1 | INTRODUÇÃO |
Teologia, disciplina que expressa a
razoabilidade dos conteúdos de uma fé religiosa, apresentados em um conjunto
coerente de proposições.
A teologia aplica, no estudo de seus conteúdos, os procedimentos
metodológicos, críticos e intelectuais da filosofia. Porém, estes procedimentos
são diametralmente opostos aos das ciências naturais e humanas porque partem do
pressuposto da fé e seu objetivo final, Deus, não é passível de pesquisa
empírica. Portanto, o problema de estabelecer um método rigoroso de raciocínio
sobre Deus é crucial em teologia.
Judeus, cristãos e muçulmanos dão às escrituras (Torá, Bíblia e
Alcorão) uma autoria divina, o que não acontece no hinduísmo e no budismo.
A transmissão oral é outro meio de expressão e comunicação da revelação
original já que, onde a escrita parece confusa ou inconsistente, a comunidade de
crentes a interpreta. Isso ocorre muito mais no islamismo do que non
catolicismo.
A experiência própria, seja pessoal ou comunitária, tem importante
influência na teologia. O teólogo procura a fé em Deus em fenômenos religiosos —
como no misticismo e na conversão — e também na vivência cultural, social e
política da época.
2 | MÉTODO TEOLÓGICO |
Não existe um único método, de caráter universal, reconhecido na
teologia. Os teólogos protestantes da Reforma, e posteriores a ela, têm tentado
generalizar sem método, regendo-se estritamente pela Bíblia. É nisto que
consiste o trabalho da exegese, que visa a compreender um significado. Os
teólogos devem questionar como tem evoluído o significado original de um texto
no decorrer da história doutrinal. Também devem procurar o significado que
poderia ter este texto na época e situação cultural em que foi escrito. Este
passo é a hermenêutica. A interpretação é um ato criativo e inovador e
não somente a transposição de significados de um contexto antigo para outro
moderno.
Uma distinção deve ser feita entre Teologia apologética
(tentativa de expor as crenças religiosas enquanto se atende ou se responde às
objeções e críticas) e Teologia dogmática que é a exposição ordenada das
crenças. Alguns teólogos rejeitam a primeira, argumentando que a apologética é,
apenas, uma clara exposição da crença.
Embora a Bíblia seja um rico depositário de material teológico, não é
um manual de teologia. A Epístola de Paulo aos Romanos é, talvez, a
proposta mais próxima de um tratado teológico no Novo Testamento.
No Oriente, o escritor Orígenes (século III) foi o teólogo mais
influente da era cristã primitiva. O grande teólogo do Ocidente foi Santo Agostinho de Hipona. Ambos foram
influenciados pela filosofia de Platão. A figura que mais se destacou na
teologia medieval foi São Tomás de Aquino. Seu tratado Summa Theologica é
uma detalhada exposição das doutrinas sobre Deus: natureza humana, encarnação e
salvação. Com sutileza, Tomás de Aquino — baseando-se na filosofia de
Aristóteles — mistura temas filosóficos e religiosos, exercendo uma influência
sem precedentes na teologia católica romana.
No século XVI, o teólogo mais importante da reforma protestante foi
João Calvino. Destacando a soberania de Deus até elaborar uma nova tese de
predestinação, Calvino, ainda assim, tentou fundamentar suas doutrinas nos
postulados da Bíblia.
Depois da Reforma, veio um período de estagnação teológica. A antiga
teologia tinha perdido o prestígio para dois filósofos do século VIII: o cético
inglês David Hume e o idealista alemão Emmanuel Kant. Por isto, o teólogo alemão
do século XX, Friedrich Schleiermacher, conclamou para que a experiência da
comunidade de fiéis fosse considerada uma nova base teológica.
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