Pessoa, Fernando
Pessoa, Fernando (1888-1935), poeta
português. Nasceu e morreu em Lisboa. Segundo um ensaio de Jorge de Sena, o
escritor Jean Cocteau, referindo-se a Victor Hugo, dizia que "Victor Hugo
c'était un fou qui se croyait Victor Hugo" (Victor Hugo era um louco que
acreditava ser Victor Hugo). Esta mesma frase, no plural, pode ser aplicada a
Fernando Pessoa: muitos loucos que acreditavam ser Fernando Pessoa. Dementes com
vários nomes e estilos que o poeta ocultou em seus heterônimos: Alberto Caeiro,
Ricardo Reis, Bernardo Soares, Antônio Mora, Vicente Guedes, Carlos Otto, C.
Pacheco. Para cada nome, uma personalidade e um estilo. Fernando Pessoa foi,
simultaneamente, um poeta português em sentimento e linguagem; um literato
inglês que pensava em inglês e que escreveu sobre Antínoo; um inimigo dos
dogmas; um crítico e um esteta.
É de Bernardo Soares o verso "minha pátria é minha língua". Em sua
obra, Álvaro de Campos desenvolveu a obsessão sonho/realidade que percorre toda
obra de Pessoa: "...à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro".
Alberto Caeiro enfrentava a realidade angustiante do cotidiano quando afirmava
"acordei para a mesma vida para que tinha adormecido, até meus exércitos
sonhados sofreram derrotas". Ricardo Reis escreveu poemas apaixonados à Ofélia,
a mulher abandonada por Fernando Pessoa porque, "além da literatura, tudo o mais
é secundário". Mas o próprio Ricardo Reis desmentiu este amor na estrofe
"ninguém a outro ama, senão que ama/ o que de si há nele, ou é suposto".
Entre tantas pessoas ou personas (palavra latina que significa
máscara), Fernando Pessoa - intelectual, tradutor, pioneiro no movimento
modernista e boêmio - revelava sua visão de mundo, sujeito à instabilidade e à
inconstância: "perder tempo comporta uma estética" ou, então, "ébrio de erros,
perco-me por momentos de sentir-me viver" (ver A errata).
Em vida, publicou apenas um livro em português, Mensagens
(1934), poemas sobre os mitos
portugueses. Mas deixou incontáveis originais que, até recentemente, eram
encontrados em baús de sua família. Também deixou grande quantidade de artigos,
críticas e estudos publicados nas revistas Águia, A Renascença e
Orfeu, esta última com apenas dois números, o segundo editado pelo
próprio Fernando Pessoa.
Fernando Pessoa atualizou e desenvolveu todas as vertentes poéticas
portuguesas do início do século XX. E, com exceção de Mensagens e alguns
poemas em inglês, toda sua obra
foi publicada postumamente. Entre os títulos, de vários heterônimos, destacam-se
Livro do desassossego, Poemas,
Páginas de doutrina estética, Textos filosóficos, Poesias, Odes, Obras em
prosa e Obra poética.
Entre seus poemas
destaca-se a Saudação a Walt Whitman, anterior à Ode a Walt
Whitman, de Federico García Lorca. O poeta norte-americano Allen Ginsberg
fez paródia do poema em
Salutation to Fernando Pessoa.
No Livro do desassossego, confissões de um escritor sem eu
imutável, Pessoa reflete sobre a vida, a criação, a estupidez das guerras, os
limites do pensamento, a emoção e a linguagem: "Sem sintaxe não há emoção
duradoura. A imortalidade é uma função dos gramáticos".
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