Por que, em seus filmes, a maior parte das cenas se passa em ambientes fechados, dentro de um único cenário? Por falta de dinheiro, basicamente. Quer dizer, há outras razões. Mas é aí que está toda a criatividade. A criatividade não está em fazer um filme, mas em fazer o melhor filme possível dentro de um dinheiro que você supõe que vai conseguir. Por exemplo, em Festa, eu sabia que não ia encontrar no mercado mais de 250 mil dólares. Naquela época, em 1988, era uma loucura fazer cinema: não tinha nenhuma lei de incentivo, e a Embrafilme agonizava. É evidente que você pode fazer um filme com 250 mil dólares, um filme porquíssimo. Mas algo tecnicamente razoável, isto é, num nível internacional de cinema, só é possível se você controla a produção muito bem. E o lugar onde se tem o controle total é o estúdio. Fora do estúdio, tudo fica muito complicado, o diretor se defronta com o imponderável. No estúdio, há os imprevistos, mas eles são menores e mais controláveis. Boleiros também se pas