POBRE É “REACIONÁRIO” E GOSTA É DE PROPRIEDADE. QUEM GOSTA DE “COMUNIDADE” É ESQUERDISTA E JORNALISTA
Escreverei um post sobre o mais político de todos os assuntos, embora não pareça à primeira vista. Já li os três principais jornais do país — Globo, Estadão e Folha. A notícia mais importante do dia refere-se à construção de apartamentos populares na favela de Heliópolis, a maior de São Paulo. Na verdade, nem favela é mais. Trata-se de um grande bairro pobre, que hoje já abriga muitos ricos que vivem da intensa atividade comercial ali existente. Sigamos. Os bem-pensantes — pessoas de esquerda ou que pagam pedágio intelectual à esquerda para não ficar com má fama — acreditam que a pobreza cria a sua própria moralidade.
Talvez suponham que a miséria cause, sei lá, alguma alteração no córtex cerebral do vivente, o que o faria trilhar caminhos mentais estranhos a seres humanos das classes média e alta. E, no entanto, eu lhes digo: a única coisa boa que a especificidade da pobreza pode produzir num pobre é a vontade de se livrar… da pobreza! É claro que ninguém é pobre porque quer, mas o Brasil só sairá da areia quando ficar bem claro que é preciso querer não ser pobre, entenderam? Os tais bem-pensantes e os MILITONTOS políticos adoram acreditar que os pobres deveriam ser mais propensos à generosidade do que os ricos. Por quê? Alguém poderia explicar ao Tio Rei por que o termo A induziria o termo B?
Leio na Folha que, em Heliópolis, moradores incluídos no sistema habitacional formal recorrem a muros, grades e esquemas de segurança para se proteger. É visível que a reportagem trata do assunto segundo, vamos dizer assim, um olhar crítico, COMO SE OS POBRES BENEFICIADOS TIVESSEM MUDADO DE LADO E JÁ NÃO DESSEM MAIS BOLA PARA O SEU IRMÃO. Chama isso de “segregação”. Vale a pena ler um trecho:
Primeiro foram muros. Depois grades, cadeados e a fechadura. Na entrada do prédio, um aviso aos moradores: “Mantenham o portão fechado para nossa segurança”.
A cena, comum em condomínios de classes média e alta, surge agora em Heliópolis, maior favela paulistana, e em outras regiões periféricas.
Uma vez incluídos no sistema habitacional formal, os moradores também acabam optando pela segregação.
O fenômeno já levou a prefeitura a reavaliar os projetos de intervenção em favelas.
Uma representante da Prefeitura de São Paulo – Elisabete França, superintendente de habitação popular – dá a sua opinião, também crítica ao que está em curso:
“As pessoas repetem o modelo que conhecem. Muro não é seguro, não é solução. É uma coisa cultural brasileira”, afirma.
O arquiteto Ruy Ohtake, autor de um dos projetos de intervenção em Heliópolis -“sem muros, cercas ou grades”, informa o jornal – não gosta do que vê:
“Há um espelhamento na classe média, que, de 20 anos para cá, ficou cercada. A comunidade tem de entender a urbanização. É preciso conversar com esses moradores para retirar esses fechos”.
Salvação, não problema
Se esse movimento está em curso, então volto a ter esperanças. Vai ver é por isso que as condições de vida em Heliópolis têm melhorado tanto. É bem verdade que a área abriga várias ações sociais da Prefeitura e do Estado, mas basta passar na avenida que margeia um dos lados do bairro para perceber uma vida econômica bastante intensa. Sabem o que isso significa? AMOR À PROPRIEDADE! Sem ele, não existe civilização, ou apontem culturas que tenham florescido sem que cada indivíduo tenha a chance de dizer: “Isto é meu”.
Algo de realmente alvissareiro está em curso. Entrega-se um conjunto habitacional a um grupo de moradores, e eles se organizam, elegem um síndico, e este, informa a reportagem, adquire equipamentos de segurança. Estão no rumo certo, acho eu.
Informa a Folha:
A maioria dos conjuntos entregues agora, como os da Nova Jaguaré, zona oeste, são cercados. Em Itaquera, do outro lado da cidade, além de muros, os moradores instalaram portões com controle remoto para os carros.
Segundo entendi, a Prefeitura passou a entregar os conjuntos já cercados para que os moradores não venham a fazê-lo depois, por conta própria. Se é isso mesmo, está de parabéns! É preciso que as pessoas beneficiadas por esses programas passem a zelar por aquilo que receberam. Não existe “propriedade coletiva” — “espaço público” é outra coisa. Uma praça é de todos; um conjunto de apartamentos tem de pertencer aos moradores, que devem ser estimulados a zelar por aquilo que é seu. A reportagem, no entanto, está condoída: “Era uma favela, transformada num conjunto habitacional de 296 apartamentos, ainda rodeado de pobreza.” Segundo entendi, ninguém construiu os apartamentos para extinguir a pobreza do bairro ou do mundo. Ele foi erguido para beneficiar um conjunto de moradores, tornados proprietários.
No mundo idílico das esquerdas e do pensamento politicamente correto, esses pobres receberiam as suas casas e, muito comovidos, passariam a dividir o espaço com seus irmãos de classe, unidos por aquele belíssimo princípio do “nada é de ninguém”, que é o que costumo chamar de “idealismo da caverna” — não a de Platão, mas aquela do “huga-huga”…
Começo a ficar mais esperançoso com os nossos pobres. Só falta agora a gente consolidar o princípio, que anda meio frouxo, de que todos têm o direito à propriedade, mas que a propriedade, não sendo um direito natural, não pode ser tomada na marra. Como boa parte das coisas da vida, ela tem de ser conquistada — e conquistas demandam esforços individuais.
O ser humano, gente, felizmente, é assim mesmo: egoísta! Não fosse, ainda estaria escondido em algum buraco, com medo do trovão. Até a Sinhá Vitória, de Vidas Secas, sonhava com dias melhores para poder ter a sua cama de ripa, em vez de dormir na rede. Eu sei que os esquerdopatas e os politicamente corretos, entediados com a abastança, contavam com os pobres para criar uma nova civilização. Mas, surpresa!, eles gostam mesmo é da velha, daquela em que um homem pode dizer: “Isto é meu”. Ao fazê-lo, vieram ao mundo Shakespeare, o vaso sanitário, as vacinas e o Chicabom.
O cérebro do pobre é igualzinho ao do esquerdista e do politicamente correto — só que sem titica ideológica. Dou vivas à cerca, ao portão, ao muro! Dou vivas à propriedade!
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