"Não consigo resistir. Alguma coisa me empurra loja adentro e me obriga a comprar tudo", conta a atriz, que depois do sucesso viu o problema se agravar. "Como sou conhecida, quando não tenho dinheiro é só pedir que mandem a conta para minha casa." Parece frescura de quem tem muito e não sabe como gastar. Melanie garante que não: "No começo, é bom realizar as vontades, mas depois vira um transtorno. É como se não tivesse controle da minha vida." Para os psicólogos, consumidores incontroláveis só diferem dos cleptomaníacos pelo fato de que estes não passam pelo caixa da loja, simplesmente furtam os objetos. São todos enfermos. Como também muitos dos trabalhadores workaholics neologismo inglês que une as palavras work (trabalho) e alcoholic (alcoólatra). Eles odeiam férias, levam serviço para casa e se esquecem da família.
"Embora o workaholic seja aplaudido pela sociedade, que valoriza a dedicação ao trabalho", argumenta Sérgio Bettarello, "com o tempo ele vira um estorvo com suas reuniões em horários impróprios e o estresse que provoca em todo mundo."
Um dos problemas dos que sofrem com tais enfermidades é que eles só procuram ajuda médica quando já é tarde e quase sempre são os familiares que tomam a iniciativa de buscar tratamento. Mas mesmo eles demoram a descobrir. Viciados dessa espécie são bons dissimularores: os comilões sempre aguardam a noite para atacar a geladeira e os jogadores fingem que vão trabalhar quando saem para a jogatina.
O fato é que, embora suas drogas não sejam tóxicos, essas pessoas padecem de síndromes de abstinência parecidas com as dos toxicômanos: depressão, angústia ou mesmo dores físicas. Terapia ou tratamentos farmacológicos são algumas das alternativas de ajuda para quem sofre de distorções comportamentais tão "inocentes". Os objetivos terapêuticos também variam: para alguns, como os cleptomaníacos, se busca a abstinência total, para outros apenas um autocontrole maior. O passo fundamental, porém, será sempre o desejo da própria vítima de se curar. Algo como acordar de manhã, olhar no espelho e dizer a si mesmo: "Game over."
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