Machado de Assis, Joaquim Maria
Machado de Assis, Joaquim Maria
(1839-1908), romancista, contista, dramaturgo e poeta que alcançou o ponto mais
alto e equilibrado da prosa realista brasileira. Nasceu no morro do Livramento,
Rio de Janeiro, filho de um pintor mulato e uma lavadeira açoriana. Órfão de
ambos na primeira infância, foi criado por uma mulher chamada Maria Ignês.
Frágil, gago, epilético, Machado de Assis tornou-se um adulto reservado e
tímido. Alfabetizou-se em uma escola pública e recebeu aulas de francês e latim,
mas foi um autodidata em sua vasta cultura literária. Aos 16 anos trabalhava
como tipógrafo-aprendiz na Imprensa Nacional. Antes dos 20 anos, já era
jornalista no Correio Mercantil. Casou-se, aos 30 anos, com a portuguesa
Carolina Xavier de Novais, sua companheira de vida e inspiradora da bela
personagem dona Carmo, do livro Memorial de Aires.
Escreveu, na década de 1860, todas as suas comédias, irônicos episódios
do cotidiano em que já aparece sua decidida e definitiva recusa às convenções
sociais.
Nos anos 1870 e 1880, os contos e romances de sua fase romântica —
Contos fluminenses, Ressurreição, A mão e a luva, Helena e Iaiá Garcia —
esboçam, em finos retratos femininos, a força do papel social como segunda e
imposta natureza e as pressões que impelem os personagens a mudar de
status ou classe social.
Entre 1878 e 1880, antes do salto qualitativo que representa o romance
Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), criou contos e poemas que se
tornaram obrigatórios em todas as antologias da língua portuguesa. Este período
é marcado pelo humor muito pessoal, o distanciamento crítico, a sutileza de
análise de atitudes e comportamentos humanos, tudo mesclado a uma fina ironia em
relação aos valores sociais. Exemplos disso são os contos Filosofia de um par
de botas, O alienista e os poemas A mosca azul e Círculo
vicioso.
Seguiram-se, entre outros, Histórias sem data (1884) e os
romances Quincas Borba (1892), Dom Casmurro (1900), Esaú e
Jacó (1904), em que a crescente riqueza de temas e possibilidades narrativas
vai desenhando, em fina ironia, a sociedade e as forças do inconsciente que
movem os interesses de posição, prestígio, dinheiro e poder pelos quais
esfalfam-se os homens, gerando um mundo em que o pobre, o louco e o diferente
são sempre expulsos ou abandonados.
A essa altura, já considerado um dos maiores escritores brasileiros e
com grande prestígio no meio intelectual, Machado de Assis fundou, com outros
escritores, a Academia Brasileira de Letras, da qual foi o primeiro presidente.
Promoveu poetas e escritores novos — apesar de continuar marcante seu
temperamento “casmurro” e, ao final de sua vida, demonstrar também um certo
desligamento das questões políticas. Em seu último romance, Memorial de
Aires (1908), Machado de Assis revelou sua desencantada, filosófica, mas
quase terna compreensão e aceitação da fragilidade e da futilidade humanas.
Microsoft ® Encarta ® Encyclopedia 2002. © 1993-2001
Microsoft Corporation. Todos os direitos reservados.
Comentários