Os onze recenseamentos realizados no país em 128 anos testemunham um período de intenso crescimento e grandes modificações no Brasil. O primeiro deles, em 1872, contou uma população de quase 10 milhões de habitantes, dos quais 15% eram escravos. A população masculina
era maioria (quase 52%), e os imigrantes chegavam perto de 4%. Havia, na época, 1,3 milhão de domicílios, nos quais habitavam em média 7,5 pessoas. Apenas 15% da população sabia ler e escrever.
Dezoito anos depois, o segundo censo (1890) encontrava uma população 40% maior: 14 milhões de pessoas. O Brasil acabava de abolir a escravatura, vivia o primeiro ano de República e atraía grandes levas de imigrantes. Mais de 1 milhão de estrangeiros chegaram ao país na década
de 1890. Com isso, no terceiro censo, em 1900, a população imigrante superou os 7%. Nesse ano, o país tinha 17 milhões de habitantes e quase 3 milhões de domicílios, nos quais habitavam mais de cinco pessoas em média. Um quarto da população declarava saber ler e escrever.
Nos 20 anos que se passaram até o quarto censo, em 1920, a população do país quase dobrou, atingindo 30 milhões de pessoas. O número de domicílios, no entanto, cresceu apenas 25% em relação à contagem anterior. Com isso, a média de moradores dos lares voltou ao patamar
dos tempos imperiais, em que cerca de oito pessoas viviam sob o mesmo teto. O número de portadores de deficiência audiovisual, levantado pela primeira vez num censo, era de 55 mil pessoas.
Em 1940 realizou-se o quinto censo, agora sob a responsabilidade do IBGE, que ampliou a abrangência do levantamento. Da população de 41 milhões de habitantes, um terço já residia em zonas urbanas. A qualidade de vida, ainda bastante precária na época, provocava índices de
mortalidade que iam de 145 por mil habitantes, em São Paulo, a 219 por mil, em Salvador. A esperança de vida média do brasileiro era de 41,5 anos.
Na metade do século XX, a população brasileira chegou a 52 milhões. O sexto censo, em 1950, mostrava que a faixa etária de 0 a 8 anos era a mais numerosa, reunido 16% dos habitantes. Ela poderia ser ainda maior, não fosse a média brasileira de mortalidade infantil tão elevada – 287
mortes por mil nascidos vivos. Na cidade de Natal, quatro de cada dez crianças morriam antes de completar 1 ano. Mais de 40% dos habitantes declaravam-se alfabetizados e 95% professavam a religião católica.
O sétimo censo contou 70 milhões de habitantes, em 1960. Um quarto das 19 milhões de famílias existentes tinha entre oito e nove integrantes. O Brasil crescia à taxa de quase 3% ao ano, e a região cuja população mais aumentava – 6% – era a Centro-Oeste.
No censo seguinte, em 1970, esse crescimento começaria a desacelerar-se. Nesse ano, o oitavo recenseamento contou 93 milhões de habitantes e mostrou que 56% da população vivia em zonas urbanas. Perto de 20 milhões de pessoas com mais de 10 anos de idade tinham curso
completo: 75%, o fundamental; 22%, o médio; e apenas 3%, o superior.
Em 1980, a população brasileira chegou à casa dos 100 milhões: o nono censo contou 119 milhões de habitantes. Na época, acreditava-se que a população brasileira ultrapassaria os 200 milhões na virada do milênio. Porém, o modo de vida urbano, condição de dois terços dos
brasileiros, imprimia um padrão de crescimento demográfico mais lento à nação. O predomínio da faixa de 0 a 9 anos começava a declinar, e as demais faixas, aumentaram sua participação. Dos 27 milhões de famílias, 17% já eram chefiadas por mulheres.
Com quase 145 milhões de habitantes, o Brasil retratado pelo Censo de 1991 mostrava o grau de transformações que o país sofrera do início ao fim do século. A população tornara-se predominantemente urbana, as famílias encolheram à metade, as pessoas passaram a viver 50% mais,
as mulheres haviam conquistado mais direitos e responsabilidades perante a sociedade e o grau de instrução dos indivíduos aumentara substancialmente. Com isso começava a esboçar-se o cenário do país na virada do milênio, quando foi realizado o 11o- censo, o de 2000.
Entenda a dinâmica demográfica
Demografia é o estudo estatístico das populações, que possibilita conhecer as características dos habitantes de determinado local – quantos são, de onde vêm, como vivem.
O principal instrumento de coleta de dados demográficos é o recenseamento ou censo. No Brasil, esse levantamento é realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio de entrevistas domiciliares. O censo mais recente, realizado em 2000, mobilizou 230 mil
pesquisadores, que tinham como objetivo visitar todas as moradias do país e recensear seus moradores.
Além do censo, o IBGE realiza anualmente a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Nesse tipo de pesquisa, apenas uma parcela da população é pesquisada, e os resultados dessa amostra são estendidos para todo o país. Outra fonte de dados demográficos são os cartórios
de registro civil, onde são anotados os nascimentos, casamentos e óbitos da população.
Os fatores que determinam a evolução demográfica são fecundidade, mortalidade e movimento migratório. A fecundidade é responsável pelo fluxo de entrada na base da pirâmide populacional (os nascimentos); a mortalidade determina o fluxo de saída em todas faixas etárias; e o
movimento migratório causa tanto entradas como saídas em todas as idades.
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