Ronan Sato, pós-graduando em estatística aplicada na Universidade de Oxford, sempre quis trabalhar no seu país natal, o Japão. Mas, numa feira de recrutamento para alunos japoneses no exterior, ele descobriu que o seu entusiasmo não encontrava reciprocidade.
Em reuniões com um punhado de corretoras financeiras japonesas durante um fórum em Boston, em novembro passado, nenhuma lhe ofereceu um emprego sem que ele fizesse entrevistas em Tóquio.
Por isso, Sato, que recebeu na mesma ocasião três ofertas de empresas não-japonesas, aceitou uma vaga em um banco britânico em Tóquio.
"Eu realmente queria ganhar experiência em uma companhia japonesa, mas elas pareciam cautelosas", disse ele. "Será que as companhias japonesas realmente desejam talentos globais? Pareceu que eles não estavam me levando a sério."
O Japão corporativo sempre relutou em contratar compatriotas que voltam após estudar no Ocidente.
No entanto, críticos dizem que a recusa em aproveitar a experiência internacional desses jovens é um problema para o Japão, num momento em que alguns dos seus principais setores econômicos perdem terreno numa economia globalizada.
Uma parcela cada vez menor de japoneses busca formação no Ocidente. Ao mesmo tempo, rivais regionais como China, Coreia do Sul e Índia enviam crescentes números de estudantes ao exterior.
Alguns profissionais formados fora do Japão dizem que os recrutadores japoneses se referem explicitamente a eles como "acima das especificações" -elitistas demais para se adequarem, ávidos demais para se destacarem e propensos demais a trocarem de emprego.
Em uma pesquisa feita há um ano pela empresa de recrutamento Disco, de Tóquio, menos de um quarto entre mil empresas japonesas disse ter planos para contratar candidatos japoneses com formação no exterior.
Essa tendência revela a confiança dos japoneses nas suas universidades, apesar de elas terem resultados medíocres em rankings globais.
Ryutaro Sakamoto, que bancou seus estudos na Universidade de Toronto e voltou ao Japão aos 30 anos com uma pós-graduação em administração, descobriu estar velho demais para os programas de recrutamento habituais. Mesmo assim, ele enviou currículos para Panasonic, Sony e afins, e nunca teve resposta. Bilíngue, acabou contratado pela filial local da seguradora americana Prudential.
"No Japão, gastar tempo estudando no exterior faz você recuar na corrida do 'shukatsu'", disse Sakamoto. "Shukatsu" é o sistema pelo qual empresas japonesas geralmente contratam a maior parte da sua mão de obra assim que ela sai da faculdade, esperando retê-la até a aposentadoria.
Não conseguir emprego logo após a formatura é visto como algo que pode inviabilizar uma carreira de sucesso.
"O 'shukatsu' é como o teatro kabuki", disse Takayuki Matsumoto, consultor de carreiras em Osaka. "É difícil quando você não se encaixa no modelo."
Seu conselho aos repatriados: não sejam muito assertivos.
Kenta Koga, graduando da Universidade Yale (EUA), arrumou estágio numa grande agência de publicidade em Tóquio, mas violou muitas regras ao expressar suas ideias e acabou sendo excluído das reuniões. Ele diz que jamais voltará a trabalhar para uma empresa japonesa.
O Banco de Tóquio-Mitsubishi, gigante financeiro japonês, contrata cerca de 1.200 recém-formados por ano. Geralmente, menos de 20 estudaram fora ou são estrangeiros, segundo Keiichi Hotta, que faz recrutamento para o banco.
"Especialmente em finanças, não queremos pessoas focadas em lucros de curto prazo", afirma Hotta.
Norihiro Yonezawa, que estudou durante um ano na Universidade de Maryland, não enfatizou sua experiência no exterior nem sua fluência em inglês na bem-sucedida entrevista que fez para um cobiçado emprego na Panasonic.
"Eu não queria parecer exibido. Fiz questão de enfatizar que me encaixaria."
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Em reuniões com um punhado de corretoras financeiras japonesas durante um fórum em Boston, em novembro passado, nenhuma lhe ofereceu um emprego sem que ele fizesse entrevistas em Tóquio.
Por isso, Sato, que recebeu na mesma ocasião três ofertas de empresas não-japonesas, aceitou uma vaga em um banco britânico em Tóquio.
"Eu realmente queria ganhar experiência em uma companhia japonesa, mas elas pareciam cautelosas", disse ele. "Será que as companhias japonesas realmente desejam talentos globais? Pareceu que eles não estavam me levando a sério."
O Japão corporativo sempre relutou em contratar compatriotas que voltam após estudar no Ocidente.
No entanto, críticos dizem que a recusa em aproveitar a experiência internacional desses jovens é um problema para o Japão, num momento em que alguns dos seus principais setores econômicos perdem terreno numa economia globalizada.
Uma parcela cada vez menor de japoneses busca formação no Ocidente. Ao mesmo tempo, rivais regionais como China, Coreia do Sul e Índia enviam crescentes números de estudantes ao exterior.
Alguns profissionais formados fora do Japão dizem que os recrutadores japoneses se referem explicitamente a eles como "acima das especificações" -elitistas demais para se adequarem, ávidos demais para se destacarem e propensos demais a trocarem de emprego.
Em uma pesquisa feita há um ano pela empresa de recrutamento Disco, de Tóquio, menos de um quarto entre mil empresas japonesas disse ter planos para contratar candidatos japoneses com formação no exterior.
Essa tendência revela a confiança dos japoneses nas suas universidades, apesar de elas terem resultados medíocres em rankings globais.
Ryutaro Sakamoto, que bancou seus estudos na Universidade de Toronto e voltou ao Japão aos 30 anos com uma pós-graduação em administração, descobriu estar velho demais para os programas de recrutamento habituais. Mesmo assim, ele enviou currículos para Panasonic, Sony e afins, e nunca teve resposta. Bilíngue, acabou contratado pela filial local da seguradora americana Prudential.
"No Japão, gastar tempo estudando no exterior faz você recuar na corrida do 'shukatsu'", disse Sakamoto. "Shukatsu" é o sistema pelo qual empresas japonesas geralmente contratam a maior parte da sua mão de obra assim que ela sai da faculdade, esperando retê-la até a aposentadoria.
Não conseguir emprego logo após a formatura é visto como algo que pode inviabilizar uma carreira de sucesso.
"O 'shukatsu' é como o teatro kabuki", disse Takayuki Matsumoto, consultor de carreiras em Osaka. "É difícil quando você não se encaixa no modelo."
Seu conselho aos repatriados: não sejam muito assertivos.
Kenta Koga, graduando da Universidade Yale (EUA), arrumou estágio numa grande agência de publicidade em Tóquio, mas violou muitas regras ao expressar suas ideias e acabou sendo excluído das reuniões. Ele diz que jamais voltará a trabalhar para uma empresa japonesa.
O Banco de Tóquio-Mitsubishi, gigante financeiro japonês, contrata cerca de 1.200 recém-formados por ano. Geralmente, menos de 20 estudaram fora ou são estrangeiros, segundo Keiichi Hotta, que faz recrutamento para o banco.
"Especialmente em finanças, não queremos pessoas focadas em lucros de curto prazo", afirma Hotta.
Norihiro Yonezawa, que estudou durante um ano na Universidade de Maryland, não enfatizou sua experiência no exterior nem sua fluência em inglês na bem-sucedida entrevista que fez para um cobiçado emprego na Panasonic.
"Eu não queria parecer exibido. Fiz questão de enfatizar que me encaixaria."
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