Observações" foi a primeira tentativa inglesa de produzir uma teoria completa e não dualista sobre mente-cérebro-corpo na era moderna. Ele propõe que linguagem e idéias são arranjadas de forma determinista por meio de vibrações que atuam no cérebro e no sistema nervoso através de tubos minúsculos nas fibras nervosas. A teoria de Hartley encorajou o otimismo precipitado dos radicais políticos da Inglaterra na década de 1790 - Joseph Priestley, Horne Tooke, William Fend - com relação à perfectibilidade da natureza humana. Colocando a questão de forma grosseira, a pobreza, o conflito e a opressão seriam resultados de más vibrações sociais e políticas.
Coleridge se viu rejeitando as vibrações e os microtúbulos de Hartley à medida que ingressou no período mais criativo da sua vida. A teoria de Hartley simplesmente não se coadunava com a sua consciência do poder dinâmico e polimorfo do símbolo que "sempre partilha da realidade que ele torna inteligível". Coleridge passaria grande parte do resto da sua vida lutando para criar uma filosofia da imaginação - símbolo, metáfora, alegoria -, ao mesmo tempo em que se baseava em trabalhos paralelos de figuras como Fichte e Schelling, na Alemanha.
A lição da história de Coleridge para Steven Pinker deveria ser esta: por mais inteligente e tecnicamente impressionante que seja uma teoria da metáfora, experimente-a com um poeta praticante antes de adotá-la.
*John Cornwell é autor do livro "Darwin's Angel: An Angelic Risposte to The God Delusion"
(algo como "O Anjo de Darwin: Uma Resposta Angelical ao Livro 'Deus, Um Delírio'").
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