1976. Um grupo de legionários que participava de uma convenção da Legião Americana foi vitima de um surto de pneumonia, provocada por uma estranha bactéria. Nativa da terra, a bactéria encontrou ambiente propício para sobreviver na torre de resfriamento do sistema de ventilação, onde haviam proliferado certas algas. Pois a entrada de ar localizava-se justamente ao lado da torre, condição em que as bactérias foram aspiradas pelos autos e se espalharam pelo hotel causando várias mortes. Materiais de construção e mobilia metidos em novas tecnologias são outro problema. Em lugar da velha e conhecida madeira maciça, apareceu a madeira compensada como matéria-prima de mesas, divisórias e até portas. As placas dessas madeiras são grudadas com cola à base de resina de formaldeído, uma substância altamente tóxica. É fácil perceber a presença dessa cola quando os móveis têm o intenso e penetrante "cheiro de novo".
A mesma cola é empregada na instalação de carpete, o que provocou nos Estados Unidos um episódio insólito. Nos escritórios da Agência de Proteção Ambiental, em Washington, as semanas seguintes à instalação de um novo carpete foram um suplício para os funcionários, que sofreram dias de tontura e queimação nos pulmões provocadas pelo formaldeído da cola. Eles reclamaram até convencer seus chefes protetores ambientais a protegê-los daquele castigo - e então festejou-se um acordo para remover o novo carpete.
Outro material que andou muito em moda, e acabou se revelando um belo estorvo, foi o amianto. Durante vários anos, foi empregado nos edifícios como isolante, até a descoberta de que o pó de amianto era cancerígeno. Além de proibido em novas construções, o amianto foi arrancado dos prédios em obras extensas e dispendiosas. Em alguns lugares, nem reformas adiantaram. No edifícios sede da Comunidade Européia, em Bruxelas, ainda existe um nível de 0,8 fibras de amianto por centímetro cúbico de ar a ameaçar a saúde dos Burocratas, quando as normas da própria comunidade estabelecem um limite de 0,0001 de fibras por centímetro cúbico. Sem outro remédio à vista, o destino do prédio doente será a demolição.Além de amianto e formaldeído, substâncias químicas dentro do próprio prédio desencadeiam reações. Substâncias desprendidas de produtos de limpeza e desinfetantes podem provocar alergia nas pessoas mais sensíveis. O ozônio emitido pelas máquinas fotocopiadoras pode causar dores de cabeça, tontura e fadiga. Lâmpadas fluorescentes - usadas em dez entre dez escritórios - emitem raios ultravioleta, que ao reagirem quimicamente com o pó em suspensão dão origem ao smog fotoquímico, uma nuvem de fumaça poluidora. Como se não bastasse o rosário de contaminações a que edifícios fechados estão sujeitos, a distribuição de espaço é outra fonte potencial de suplícios. Muitos prédios fechados são construções enormes, onde por razões econômicas todo e qualquer centímetro quadrado é aproveitado. Aglomeram-se, portanto, os trabalhadores, por vezes instalados em andares imensos, retalhados por divisórias separando as pessoas. Os mais desafortunados, que foram colocados lá no meio, cercados por biombos, ficam tão longe das janelas que não sabem se chove ou faz sol. A sensação de claustrofobia e isolamento é inevitável. "Conheço gente que deixa o escritório para ir ´tomar um ar´ na rua", conta o médico Davi Rumel, com uma ponta de ironia.

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