Pular para o conteúdo principal

Novo 'Catálogo da Terra inteira', Facebook faz das pessoas marqueteiros de si mesmos

 A escravidão voluntária que multidões dos quatro cantos do planeta prestam ao Facebook está transformando o serviço numa espécie de catálogo da Terra inteira. Senão da Terra, ao menos dos terráqueos.

Cada brasileiro com acesso à internet gastou em média 7 horas, 50 minutos e 26 segundos no Facebook em abril passado. Nenhum outro site consome tanto tempo do público brasileiro quanto o Facebook, que lidera esse ranking desde agosto de 2011. 78,5% dos que usam a internet no país usam também o Facebook.

Nem era preciso consultar o Ibope. Basta ficar no Facebook certo tempo para saber quão viciante o serviço pode ser, trazendo de volta pessoas do passado, abrindo contato com parentes desconhecidos, novos contatos, transformando seres humanos que riem e que choram em seres humanos que quase apenas riem, porque se tornaram marqueteiros de si mesmos.

O Facebook é o serviço em que as pessoas fazem broadcast de suas vidas, ou ao menos da parte que interessa divulgar. Muitos se iludem achando que é uma boa forma de manter o contato com amigos e familiares, para quem sabe um dia descobrir que aquele contato superficial, à base de textos curtos e fotos escolhidas a dedo, pode esconder a possível ausência de um relacionamento inteiro, verdadeiro e de carne e osso. Afinal, o dia continua a ter apenas 24 horas.

Sejamos honestos. Será que você realmente sabe o que está se passando com pessoas que importam para você ao restringir seu contato com elas ao Facebook?

Catálogo
“Catálogo da Terra Inteira”(ou “Whole Earth Catalog”) é o nome de um almanaque idealista e ambicioso dos anos 60 que surgiu exatamente na mesma cidade que hoje sedia o Facebook na Califórnia: Menlo Park.

O catálogo foi publicado regularmente entre 1968 e 1972. Ainda está disponível na Internet, em PDF, no Twitter e em outras versões. Veja aqui.

Steve Jobs era um fã ardoroso, chamava de uma das bíblias da sua geração e chegou a defini-lo como “um tipo de Google” de 35 anos atrás, num discurso que deu na vizinha universidade Stanford em 2005.

“Nós somos deuses e é melhor nos acostumarmos com isso”, escreveu Stewart Brand na abertura do primeiro número, em 1968. Em plena contracultura, enquanto os hippies cultuavam abstrações nas vizinhanças, Stewart Brand levantou a bandeira de que dar poder às pessoas era dar a elas conhecimento, especialmente técnico e prático. Bem no espírito americano do “faça você mesmo“.

Ainda na abertura da primeira edição, Stewart Brand questiona os ganhos reais obtidos pela sociedade via sistema político, grandes empresas, educação formal e Igreja. Defende devolver o poder ao indivíduo, para que este conduza sua própria educação, encontre sua própria inspiração, moldada pelo seu ambiente, para depois dividir sua aventura com quem se interessar. “Ferramentas que ajudem esse processo são buscadas e promovidas pelo Catálogo da Terra Inteira”, anunciou.

Foi Stewart Brand quem persuadiu a Nasa a liberar a primeira foto do planeta Terra. Aquela memorável bola de mármore azul se tornou a capa do catálogo. E Stewart ainda está na ativa, pensando grande e longe, fazendo maluquices como o Relógio do Longo Agora, que está sendo construindo num lugar remoto do Texas para funcionar por pelo menos 10 mil anos, medindo anos, séculos e milênios em vez de medir horas, minutos e segundos.

Há uma fundação e um museu chamados The Long Now, em San Francisco, Califórnia, com maquetes e protótipos.

Enquanto não sabemos qual será o longo agora do Facebook, é bom lembrar que Stewart, ali na mesma Menlo Park, ajudou a definir o mundo do compartilhamento da informação e do trabalho colaborativo como conhecemos hoje com a internet.

Assim como Mark Zuckerberg, com seu moletom de capuz e suas sandálias de plástico de natação, ajudou a modificar o mundo da comunicação.

Comentários

Postagens Mais Lidas

literatura Canadense

Em seus primórdios, a literatura canadense, em inglês e em francês, buscou narrar a luta dos colonizadores em uma região inóspita. Ao longo do século XX, a industrialização do país e a evolução da sociedade canadense levaram ao aparecimento de uma literatura mais ligada às grandes correntes internacionais. Literatura em língua inglesa. As primeiras obras literárias produzidas no Canadá foram os relatos de exploradores, viajantes e oficiais britânicos, que registravam em cartas, diários e documentos suas impressões sobre as terras da região da Nova Escócia. Frances Brooke, esposa de um capelão, escreveu o primeiro romance em inglês cuja ação transcorre no Canadá, History of Emily Montague (1769). As difíceis condições de vida e a decepção dos colonizadores com um ambiente inóspito, frio e selvagem foram descritas por Susanna Strickland Moodie em Roughing It in the Bush (1852; Dura vida no mato). John Richardson combinou história e romance de aventura em Wacousta (1832), inspirada na re

Chave de Ativação do Nero 8

1K22-0867-0795-66M4-5754-6929-64KM 4C01-K0A2-98M1-25M9-KC67-E276-63K5 EC06-206A-99K5-2527-940M-3227-K7XK 9C00-E0A2-98K1-294K-06XC-MX2C-X988 4C04-5032-9953-2A16-09E3-KC8M-5C80 EC05-E087-9964-2703-05E2-88XA-51EE Elas devem ser inseridas da seguinte maneira: 1 Abra o control center (Inicial/Programas/Nero 8/Nero Toolkit/Nero controlcenter) nunca deixe ele atualizar nada!  2 Clic em: Licença  3 Clica na licença que já esta lá dentro e em remover  4 Clica em adcionar  5 Copie e cole a primeira licença que postei acima e repita com as outras 5

Papel de Parede 4K

Wallpaper 4K (3000x2000)

Como funciona o pensamento conceitual

O pensamento conceitual ou lógico opera de maneira diferente e mesmo oposta à do pensamento mítico. A primeira e fundamental diferença está no fato de que enquanto o pensamento mítico opera por bricolage (associação dos fragmentos heterogêneos), o pensamento conceitual opera por método (procedimento lógico para a articulação racional entre elementos homogêneos). Dessa diferença resultam outras: • um conceito ou uma idéia não é uma imagem nem um símbolo, mas uma descrição e uma explicação da essência ou natureza própria de um ser, referindo-se a esse ser e somente a ele; • um conceito ou uma idéia não são substitutos para as coisas, mas a compreensão intelectual delas; • um conceito ou uma idéia não são formas de participação ou de relação de nosso espírito em outra realidade, mas são resultado de uma análise ou de uma síntese dos dados da realidade ou do próprio pensamento; • um juízo e um raciocínio não permanecem no nível da experiência, nem organizam a experiência nela mesma, mas, p

Luto! (25/12/1944 - 17/10/2022)