UOL - Você vai estrear a segunda temporada do "Na Moral" com um tema bastante difícil, que é o debate sobre drogas. Como mediador, você costuma se posicionar sobre os temas no ar?
Pedro Bial - O tema é controverso e o debate foi muito intenso e rico. Recebemos pessoas de posições e opiniões bem diferentes e é essa a proposta maior do Na Moral: discutir um assunto apresentando o máximos de pontos de vista diferentes sobre ele. Nunca deixei de apresentar o meu ponto de vista sobre os assuntos do programa e desta vez não será diferente.
Você mora no Rio de Janeiro e vê mais de perto a violência originada pelo tráfico: é a favor da legalização das drogas? Por quê?
É inevitável concluir que o combate às drogas como existe hoje é uma guerra sem fim, que gera inúmeras vítimas, dos dois lados do combate. É necessário repensar a política de drogas e isso já está acontecendo não só no Brasil como em diferentes países. Mais do que isso, você precisa assistir ao programa para saber.
Hoje há um debate muito importante acontecendo no Brasil sobre política e religião. Muitos criticam a mídia por dar espaço a líderes religiosos com posições conservadoras e polêmicas. Você concorda com isso?
Quanto mais transparência, melhor. Há que se respeitar quem acha [a homossexualidade] uma patologia, há que se respeitar a ignorância dos outros. Mas dentro da esfera a que ela pertence. É um ponto de vista religioso. A moral social está acima das morais religiosas
Como as manifestações populares ocorridas ultimamente vão pautar essa nova temporada?
Não fazemos um programa de atualidades. Tratamos de temas contemporâneos, que se refletem mais ou menos, no noticiário. Assim como na primeira temporada, nosso interesse é tratar os temas relacionados a micropolítica, questionar as decisões que tomamos no cotidiano e que, somadas, fazem diferença. Vários valores e questões morais que abordamos na primeira temporada estão presentes nas manifestações, estampados nos cartazes. Há, claramente, uma motivação moral nos protestos, sintomática da crise de valores que vivemos.
Como jornalista, você deve ter percebido como as redes sociais pautaram a cobertura da mídia tradicional em relação às manifestações. Como você avalia esse fenômeno?
Não observei apenas dissonância. Houve também consonância e ressonância. É um diálogo: as "redes sociais" não teriam como apurar informações sem a "mídia tradicional" e nas "redes sociais" a "mídia convencional" pode medir a temperatura de certas esferas da sociedade. No entanto, a maioria silenciosa continua silenciosa, e continua sendo a maioria, decidindo eleições e a audiência dos programas de TV.
Qual o retorno que você tem recebido do público em relação a sua atuação na TV? Eles preferem o Bial do "BBB" ou Pedro Bial do "Na Moral"?
Eu gostaria muito que esses públicos coincidissem, mas acho que no geral o "BBB" tem um público diferente do que assiste ao "Na Moral". Dentro de seus universos, posso dizer que recebo muito carinho dos telespectadores.
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