Pular para o conteúdo principal

ENTREVISTA JOICHI ITO

Sem abertura, internet perde poder de inovação

O avanço das redes sociais, onde o internauta encontra informações com contexto, pode atrapalhar o crescimento do Google, diz investidor japonês

A história de Joichi Ito se confunde com a da internet comercial. O japonês é homem de vários empregos. É diretor do conselho do Creative Commons e da Six Apart Japan, participa do conselho de Technorati, Digital Garage, iCommons, Mozilla Foundation e Socialtext e fundou a empresa de investimento Neoteny. Em entrevista à Folha, por telefone, Ito, 41, formado em estratégia corporativa, conversou sobre inovação, o momento atual da internet e as perspectivas para o futuro e comentou a possível bolha que mais uma vez se forma no mercado on-line

FOLHA - Quais são as características da internet que garantem seu potencial de inovação?

JOICHI ITO - O fundamento da internet são as redes abertas. Elas permitem um grau de inovação impossível de ser encontrado nas redes de celular ou nas de TV a cabo, por exemplo. Com isso, os empreendedores podem criar sem terem que participar do status quo. Mas, mesmo em redes abertas, em algum momento há monopólios. Foi o que aconteceu com a Microsoft, com os navegadores, e é o que parece acontecer com o Google na publicidade on-line. Para as empresas, a rede aberta é competitiva, mas nem sempre ela é estimulada pelo mercado.

O Google incentiva o código aberto nos navegadores porque pode oferecer suas opções de produtos sobre ele, mas não é aberto com sua plataforma publicitária. A IBM ganha mais dinheiro com o Linux do que com suas patentes. Normalmente, empresas que crescem muito tendem a ser mais fechadas. Temos que lutar para manter a abertura, senão a internet perde o seu poder de inovação.

FOLHA - Alguns dizem que as redes sociais podem ameaçar os buscadores tradicionais em breve, tornando-se o ponto de partida para as buscas na internet...

ITO - São duas buscas diferentes. O Google é como um índice de uma biblioteca, sem uma atualização muito rápida. O Technorati, por exemplo, já tem essa velocidade. Nas redes sociais, o internauta encontra informação com contexto: restaurantes de que seu amigo gosta, o que você quis dizer com isso. Mas o Google não vai sumir. Pode atrapalhar o desempenho da empresa, que gosta de trabalhar com máquinas, com algoritmos. Mas o Google fatura bilhões com seu processo.

FOLHA - Há a sensação de que estamos próximos de outra bolha, com "startups" e euforia no mercado...

ITO - Acho que já estamos na bolha. Difícil ter certeza, porque uma bolha tem que estourar, e não acredito que será assim dessa vez. Da última vez, em 2001, os investidores disseram "a internet está errada", e o mercado foi ao zero. Foi estúpido, e muita gente ganhou dinheiro nessa época porque o mercado regrediu 50%, não totalmente. Hoje, é talvez fácil demais levantar dinheiro para uma empresa iniciante. O investidor cobra informações sobre a proteção contra a competição, registro de patentes e isso mais uma vez bloqueia a inovação, prejudicando a colaboração inicial.

O dinheiro é bom para ampliar o produto. Flickr, Last.fm, Technorati, Six Apart e outras empresas que hoje são grandes só receberam depois que já tinham bons produtos, com milhares de usuários.

FOLHA - Mas os investidores parecem estar mais conscientes hoje...

ITO - Sim, mas ainda há muito dinheiro burro no mercado. O medo da recessão nos Estados Unidos pode estar freando a suposta bolha, mas a impressão que tenho é que as empresas em que investi logo depois da bolha tinham planos de negócio mais fortes que as atuais.

Parte porque o Google contratou muita gente boa, parte porque as empresas querem dinheiro antes de estarem prontas. Hoje têm apenas um plano e querem avaliação e US$ 10 milhões. Se esbarrarem com investidores estúpidos, passarão metade do tempo conversando com eles e pagando milhares de dólares para seus funcionários, para depois se preocuparem em como se tornar lucrativas.

Outro problema é que grande parte dinheiro investido vem da publicidade on-line, que existe porque há empresas querendo se mostrar. É um círculo e, se o mercado esfriar, haverá menos dinheiro para tudo, como ocorreu na bolha passada.

Comentários

Postagens Mais Lidas

Chave de Ativação do Nero 8

1K22-0867-0795-66M4-5754-6929-64KM 4C01-K0A2-98M1-25M9-KC67-E276-63K5 EC06-206A-99K5-2527-940M-3227-K7XK 9C00-E0A2-98K1-294K-06XC-MX2C-X988 4C04-5032-9953-2A16-09E3-KC8M-5C80 EC05-E087-9964-2703-05E2-88XA-51EE Elas devem ser inseridas da seguinte maneira: 1 Abra o control center (Inicial/Programas/Nero 8/Nero Toolkit/Nero controlcenter) nunca deixe ele atualizar nada!  2 Clic em: Licença  3 Clica na licença que já esta lá dentro e em remover  4 Clica em adcionar  5 Copie e cole a primeira licença que postei acima e repita com as outras 5

Faça cópia de segurança de suas mensagens de e-mail

Em casa e no trabalho, o correio eletrônico é uma das mais importantes aplicações usadas no cotidiano de quem está conectado à internet.Os dados contidos nas mensagens de e-mail e os contatos armazenados em seus arquivos constituem um acervo valioso, contendo o histórico de transações comerciais e pessoais ao longo do tempo. Cuidar dos arquivos criados pelos programas de e-mail é uma tarefa muito importante e fazer cópias de segurança desses dados é fundamental. Já pensou perder sua caixa de entrada ou e-mails importantes?Algum problema que obrigue a formatação do disco rígido ou uma simples troca de máquina são duas situações que tornam essencial poder recuperar tais informações.Nessas duas situações, o usuário precisa copiar determinados arquivos criados por esses programas para um disquete, CD ou outro micro da rede. Acontece que esses arquivos não são fáceis de achar e, em alguns casos, estão espalhados por pastas diversas.Se o usuário mantém várias contas de e-mail, a complexidade...

Papel de Parede 4K

Como funciona o pensamento conceitual

O pensamento conceitual ou lógico opera de maneira diferente e mesmo oposta à do pensamento mítico. A primeira e fundamental diferença está no fato de que enquanto o pensamento mítico opera por bricolage (associação dos fragmentos heterogêneos), o pensamento conceitual opera por método (procedimento lógico para a articulação racional entre elementos homogêneos). Dessa diferença resultam outras: • um conceito ou uma idéia não é uma imagem nem um símbolo, mas uma descrição e uma explicação da essência ou natureza própria de um ser, referindo-se a esse ser e somente a ele; • um conceito ou uma idéia não são substitutos para as coisas, mas a compreensão intelectual delas; • um conceito ou uma idéia não são formas de participação ou de relação de nosso espírito em outra realidade, mas são resultado de uma análise ou de uma síntese dos dados da realidade ou do próprio pensamento; • um juízo e um raciocínio não permanecem no nível da experiência, nem organizam a experiência nela mesma, mas, p...

literatura Canadense

Em seus primórdios, a literatura canadense, em inglês e em francês, buscou narrar a luta dos colonizadores em uma região inóspita. Ao longo do século XX, a industrialização do país e a evolução da sociedade canadense levaram ao aparecimento de uma literatura mais ligada às grandes correntes internacionais. Literatura em língua inglesa. As primeiras obras literárias produzidas no Canadá foram os relatos de exploradores, viajantes e oficiais britânicos, que registravam em cartas, diários e documentos suas impressões sobre as terras da região da Nova Escócia. Frances Brooke, esposa de um capelão, escreveu o primeiro romance em inglês cuja ação transcorre no Canadá, History of Emily Montague (1769). As difíceis condições de vida e a decepção dos colonizadores com um ambiente inóspito, frio e selvagem foram descritas por Susanna Strickland Moodie em Roughing It in the Bush (1852; Dura vida no mato). John Richardson combinou história e romance de aventura em Wacousta (1832), inspirada na re...

Wallpaper 4K (3000x2000)