Pular para o conteúdo principal

Famílias preservam leitura do 'Estadão' como hábito por gerações

 A primeira lembrança de Lourenço Ribeiro de Almeida, de 75 anos, é a do pai sentado na mesa da cozinha lendo o Estadão. “Ele era médico. Antes de sair para operar, lia todo o jornal”, conta. Por influência do pai, Ribeiro afirma que começou a folhear e ler o periódico aos 5 anos. “Fui alfabetizado pelo jornal O Estado de S. Paulo.”

A relação de um homem com o jornal que escolheu para ser sua companhia e fonte de informação diária é algo muito particular e profundo. Ribeiro, por exemplo, tem um ritual parecido com o do pai, mas prefere ler a edição de trás para frente – começando pela editoria de Esportes e avançando até as primeiras páginas. “Nos fins de semana é o que eu mais gosto de fazer.”

Ele é um dos assinantes mais tradicionais do Estadão – tendo acompanhado quase metade dos 146 anos de história do jornal. Para Ribeiro, o conteúdo e a profundidade como as notícias são abordadas estão entre fatores que o mantém fiel por tantos anos. O Estadão tem assinaturas desde sua primeira edição, em 1875, quando ainda se chamava A Província de São Paulo.

A artista plástica Marília Campanário da Silva Pereira, que prefere não falar em idade, é leitora do Estadão desde os anos 1960. O carinho pelo jornal também vem de uma tradição familiar: o pai era assinante, o marido, também, e os filhos agora são leitores e assinantes. “Tomo café lendo o jornal ou fazendo as palavras cruzadas”, diz.

Para ela, o segredo do jornal é a credibilidade. “Gosto da clareza de como as coisas são tratadas. É um jornal em que confio.” O momento mais marcante da relação de Marília com o Estadão aconteceu nos anos 1970, quando ela mesma virou notícia. “Em 1972, o jornal publicou uma crítica da minha primeira exposição individual”, lembra a artista.

A advogada Jaqueline Valles, de 56 anos, assina o Estadão há 30. Ela elenca as características que a transformaram em assinante fiel. “É um jornal centrado sem ser tendencioso. Gosto da diversidade de pautas e dos editoriais.”

Perguntada sobre o que acharia se o jornal preferido dela passasse por algumas mudanças, foi direta. “Sou aberta às mudanças. Claro, sempre pode ser que eu goste ou não. Mas o importante sempre será o conteúdo”, opina. “O fato é que o jornal me ajuda muito no meu trabalho. É uma forma de estar sempre atualizada com o que acontece no País e no mundo.”

O administrador Fábio de Souza Abreu, de 58 anos, é assinante do jornal desde o fim dos anos 80. Para ele, a relação com o Estadão está ligada ao prazer da leitura de um produto físico. “Eu gosto do papel. Não tenho paciência para ler em outras mídias. Aliás, mantenho o hábito de leitura de jornal para que meus filhos levem como exemplo e também sigam com esse hábito”, diz.

“Nesses tempos em que vivemos, a polarização política atrapalha demais. Leio o Estadão porque sei que ali tenho uma posição e análise independente – e, principalmente, clara e direta. Com o Estadão, eu consigo entender os dois lados”, comenta. Apesar de leitor de longa data, Abreu animou-se com a ideia de algumas mudanças em seu jornal. “Gosto de mudar e de mudanças. Manter a qualidade do conteúdo é fundamental, mas não vejo problema em mudanças de formato. Acharia até mais fácil para levar comigo ou abrir na mesa.”

A missão de transmitir o gosto pela leitura aos filhos foi levada a sério por Abreu. O filho dele, Theodoro Malentachi Abreu, de 24 anos, estudante de administração, já é alguém com gosto pelo jornal de papel. “Eu costumo olhar o jornal pela manhã, na mesa do café, junto com o meu pai. Leio, principalmente, a parte de Economia”, disse.

Assim como aprendeu com o pai, Malentachi acredita que pode e vai passar o gosto pela leitura de jornais para o seu filho. “Com certeza, é algo que eu posso incentivar em um filho”, contou. Sobre mudanças no jornal que acompanha, Malentachi tem uma certeza. “O leitor vai se perguntar: ‘o que eu ganho com isso?’ O que não pode é perder o conteúdo.”

Já Affonso Maria Lima Morel, de 89 anos, se diz leitor do Estadão desde o tempo em que a memória alcança. “O jornal tem uma equipe de jornalistas que eu acho invejável. Gente que escreve muito bem. No Brasil, a única coisa que a gente tem são os jornalistas sérios”, afirma.

Fiel ao hábito da leitura matutina do jornal, Morel se diz pronto para uma futura mudança no “papel”, mas avisa: “O importante é seguir na mesma linha editorial. É preservar o conteúdo”.

Volta ao papel?. O engenheiro Alessandro Shirahige, de 41 anos, herdou a assinatura do pai. “Ele era assinante desde meados dos anos 80. O jornal sempre foi uma presença familiar”, disse. Quando o pai dele faleceu, a assinatura passou para o nome do filho – ato marcante para Shirahige.

Ao se mudar para Piracicaba, no interior de São Paulo, optou por assinar apenas a versão digital, o site do Estadão. “A dinâmica mudou, a forma de consumo de notícias é diferente. Hoje, leio pelo aplicativo. Fiquei com o digital”, disse Shirahige.

Ainda assim, Shirahige diz gostar muito de jornal impresso e sentir falta de papel. Ao ser informado sobre mudanças no impresso, ele adiantou-se em se dizer curioso e afirmar que mudanças (ele não foi informado quais) o fariam experimentar e, talvez, retomar o hábito de abrir um jornal impresso.

Um novo Estadão vem aí

A versão impressa do 'Estadão' será renovada a partir do próximo domingo, 17. Com base nas expectativas dos leitores, ouvidos durante os 11 meses do projeto de transformação, o novo impresso terá inovações no conteúdo, com novas seções que priorizam o aprofundamento e o contexto dos fatos. Como resultado das pesquisas, o jornal impresso terá ainda um novo formato, o germânico (berliner). Mais fácil de manusear, ler e carregar, ele se adapta melhor ao dia a dia do leitor e já vem sendo adotado por jornais em vários países. Todas as mudanças têm como alicerce o jornalismo profissional e independente, ativos inegociáveis do jornal fundado há 146 anos.

Comentários

Postagens Mais Lidas

Chave de Ativação do Nero 8

1K22-0867-0795-66M4-5754-6929-64KM 4C01-K0A2-98M1-25M9-KC67-E276-63K5 EC06-206A-99K5-2527-940M-3227-K7XK 9C00-E0A2-98K1-294K-06XC-MX2C-X988 4C04-5032-9953-2A16-09E3-KC8M-5C80 EC05-E087-9964-2703-05E2-88XA-51EE Elas devem ser inseridas da seguinte maneira: 1 Abra o control center (Inicial/Programas/Nero 8/Nero Toolkit/Nero controlcenter) nunca deixe ele atualizar nada!  2 Clic em: Licença  3 Clica na licença que já esta lá dentro e em remover  4 Clica em adcionar  5 Copie e cole a primeira licença que postei acima e repita com as outras 5

Faça cópia de segurança de suas mensagens de e-mail

Em casa e no trabalho, o correio eletrônico é uma das mais importantes aplicações usadas no cotidiano de quem está conectado à internet.Os dados contidos nas mensagens de e-mail e os contatos armazenados em seus arquivos constituem um acervo valioso, contendo o histórico de transações comerciais e pessoais ao longo do tempo. Cuidar dos arquivos criados pelos programas de e-mail é uma tarefa muito importante e fazer cópias de segurança desses dados é fundamental. Já pensou perder sua caixa de entrada ou e-mails importantes?Algum problema que obrigue a formatação do disco rígido ou uma simples troca de máquina são duas situações que tornam essencial poder recuperar tais informações.Nessas duas situações, o usuário precisa copiar determinados arquivos criados por esses programas para um disquete, CD ou outro micro da rede. Acontece que esses arquivos não são fáceis de achar e, em alguns casos, estão espalhados por pastas diversas.Se o usuário mantém várias contas de e-mail, a complexidade

Papel de Parede 4K

Como funciona o pensamento conceitual

O pensamento conceitual ou lógico opera de maneira diferente e mesmo oposta à do pensamento mítico. A primeira e fundamental diferença está no fato de que enquanto o pensamento mítico opera por bricolage (associação dos fragmentos heterogêneos), o pensamento conceitual opera por método (procedimento lógico para a articulação racional entre elementos homogêneos). Dessa diferença resultam outras: • um conceito ou uma idéia não é uma imagem nem um símbolo, mas uma descrição e uma explicação da essência ou natureza própria de um ser, referindo-se a esse ser e somente a ele; • um conceito ou uma idéia não são substitutos para as coisas, mas a compreensão intelectual delas; • um conceito ou uma idéia não são formas de participação ou de relação de nosso espírito em outra realidade, mas são resultado de uma análise ou de uma síntese dos dados da realidade ou do próprio pensamento; • um juízo e um raciocínio não permanecem no nível da experiência, nem organizam a experiência nela mesma, mas, p

literatura Canadense

Em seus primórdios, a literatura canadense, em inglês e em francês, buscou narrar a luta dos colonizadores em uma região inóspita. Ao longo do século XX, a industrialização do país e a evolução da sociedade canadense levaram ao aparecimento de uma literatura mais ligada às grandes correntes internacionais. Literatura em língua inglesa. As primeiras obras literárias produzidas no Canadá foram os relatos de exploradores, viajantes e oficiais britânicos, que registravam em cartas, diários e documentos suas impressões sobre as terras da região da Nova Escócia. Frances Brooke, esposa de um capelão, escreveu o primeiro romance em inglês cuja ação transcorre no Canadá, History of Emily Montague (1769). As difíceis condições de vida e a decepção dos colonizadores com um ambiente inóspito, frio e selvagem foram descritas por Susanna Strickland Moodie em Roughing It in the Bush (1852; Dura vida no mato). John Richardson combinou história e romance de aventura em Wacousta (1832), inspirada na re

Wallpaper 4K (3000x2000)