Um dos mais complexos aparelhos já colocados em órbita pelo homem, o Hubble é um telescópio de reflexão - ou seja: em vez de lentes, funciona com espelhos convexos para captar e ampliar a luz que chega até ele. Apesar de a qualidade de definição das imagens corresponder proporcionalmente ao diâmetro do espelho principal, o Hubble leva a vantagem de estar no espaço, sem ter a visão obscurecida pela atmosfera da Terra. Assim, mesmo tendo apenas 2,4 metros de diâmetro, seu espelho enxerga mais longe e mais nitidamente que o telescópio que possui o maior espelho do mundo, o do observatório de Keck, no Havaí, com 10 metros de diâmetro. O Hubble Space Telescope ganhou esse nome em homenagem ao cientista americano Edwin P. Hubble (1889-1953), considerado o fundador da astronomia moderna. O equipamento - que pesa 11 toneladas e tem 13 metros de comprimento - levou oito anos para ser construído.
Desde 1990, ele gira no espaço a 612 quilômetros da Terra, enxergando galáxias a mais de 10 bilhões de anos-luz - distância tão grande que a luz emitida por elas vem ainda dos primórdios do Universo, permitindo aos cientistas entenderem melhor a origem do Cosmo. Quando o Hubble já estava em órbita, descobriu-se uma falha no polimento do espelho principal. Ela era menor que um fio de cabelo, mas suficiente para deixar o telescópio míope. Em 1993, astronautas instalaram lentes corretivas e só então o Hubble passou a produzir as estonteantes imagens que conhecemos. No último mês de março, ele passou por outra reforma: ganhou novos painéis solares, uma câmera digital dez vezes mais sensível e um novo sistema de refrigeração para a câmera de infravermelho, que estava pifada desde 1999.
Odisséia fotográfica
1. A luz de partes distantes do espaço entra no telescópio e bate no espelho principal, que a reflete de volta para a frente, rumo a um espelho secundário
2. O espelho secundário capta a luz, melhora o seu foco e a envia de volta, em direção a um pequeno orifício no centro do espelho principal
3. Atrás do espelho principal, uma série de micro-espelhos redireciona a luz para cinco câmeras digitais que irão fotografá-la: uma câmera infravermelha (que capta o calor dos objetos), uma espectrográfica (que divide a luz em cores para descobrir a composição das estrelas), uma para fotografar regiões amplas do espaço, uma para detectar os menores movimentos dos astros e uma ultra-sensível para captar imagens de galáxias ainda mais distantes
4. As câmeras digitais não têm filme, mas uma tela que transforma as partículas de luz (fótons) em sinais elétricos, daqui enviados aos computadores de bordo. Lá, as imagens são processadas e enviadas para a antena do telescópio
5. A antena envia as imagens captadas pelo Hubble para um satélite de comunicação que estiver passando por perto
6. O satélite então envia os sinais para a estação receptora de White Sands, no Novo México, Estados Unidos, que, por sua vez, os encaminha ao Instituto Científico do Telescópio Espacial, em Baltimore. Lá, os dados serão recompostos em belas imagens
Tampa protetora
Por causa de suas câmeras extremamente sensíveis, o Hubble nunca poderá ser usado para observar o Sol. Um só raio direto queimaria tudo. Uma tampa cobre o telescópio quando sua órbita o coloca de frente para o astro
Painéis solares
Os dois painéis captam a energia do Sol e a transformam em energia elétrica, necessária para manter o aparelho funcionando
Segredo de locomoção
Se usasse jatos para mudar de direção, a nuvem de gás formada por eles deixaria o Hubble cego. Por isso, para direcionar o telescópio são usadas três rodas. Quando elas giram - acionadas por um motor elétrico, cada uma em um eixo -, a lei física da ação e reação entra em cena, fazendo o Hubble rodar para o outro lado. Além disso, seis giroscópios detectam o movimento do telescópio em volta da Terra e enviam as informações para o computador central, que faz girar o aparelho, mantendo-o fixo em relação ao nosso planeta
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