7. Borderlines
Recebem essa denominação porque parecem estar sempre oito ou oitenta. Para eles não há meio-termo: ou estão exultantes ou se sentem péssimos. Amam ou odeiam. Baixa auto-estima, dúvidas quanto à própria identidade, sentimento de vazio, ansiedade e instabilidade parecem ser as características mais latentes do transtorno de personalidade border-line, que se manifesta sobretudo em mulheres. Estima-se que essa doença atinja 2% da população em geral, e, entre os pacientes psi-quiátricos portadores de distúrbios de personalidade, os borderlines ocupam uma parcela entre 30% e 60%. Toda a insegurança que envolve os borderlines pode gerar um comportamento violento, impulsivo e até mesmo auto-destrutivo, com automutilações e abuso de drogas. "Violências sexuais na infância e falta de um ambiente familiar estruturado podem estar na origem desse tipo de transtorno", afirma a psicóloga Rita Romaro, que está lançando o livro Psicoterapia Breve Dinâmica com Pacientes Borderline: Uma Proposta Viável. Para ajudar o paciente a lidar com as crises e permitir que ele atinja melhor qualidade de vida, pode-se recorrer, entre outras alternativas, à psicanálise, à psicoterapia breve, a medicamentos ou à terapia familiar, segundo a psicóloga.
8. Dependentes
Tendência sistemática de deixar as decisões para os outros, confor-mismo e baixa estima são as principais características da perso-nalidade dependente. Os dependen-tes sentem-se desencorajados a encarar as exigências comuns da vida cotidiana, transferem sempre as responsabilidades para os outros e sentem a necessidade de ser ajudados para tudo. Seu principal temor é ser abandonados.
9. Narcisistas
Vaidosos, egocêntricos, eles se sentem o centro do mundo e tudo orbita a seu redor. Os narcisistas exigem tratamento especial, são intolerantes às críticas, crêem-se superiores e são capazes de manipular tudo e todos em proveito próprio. Vivem ancorados num ideal elevadíssimo de si mesmo, assim como consideram os demais seres de menor valor e, portanto, que lhe devem obediência. Dessa maneira, expõem-se também muito mais ao fracasso. Quando não são atendidos ou quando os demais não os tratam como superiores, exibem crises de depressão e ansiedade, o que os pode levar à dependência de substâncias tóxicas ou a comportamentos desesperados. "Nesses casos, também pode haver a criação de um mundo particular idealizado, que se assemelha a uma experiência esquizofrênica", afirma Yassui. As origens desse tipo de distúrbio são ainda tema de debate entre os especialistas, mas as hipóteses mais cogitadas são uma educação exageradamente protetora ou carências afetivas na infância.
10. Obsessivos
O obsessivo é alguém que tem uma metodologia de ação própria, insensível à interferência externa e ao bom senso. Caracteriza-se por um culto ao perfeccionismo, meticulosidade e rigidez excessiva. Assim, pode haver uma obsessão quanto à arrumação de seus pertences, quanto à limpeza de um lugar, uma impulsão a lavar as mãos com uma freqüência exagerada ou uma sistematicidade exacerbada nas tarefas mais banais, como ler uma revista ou escrever um bilhete. Muitas vezes, essas manias acabam interferindo na produtividade do paciente. É quando, por exemplo, ele gasta um tempo fenomenal com a elaboração e a reformulação de cronogramas, listas de tarefas e reuniões desnecessárias, a ponto de perder o foco no objetivo final. O obsessivo pode ser aquele seu colega de trabalho cuja mesa está sempre arrumada ou que mostra certa dificuldade em aceitar mudanças. Se for um chefe, ele pode transformar a vida dos subordinados num suplício ao azucriná-los com cobranças absurdas. "O obsessivo pode ser capaz de se levantar duas horas mais cedo para cumprir um minucioso ritual de manhã, cujas etapas jamais são desobedecidas", diz Rita.
Quem precisa de ajuda
Só um psiquiatra ou um psicólogo tem condições de diagnosticar se uma pessoa é ou não portadora de distúrbios de personalidade. Mas estar atento a alguns indícios que costumam acompanhar esses estados pode ajudá-lo a decidir se você ou alguém de seu relacionamento precisa de tratamento. Aqui está uma lista de aspectos ligados a padrões de comportamento típicos de personalidades patológicas.
Elas foram elaboradas com a consultoria do psiquiatra Henrique Schützer Del Nero*. Confira:
Você ou alguém próximo...
- o tem dificuldade de formar e manter amigos?
- o culpa os outros, a sorte ou as circunstâncias quando algo dá errado?
- o mente freqüentemente?
- o age impulsivamente?
- o costuma se envolver em relacionamentos intensos e tempestuosos?
- o comporta-se de modo autodestrutivo?
- o precisa ser admirado para estar satisfeito?
- o é excessivamente preocupado com a aparência?
- o é hipersensível a críticas?
- o é perfeccionista?
- o desconfia dos outros, mesmo quando não há motivo concreto?
- o é excessivamente preocupado com detalhes?
- o fica irritado quando nem tudo está em ordem e sob controle?
- o prefere passatempos solitários a se encontrar com amigos?
- o tem um sentimento vago de inadequação?
- o tem a impressão de ser à prova de emoções, sejam de alegria, sejam de tristeza?
- o veste-se ou se comporta de forma excêntrica só para chamar a atenção?
- o fica extremamente chateado quando se sente rejeitado?
- o vive discutindo com os colegas de trabalho ou da escola?
- o tem medo de ficar sozinho?
- o raciocina sempre em termos de ótimo/péssimo, amor/ódio, tudo ou nada?
- o passa por altos e baixos no dia-a-dia?
- o gasta mais do que ganha?
- o é capaz de aceitar uma idéia que lhe pareça idiota apenas para não discordar de seus colegas?
- o dirige de forma perigosa?
- o se acha melhor que os outros?
- o procura deixar que os outros tomem decisões por você?
- o tem dificuldade para iniciar projetos ou cumprir tarefas por sua própria conta?
- o evita relacionamentos íntimos?
- o faz o que não quer só para agradar a outras pessoas?
- o é extremamente fiel a regras, listas, horários, cronogramas e fluxogramas?
- o é tão devotado ao trabalho a ponto de não ter tempo para o lazer ou a família?
- o vive profissionalmente insatisfeito e trocando de emprego?
- o guarda suas opiniões para si e não as reparte nem mesmo com as pessoas mais íntimas?
- o tem vocação para se envolver em relacionamentos amorosos conturbados ou promíscuos?
- o não tem a menor vontade de fazer parte de uma família?
- o tem freqüentemente a impressão de que os outros estão falando sobre você?
- o não tem senso de humor?
- o parece estar sempre enrolado em diversos aspectos de sua vida, seja no trabalho, no amor ou em questões financeiras?
Você (ou alguém de seu relacionamento) se identifica com várias dessas questões? Uma consulta a um especialista vai ajudar a esclarecer se o caso necessita de tratamento.
* Henrique Schützer Del Nero, autor dos livros O Equilíbrio Necessário e O Sítio da Mente, é professor de neurociência e psiquiatria da faculdade de medicina da Universidade de Nova York e dá aulas de neurociência cognitiva na Escola Politécnica da USP, em São Paulo, onde mantém um consultório particular.
Recebem essa denominação porque parecem estar sempre oito ou oitenta. Para eles não há meio-termo: ou estão exultantes ou se sentem péssimos. Amam ou odeiam. Baixa auto-estima, dúvidas quanto à própria identidade, sentimento de vazio, ansiedade e instabilidade parecem ser as características mais latentes do transtorno de personalidade border-line, que se manifesta sobretudo em mulheres. Estima-se que essa doença atinja 2% da população em geral, e, entre os pacientes psi-quiátricos portadores de distúrbios de personalidade, os borderlines ocupam uma parcela entre 30% e 60%. Toda a insegurança que envolve os borderlines pode gerar um comportamento violento, impulsivo e até mesmo auto-destrutivo, com automutilações e abuso de drogas. "Violências sexuais na infância e falta de um ambiente familiar estruturado podem estar na origem desse tipo de transtorno", afirma a psicóloga Rita Romaro, que está lançando o livro Psicoterapia Breve Dinâmica com Pacientes Borderline: Uma Proposta Viável. Para ajudar o paciente a lidar com as crises e permitir que ele atinja melhor qualidade de vida, pode-se recorrer, entre outras alternativas, à psicanálise, à psicoterapia breve, a medicamentos ou à terapia familiar, segundo a psicóloga.
8. Dependentes
Tendência sistemática de deixar as decisões para os outros, confor-mismo e baixa estima são as principais características da perso-nalidade dependente. Os dependen-tes sentem-se desencorajados a encarar as exigências comuns da vida cotidiana, transferem sempre as responsabilidades para os outros e sentem a necessidade de ser ajudados para tudo. Seu principal temor é ser abandonados.
9. Narcisistas
Vaidosos, egocêntricos, eles se sentem o centro do mundo e tudo orbita a seu redor. Os narcisistas exigem tratamento especial, são intolerantes às críticas, crêem-se superiores e são capazes de manipular tudo e todos em proveito próprio. Vivem ancorados num ideal elevadíssimo de si mesmo, assim como consideram os demais seres de menor valor e, portanto, que lhe devem obediência. Dessa maneira, expõem-se também muito mais ao fracasso. Quando não são atendidos ou quando os demais não os tratam como superiores, exibem crises de depressão e ansiedade, o que os pode levar à dependência de substâncias tóxicas ou a comportamentos desesperados. "Nesses casos, também pode haver a criação de um mundo particular idealizado, que se assemelha a uma experiência esquizofrênica", afirma Yassui. As origens desse tipo de distúrbio são ainda tema de debate entre os especialistas, mas as hipóteses mais cogitadas são uma educação exageradamente protetora ou carências afetivas na infância.
10. Obsessivos
O obsessivo é alguém que tem uma metodologia de ação própria, insensível à interferência externa e ao bom senso. Caracteriza-se por um culto ao perfeccionismo, meticulosidade e rigidez excessiva. Assim, pode haver uma obsessão quanto à arrumação de seus pertences, quanto à limpeza de um lugar, uma impulsão a lavar as mãos com uma freqüência exagerada ou uma sistematicidade exacerbada nas tarefas mais banais, como ler uma revista ou escrever um bilhete. Muitas vezes, essas manias acabam interferindo na produtividade do paciente. É quando, por exemplo, ele gasta um tempo fenomenal com a elaboração e a reformulação de cronogramas, listas de tarefas e reuniões desnecessárias, a ponto de perder o foco no objetivo final. O obsessivo pode ser aquele seu colega de trabalho cuja mesa está sempre arrumada ou que mostra certa dificuldade em aceitar mudanças. Se for um chefe, ele pode transformar a vida dos subordinados num suplício ao azucriná-los com cobranças absurdas. "O obsessivo pode ser capaz de se levantar duas horas mais cedo para cumprir um minucioso ritual de manhã, cujas etapas jamais são desobedecidas", diz Rita.
Quem precisa de ajuda
Só um psiquiatra ou um psicólogo tem condições de diagnosticar se uma pessoa é ou não portadora de distúrbios de personalidade. Mas estar atento a alguns indícios que costumam acompanhar esses estados pode ajudá-lo a decidir se você ou alguém de seu relacionamento precisa de tratamento. Aqui está uma lista de aspectos ligados a padrões de comportamento típicos de personalidades patológicas.
Elas foram elaboradas com a consultoria do psiquiatra Henrique Schützer Del Nero*. Confira:
Você ou alguém próximo...
- o tem dificuldade de formar e manter amigos?
- o culpa os outros, a sorte ou as circunstâncias quando algo dá errado?
- o mente freqüentemente?
- o age impulsivamente?
- o costuma se envolver em relacionamentos intensos e tempestuosos?
- o comporta-se de modo autodestrutivo?
- o precisa ser admirado para estar satisfeito?
- o é excessivamente preocupado com a aparência?
- o é hipersensível a críticas?
- o é perfeccionista?
- o desconfia dos outros, mesmo quando não há motivo concreto?
- o é excessivamente preocupado com detalhes?
- o fica irritado quando nem tudo está em ordem e sob controle?
- o prefere passatempos solitários a se encontrar com amigos?
- o tem um sentimento vago de inadequação?
- o tem a impressão de ser à prova de emoções, sejam de alegria, sejam de tristeza?
- o veste-se ou se comporta de forma excêntrica só para chamar a atenção?
- o fica extremamente chateado quando se sente rejeitado?
- o vive discutindo com os colegas de trabalho ou da escola?
- o tem medo de ficar sozinho?
- o raciocina sempre em termos de ótimo/péssimo, amor/ódio, tudo ou nada?
- o passa por altos e baixos no dia-a-dia?
- o gasta mais do que ganha?
- o é capaz de aceitar uma idéia que lhe pareça idiota apenas para não discordar de seus colegas?
- o dirige de forma perigosa?
- o se acha melhor que os outros?
- o procura deixar que os outros tomem decisões por você?
- o tem dificuldade para iniciar projetos ou cumprir tarefas por sua própria conta?
- o evita relacionamentos íntimos?
- o faz o que não quer só para agradar a outras pessoas?
- o é extremamente fiel a regras, listas, horários, cronogramas e fluxogramas?
- o é tão devotado ao trabalho a ponto de não ter tempo para o lazer ou a família?
- o vive profissionalmente insatisfeito e trocando de emprego?
- o guarda suas opiniões para si e não as reparte nem mesmo com as pessoas mais íntimas?
- o tem vocação para se envolver em relacionamentos amorosos conturbados ou promíscuos?
- o não tem a menor vontade de fazer parte de uma família?
- o tem freqüentemente a impressão de que os outros estão falando sobre você?
- o não tem senso de humor?
- o parece estar sempre enrolado em diversos aspectos de sua vida, seja no trabalho, no amor ou em questões financeiras?
Você (ou alguém de seu relacionamento) se identifica com várias dessas questões? Uma consulta a um especialista vai ajudar a esclarecer se o caso necessita de tratamento.
* Henrique Schützer Del Nero, autor dos livros O Equilíbrio Necessário e O Sítio da Mente, é professor de neurociência e psiquiatria da faculdade de medicina da Universidade de Nova York e dá aulas de neurociência cognitiva na Escola Politécnica da USP, em São Paulo, onde mantém um consultório particular.
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