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VOCÊ SE AMA? - FINAL

A hora do pênalti

A final do campeonato terminou empatada e a decisão será por pênaltis. Veja o que, segundo o psicólogo francês Christophe André, pode passar pela cabeça do artilheiro do seu time enquanto ele encara o goleiro.

E saiba o que o jogador vai pensar caso chute para fora. A existência ou não de boa auto-estima não é tudo. A maneira com que ela resiste aos fatos é importante também. Conheça, então, os quatro tipos de auto-estima:

Alta e estável

Antes de bater: "Eu tenho tudo para marcar esse gol".

Depois de errar: "Paciência. São coisas da vida."

Quem está seguro em seu amor-próprio não se deixa abalar pelos eventos externos: "Eu me amo, tenho valor e aceito os fracassos".

Alta e instável

Antes de bater: "Eu preciso marcar, todos estão olhando para mim".

Depois de errar: "Esses idiotas me deixaram nervoso".

O indivíduo é vulnerável à opinião alheia: "Eu me amo, mas temo que percebam que não sou tão bom assim".

Baixa e instável

Antes de bater: "Se eu errar, será uma catástrofe. Não vou suportar tanta vergonha".

Depois de errar: "Eu não deveria ter aceitado uma tarefa dessas".

Ele dá muita importância às reações dos outros: "Não tenho valor, mas espero estar enganado".

Baixa e estável

Nunca será escalado para o time. Nem as vitórias o convencem a mudar a opinião negativa sobre si mesmo. Ele "sabe" que é um fracasso, mesmo que o mundo inteiro diga o contrário: "Não me amo, não tenho valor e ninguém me fará mudar de opinião".

Pílulas filosóficas

O psicólogo Nathaniel Branden formulou alguns princípios cujo objetivo é o de tornar a auto-estima uma espécie de filosofia de vida. "O que um indivíduo pensa, acredita e diz a si mesmo influencia o que ele sente e o que faz", ensina. Confira.

- Tenho o direito de viver.

- Não estou no mundo para corresponder às expectativas alheias. Minha vida pertence a mim. E isso é igualmente verdadeiro para os demais seres humanos.

- Se alguém de quem eu gosto não corresponde aos meus sentimentos, isso pode ser decepcionante e até doloroso, mas não reflete o meu valor pessoal.

- Nenhum indivíduo ou grupo tem o poder de determinar como vou pensar e sentir a respeito de mim mesmo.

- Se os meus objetivos forem racionais, mereço sucesso naquilo que tentar.

- Tenho o direito de cometer erros. Essa é uma maneira de eu aprender.

- Prefiro corrigir meus erros a fingir que eles não existem.

- Não procuro fazer com que minhas convicções pareçam diferentes do que são em nome da popularidade e da aprovação.

- Aceito meus pensamentos tais como são, mesmo quando não os endosso.

- Aceito a realidade dos meus problemas, mas não sou definido por eles. Meus problemas não são a minha essência. O medo, a dor, a desorientação e os erros não refletem o que eu sou.

- Vale mais minha auto-estima do que traí-la por qualquer recompensa imediata.

Amor-próprio se aprende em casa

Pai que é pai também ensina auto-estima, iniciando as lições já no berço. Para ver seu filho com um bom estoque de amor-próprio, lembre-se dos conselhos dos especialistas:

- Ouça seu filho com atenção, para esclarecer bem aquilo que o está preocupando. Ele tem vergonha de si mesmo? Um sentimento de inferioridade? É importante que você e ele entendam o que está acontecendo. Um bom começo de conversa é perguntar: "Você acha que seus colegas não gostam de você? Por que isso o preocupa tanto? Desde quando você acha isso?"

- Não tente minimizar as inquietações e o sofrimento do seu filho. Evite aquele velho papo furado de que há situações piores. Nunca diga: "Tem tanta criança que não tem o que comer e você me vem com essa história!?" O que o seu filho sente é real e deve ser compreendido.

- Se você imagina já ter a resposta ao problema do seu filho, controle a ansiedade. Primeiro, faça com que ele tente chegar a suas próprias soluções. "Como você pode fazer com que sua professora lhe dê mais atenção?", pergunte.

- Ajude seu filho, mas não se intrometa. Dê abertura para que a criança o procure. Sentindo-se importante e respeitada, ela terá mais facilidade para buscar as soluções por si mesma.

- Seja um exemplo para os seus filhos. O modelo é fundamental para o aprendizado. Se você for um indivíduo com boa auto-estima, que encara bem os fracassos e respeita a si mesmo, já terá vencido boa parte do caminho.

A vida em branco-e-preto

"Ó vida, ó dor, ó azar."

Esse bordão celebrizou a hiena Hardy, rabugento companheiro do leão Lippy no desenho animado lançado em 1962 pelo estúdio americano Hanna-Barbera. Naquela época, a Medicina não desconfiava que o personagem, além de divertido, era expressão de uma doença psíquica a distimia, uma parenta da depressão que se manifesta em indivíduos com a auto-estima extremamente baixa. "Os portadores de distimia vivem tristes e estão sempre se autodesvalorizando", explica o psiquiatra francês Christophe André.

A enfermidade não chega a provocar o estado de prostração típico de quem enfrenta uma crise depressiva mas, justamente por isso, pode ser até mais perigosa. É que os sintomas mau humor, desânimo, fadiga e falta de concentração se instalam como inquilinos permanentes da personalidade. A distimia não impede ninguém de trabalhar nem de cuidar da casa e dos filhos. "O sofrimento se torna uma rotina e o paciente começa a achar que é assim mesmo, eternamente de baixo-astral", diz a psiquiatra Maria das Graças Oliveira, professora da Unifesp. "Por isso, ele não procura ajuda."

A doença pode afetar até 3% da população. "É possível que alguém seja distímico por mais de vinte anos sem saber", diz Maurício de Lima, professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de Pelotas (RS).

Para dar a volta por cima

Se você desconfia que a sua auto-estima anda meio caída, não desanime. É possível reverter esse quadro. Os psicólogos franceses Christophe André e François Lelord elaboraram uma lista de nove atitudes práticas que, com certeza, vão ajudar. Para que tudo dê certo, eles recomendam que você, antes de mais nada, incorpore à sua rotina três posturas gerais: transformar os lamentos em decisões ("just do it", simplesmente faça, como diz o anúncio de uma marca de tênis), escolher objetivos viáveis (se você quer um namoro, não adianta sonhar com a Ana Paula Arósio ou com o Thiago Lacerda) e dar um passo de cada vez. Munido dessas estratégias, invista nas novas atitudes:

Conhecer a si mesmo

É o ponto de partida para a auto-estima. Não se trata de mergulhar na introspecção, e sim de tomar consciência das suas capacidades e dos seus limites. Defina claramente aquilo que lhe agrada e o que lhe desagrada em você mesmo. Quais são os seus valores? O que é e o que não é importante para você? Para adquirir uma visão mais completa sobre si mesmo, vale a pena saber qual é a sua imagem aos olhos dos outros. Com jeitinho, pergunte aos seus amigos o que eles acham de você.

Aceitar-se

As pessoas com amor-próprio elevado sabem que têm defeitos, como todo mundo. A diferença está na maneira de encará-los. Você se sente inferior por ser o único do escritório a não falar inglês? Vá a uma escola, matricule-se e siga o curso até o fim. Não sinta vergonha das suas falhas e limitações. Se você não sabe dançar e alguém o convida para acompanhá-lo num bolero, há duas alternativas. A mais cômoda é recusar. Em vez disso, você pode simplesmente confessar que não sabe dançar. Quem sabe o seu interlocutor lhe oferece uma aula grátis?

Ser honesto consigo mesmo

A promoção que você esperava não saiu e um colega lhe pergunta: "Você ficou decepcionado?" Você diz que não liga, quando, na realidade, tem vontade de gritar: "É claro, eu queria muito ter conseguido!" O pior é quando você mesmo tenta se convencer de que esse papo furado é verdade. Quem você pensa que engana? Abra o jogo ao menos com você mesmo. Diga claramente: "Eu quero muito alcançar tal objetivo". Ou então: "Que pena, não consegui o que queria."

Agir

A ginástica da auto-estima é a ação. Em vez de ficar ruminando as frustrações, faça aquilo que você precisa - e quer - fazer. A decisão de mudança deve se traduzir em atos concretos. Qualquer atitude prática que você tome, ainda que modesta, é melhor do que uma intenção que vira fumaça. Até mesmo as pequenas ações podem ter um efeito simbólico capaz de virar o jogo e erguer a sua auto-estima: dar um telefonema, arrumar a bagunça na mesa de trabalho, ir a uma festa.

Enfrentar a crítica interior

Sabe aquela "voz" dentro da cabeça que fica achando defeito em tudo o que você faz? Já que não dá para despachá-la com uma passagem só de ida para a Chechênia, é melhor enfrentar essa chata sem rodeios. Será que você foi tão ridículo naquela noite? Recapitule objetivamente o que ocorreu. Se o assunto ainda o incomodar, pergunte aos seus amigos. Na pior das hipóteses, você poderá tirar lições e evitar que o vexame se repita na próxima vez. O importante é se proteger do crítico implacável que mora dentro de você. Não se esqueça: o perfeccionismo é sinal de baixa auto-estima.

Aceitar a idéia do fracasso

Infelizmente, a existência não é uma série infinita de vitórias. Para alcançar qualquer objetivo, é necessário assumir o risco do fracasso. Mas, e se ele ocorrer, qual é o problema? Errar não é vergonha. Além do mais, a vida não se divide entre o triunfo e a catástrofe. Sempre existe um meio-termo. O revés pode ter um lado positivo, se você aproveitá-lo como uma fonte de aprendizado e não como uma prova da sua incapacidade. Todos fracassam uma vez ou outra.

Afirmar-se

A auto-afirmação é a sua capacidade de expressar suas opiniões, seus desejos e seus sentimentos, sem deixar de respeitar as opiniões, os desejos e os sentimentos do seu interlocutor. Acostume-se a dizer "não" sem agressividade, pedir um favor sem se desculpar, responder calmamente a uma crítica. Quando você deixa de contradizer o seu interlocutor por medo de que ele fique zangado, o que acontece? Você volta para casa remoendo a conversa e imaginando como teria sido se tivesse falado francamente. Sua auto-estima vai para o brejo. Não tema desagradar seu interlocutor. Ele não vai virar seu inimigo por causa disso a não ser que também tenha sérios problemas de auto-estima.

Manifestar empatia

Ouça o que seu interlocutor tem a dizer, mesmo que você pense de modo diferente. Só assim é possível falar, naturalmente, frases como: "Entendo o que você quer dizer, mas tenho outra opinião." As pessoas nos ouvem melhor se nós também somos capazes de levar em conta o que elas nos dizem. Só tome cuidado para não renunciar às suas convicções achando que dessa forma conquistará o afeto de alguém. Escutar não é concordar.

Procurar apoio

Não tenha vergonha de pedir ajuda a sensação de que você pode contar com as pessoas ao seu redor é vital para a auto-estima. Aceite, porém, o fato de que essa ajuda pode demorar um pouco. A rede de relações sociais é muito importante para qualquer pessoa. Entre em contato com seus amigos e conhecidos sempre que puder e não apenas quando está em dificuldades ou precisa "desabafar". Ninguém agüenta muita reclamação. Diversifique e amplie suas relações. Muitas vezes a ajuda vem de pessoas que não são tão próximas assim.

O 12º jogador

Há anos a psicóloga paulista Suzy Fleury, se dedica à preparação emocional de jogadores de futebol. Segundo ela, numa profissão em que os elogios da imprensa e da torcida se transformam de uma hora para outra em críticas arrasadoras, manter as emoções em equilíbrio é fundamental. "A auto-estima é o pilar de sustentação do jogador e interfere no desempenho dele", diz. "Por isso, damos especial atenção à imagem que ele faz de si mesmo." Suzy ensina os atletas a lidar bem com temas como a autocrítica e a culpa. "O objetivo é que reajam de modo natural aos erros que cometem, sem temer o risco e contornando rapidamente a situação que poderia levá-los à frustração."

A confiança atinge o topo

Chegar ao cume do Everest, o monte mais alto do mundo, era o sonho do alpinista paranaense Waldemar Niclevicz. Na primeira tentativa, em 1991, ele ficou bem longe do seu objetivo. "O fracasso me trouxe insegurança, medo e ansiedade", conta ele, que teve de abandonar a escalada por causa do mau tempo. Mas Niclevicz contornou a decepção. Foi atrás de patrocínio para conseguir equipamentos mais modernos e preparou-se para uma nova tentativa, em 1995. "Meu entusiasmo era bem maior", diz. Depois de alcançar o topo do Everest, o alpinista agora tenta escalar o Monte K2, no Paquistão. "Já foram duas tentativas frustradas", conta. "Mas não desisto. Em junho vou enfrentá-lo de novo."

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