Recentemente, o psicólogo italiano Daniele Pauletto divulgou uma tese revolucionária relacionada a um vício que aterroriza pais e mães em todo o mundo: a videomania. Daniele garante que videogames, apesar da aparência inocente, podem ter efeitos nefastos. Para ele, a irradiação contínua de imagens luminosas superestimula o lóbulo occipital direito, que regula as emoções no cérebro, ao mesmo tempo que atrofia o occipital esquerdo, responsável pela capacidade analítica e crítica das pessoas. Esta síndrome, batizada de vídeo-hiperestesia ou seja, extrema sensibilidade aos estímulos do vídeo, leva freqüentemente os fanáticos por esses joguinhos a perder o contato com a realidade e entrar numa espécie de estado hipnótico.
Daniele Pauletto chegou a essas conclusões depois de estudar o comportamento de um menino de 9 anos - Francesco - que passava mais de oito horas por dia jogando videogame. "Foi o meu caso mais espetacular. Francesco já não queria mais nem comer nem dormir. Na escola, não conseguia assimilar o que os professores ensinavam e começou a evitar os amigos", lembra o psicólogo italiano, que aplicou uma curiosa terapia ao jovem paciente: espalhou pela casa de seus pais enormes cartazes coloridos com a inscrição game over (o jogo acabou), e conseguiu conter a fixação de Francesco pelo "vício".
No Brasil, onde já foram vendidos milhões desses aparelhos, os casos de viciados são cada vez mais numerosos. "Comecei com aqueles telejogos primitivos", conta o artista gráfico paulista Tadeu Cerqueira Ferreira, de 22 anos. Na época, ele tinha 14. "Jogava mais de oito horas por dia, não tinha vida social e minha mãe vivia revoltada." Felizmente, as broncas e alguns problemas de saúde astigmatismo e taxa alta de colesterol, devido à pouca atividade de física fizeram as vezes de terapeuta para Tadeu. Ele pôs um freio na "fissuração" e até recuperou as antigas amizades. "Mas continuo jogando toda noite."
Entre nós, porém, a videomania ainda não registrou situações hilárias como uma disputa recente que aconteceu no tribunal da pequena cidade espanhola de Villarreal. Um marido, identificado apenas como Antonio, pediu separação da mulher, María del Carmen, de 35 anos, alegando que ela é videomaníaca irrecuperável. Antonio assegurou que Carmen dedicava todo o tempo aos jogos e andava mais preocupada em fugir do pacman do que cuidar da casa ou cozinhar.
Um estudo da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, chegou à conclusão de que os videogames, além do incentivo à violência, limitam a imaginação. Para a maioria dos psicólogos, porém, utilizados com moderação, os games podem ajudar as crianças, já que aumentam a coordenação visual e motora, a concentração e até a memória. Além disso, os jogos ajudam crianças a lidar mais facilmente com computadores. O perigo está no excesso.
Aliás, como quase tudo na vida. Quem nunca cedeu ao impulso de se presentear com alguma bobagem para compensar um dia difícil, mesmo correndo o risco de se arrepender na manhã seguinte? Amenizar a dureza da vida nas compras não chega a ser anormal. Desde que não vire um hábito irrefreável, como o que atormenta a atriz Melanie Griffith, a bela do filme Dublê de Corpo.
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