1 | INTRODUÇÃO |
Filosofia chinesa, denominação coletiva de várias escolas de pensamento criadas por eruditos e pensadores chineses. A filosofia chinesa passou por três etapas históricas: a etapa clássica, período criativo que vai do século VI ao século II a.C.; a medieval, do século II a.C. ao século XI d.C., período de síntese e absorção do pensamento estrangeiro; e a moderna, que abrange do século XI a nossos dias, tempo de maturação das tendências filosóficas anteriores e introdução de novas filosofias, absorvidas das culturas ocidentais. Em sua evolução, o pensamento chinês tendeu, de seus espiritualismo, misticismo e sectarismo iniciais, ao humanismo e, mesmo, ao racionalismo.
2 | ETAPA CLÁSSICA |
A etapa clássica da filosofia chinesa teve origem nos últimos anos da dinastia Chou, que durou de 1027 a.C. a 256 a.C., num clima de anarquia política e agitação social. Em seus primórdios, a figura mais importante foi Confúcio, que buscava o pleno desenvolvimento dos seres humanos através da educação moral e do estabelecimento de uma sociedade hierarquizada.
A segunda grande filosofia da etapa clássica foi o taoísmo. O filósofo Lao-tsé, que se supõe ter vivido no século VI a.C., é considerado o fundador desta escola. O taoísmo visava proteger a vida humana, seguindo o Caminho da Natureza (Tao) e retornando às primeiras comunidades agrárias e a um governo que não controlasse a vida dos indivíduos ou interferisse nela. Entre as outras escolas importantes desse período, encontram-se ainda o mohismo, o naturalismo e os dialéticos.
A escola legalista surgiu como filosofia dominante no Estado de Quing, durante os caóticos anos entre os séculos IV e III a.C. Seus seguidores afirmavam que toda liberdade pessoal está subordinada a seu objetivo que é criar um Estado forte sob um soberano com autoridade ilimitada. Por outro lado, os filósofos confucianos da dinastia Han criaram um sistema de pensamento que unia elementos dos naturalistas, taoístas e confucionistas com o respeito à aprendizagem e aos princípios legalistas de desenvolvimento econômico e de administração, numa filosofia aglutinadora voltada para o soberano e para o governo. Seu excessivo hermetismo deu lugar a uma forte oposição nos primeiros séculos de nossa era.
3 | ETAPA MEDIEVAL |
Durante os séculos II e III d.C., o vazio filosófico criado pelo colapso do confucionismo Han foi preenchido pelo taoísmo e também pelo budismo, uma filosofia então nova na China.
O budismo penetrou na China a partir da Índia e da Ásia Central, entre os séculos I e VI d.C. Seus ensinamentos eram, principalmente, de ordem religiosa e propunham escapar dos sofrimentos da vida e da reencarnação infinita, provocados pelos desejos humanos, alcançando um estado indescritível de ausência de desejo, conhecido como nirvana. A evolução do budismo adequou-se à predileção chinesa pelo sincretismo, ou conciliação de credos religiosos opostos. De sua filosofia deriva a doutrina da seita T’ien T’ai, mais conhecida como budismo Zen. A reunificação da China, sob a dinastia Sui (589-618) e a dinastia Tang (618-906), conduziu a vários séculos de sincretismo religioso filosófico, que aglutinava o taoísmo, o budismo e o confucionismo ressurgente, ou neoconfucionismo.
4 | ETAPA MODERNA |
O neoconfucionismo teve três escolas: a escola do princípio (racionalismo), a escola da mente (idealismo) e a escola do saber prático (empirismo).
A especulação metafísica do século XI foi sintetizada no século XII pelo grande neoconfuciano Zhu Xi, que desenvolveu as teses da escola do princípio. Esta escola afirmava que todas as coisas estavam compostas de dois elementos: o princípio (li), que era um reflexo do Grande Absoluto (Tai-chi), e a matéria (ch’i). A escola da mente surgiu nos séculos XI e XII e seu divulgador foi o estadista Wang Yang-ming. Seguindo os primeiros ensinamentos da escola, Wang asseverava que a mente não era uma combinação de li e ch’i, mas apenas li, o princípio. No início da dinastia Tsing, a partir de 1644, a escola do saber prático deu novo impulso ao estudo dos textos clássicos da dinastia Han para redescobrir a verdadeira ética e as doutrinas sócios-políticas do confucionismo.
As falhas do neoconfucionismo se fizeram evidentes no século XIX. Na década de 1890, o filósofo K’ang Yu-wei fez um esforço radical de adaptação do confucionismo ao mundo moderno como fonte para uma reforma radical das instituições políticas e sociais chinesas, frente ao imperialismo do Ocidente. A filosofia chinesa do século XX adaptou uma série de modelos derivados do pensamento ocidental, introduzido desde 1897, ao mesmo tempo em que tentou utilizar idéias das escolas orientais tradicionais. As filosofias ocidentais mais influentes foram o pragmatismo e o materialismo. Este último foi o motor da reconstrução econômica chinesa e, a partir do fim da década de 1920, o materialismo histórico adquiriu popularidade entre alguns filósofos não comunistas. Posteriormente, a maior parte dos materialistas adotou o marxismo-leninismo como linha política ortodoxa do Partido Comunista Chinês, proposta por Mao Tsé-tung.
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