A descoberta, em julho de 1999, de que os chimpanzés desenvolvem cultura própria reforça a tese de proximidade com o homem. Uma equipe liderada pelo primatologista Andrew Whiten, da Universidade de Saint Andrews, na Escócia, demonstrou que diferentes grupos do animal africano adotam estilos de vida diversos, com hábitos aprendidos e não apenas herdados. Entre os avanços alcançados estão técnicas e ferramentas para caçar insetos, abrir nozes, misturar alimentos e se comunicar. Eles repetem padrões sociais como laços afetivos e hierárquicos e o uso de plantas como medicamentos que os antropólogos imaginam ter sido adotados pelas primitivas tribos humanas.
A busca de semelhanças entre seres humanos e chimpanzés existe há várias décadas. Ambas as espécies pertencem ao mesmo ramo evolutivo e, apesar de se ter separado cerca de 4 milhões de anos atrás, guardam cerca de 5% de diferença genética ou seja, 95% dos genes dos dois são idênticos. Até setembro do ano passado acreditava-se que a diferença era menor, de apenas 2%, mas estudo do Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA) revelou que a semelhança havia sido superestimada. Mesmo assim, o chimpanzé ainda é macaco mais próximo do homem. Alguns pesquisadores consideram que esses primatas têm a capacidade
mental de uma criança de 4 anos de idade. Várias experiências demonstram que são capazes de raciocínio lógico e de aprender a
se comunicar por sinais, símbolos gráficos e de computador.
Recentemente, o psicólogo Roger Fouts, da Universidade Central de Washington, nos Estados Unidos, ensinou cinco animais a trocar idéias por meio de gestos. Eles compreendem, em média, 240 termos (um homem adulto utiliza um vocabulário de cerca de 4 mil palavras) e podem combinar sinais para criar novas expressões.
Entre os especialistas, no entanto, a concepção de que chimpanzés são tão parecidos com os humanos é polêmica. Alguns pesquisadores afirmam que a evolução lhes bloqueou o desenvolvimento da inteligência num momento muito anterior à criação de uma linguagem. Para eles, ao repetir gestos ou escolher símbolos, os macacos apenas copiam um comportamento, sem lhe associar nenhum significado.
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