O programa “Amor e Sexo”, com Fernanda Lima, já foi alvo de minhas críticas, por se mostrar pura baixaria, vulgaridade, com uma mensagem claramente subversiva que pretende vender o “vale tudo” como a coisa mais normal do mundo. Quando vemos a entrevista com essa psicanalista que é consultora do programa, tudo fica mais claro. É a mentalidade “progressista” por trás da coisa, o eterno ataque infantil da esquerda aos valores tradicionais, aos “tabus”, a tudo aquilo que representa a decência.
O primeiro sinal de maturidade é o reconhecimento do limite. Quando somos crianças, acreditamos que nossos desejos são leis divinas, que o mundo existe para satisfazê-los, para nos atender em cada anseio. Dar vazão a todos os nossos instintos primitivos, “deixar a vida nos levar”, não aceitar contemporização de tipo algum ou restrição a nossos atos impulsivos, eis o que define uma típica criança mimada.
E é exatamente assim que a esquerda “progressista” (leia-se socialista) tem se comportado. Logo no começo podemos perceber essa característica: Segundo a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, acreditar que é possível controlar o desejo de alguém é apenas uma das mentiras do amor romântico. Ou seja: por que controlar desejo, nosso ou do parceiro? Vamos criar o “império dos desejos” e fazer tudo aquilo que nos dá na telha, ou melhor, nas vísceras! Sejamos tão avançados quanto… cães!
Regina, que é consultora do programa “Amor & Sexo”, apresentado por Fernanda Lima na Rede Globo, acredita que, na segunda metade deste século, muita coisa ainda vai mudar: “Ter vários parceiros será visto como natural. Penso que não haverá modelos para as pessoas se enquadrarem”, diz ela. Por que ter modelos? Por que sequer usar o termo normal, já que tudo pode ser considerado normal, não é mesmo? Se tudo é normal, nada o é, ou melhor: o bizarro não mais existe. Que legal… para os bizarros! Diz ela:
Os modelos tradicionais de amor e sexo não estão dando mais respostas satisfatórias e isso abre um espaço para cada um escolher sua forma de viver. Quem quiser ficar 40 anos com uma única pessoa, fazendo sexo só com ela, tudo bem. Mas ter vários parceiros também será visto como natural. Penso que não haverá modelos para as pessoas se enquadrarem. Na segunda metade do século 21, provavelmente, as pessoas viverão o amor e o sexo bem melhor do que vivem hoje.
Vão viver melhor? Há controvérsias. Não era essa a promessa da geração hippie dos anos 60? E o que toda aquela “libertação sexual” produziu, além de recordes no consumo de medicamentos antidepressivos e muita vulgaridade e permissividade, para não falar de doenças venéreas? As mulheres estão mesmo mais felizes com toda essa “libertação”, ou isso não passa de um mito? E por acaso as mulheres que escolhem ser mães, donas de casa, recatadas e do lar são bem aceitas pelas feministas, ou sofrem preconceito?
A palavra idiota vem de idios, que quer dizer “pessoal”, “privado”, ou seja, aquele que olha basicamente para si e ignora o mundo em volta. Para nossa surpresa, é esse tipo de individualismo exacerbado que a esquerda coletivista prega, em visível contradição (mas há método na loucura e já chego lá). Vejam esse trecho:
A busca da individualidade caracteriza a época em que vivemos; nunca homens e mulheres se aventuraram com tanta coragem em busca de novas descobertas, só que, desta vez, para dentro de si mesmos. Cada um quer saber quais são suas possibilidades, desenvolver seu potencial.
Cada um buscar a própria felicidade é algo louvável, uma mensagem definitivamente liberal. Mas confundir individualidade com “sociopatia”, com só olhar para si mesmo e enxergar as próprias “possibilidades” de desejo, isso já é o sinal de uma sociedade doente, mimada, autocentrada em demasia, voltada para o próprio umbigo, idiota.
Vamos atacar a família, o casamento, a ideia de amor a dois, os esforços que isso demanda e os benefícios que isso produz, como a própria família tradicional, e vamos incentivar a busca desenfreada por desejos pessoais, como se todos devessem simplesmente experimentar de tudo, sem compromissos, sem “attachment”, sem ceder em nada, pois isso é algo ultrapassado, careta, pesado. Esse modelo novo é leve, tão leve quanto viajar sem malas. É coisa da geração “desapegada”.
E, como consequência dessa linha de raciocínio, viva o “poliamor”, eufemismo para o velho bacanal ou a antiga orgia! Viva o troca-troca, o swing, o “cada um é de todos e ninguém é de ninguém”. Diz a psi “prafrentex”:
É provável que o modelo de casamento que conhecemos seja radicalmente modificado. A cobrança de exclusividade sexual deve deixar de existir. Acredito que, daqui a algumas décadas, menos pessoas estarão dispostas a se fechar numa relação a dois e se tornará comum ter relações estáveis com várias pessoas ao mesmo tempo, escolhendo-as pelas afinidades. A ideia de que um parceiro único deva satisfazer todos os aspectos da vida pode vir a se tornar coisa do passado. […] As pessoas podem ter relações extraconjugais e, mesmo assim, ter um casamento satisfatório do ponto de vista afetivo e sexual.
Por que freios? Por que restrições? Por que exclusividade? Nelson Rodrigues estaria vomitando com essa noção de “amor”. Quando colocamos uma aliança no dedo, isso significa – ou costumava significar – um contrato de exclusividade, ou seja, de união “para sempre”, não uma coisa sem importância alguma ou símbolo de “opressão”. O casamento é uma escolha, e o que muitos hoje parecem justamente querer evitar é isso: a necessidade de se fazer escolhas. Querem ter e comer o bolo ao mesmo tempo. Querem tudo!
A vida, para os mais maduros, implica em um constante trade-off. Abrimos mão de uma coisa para ter outra. Escolhemos uma carreira e deixamos alguma outra vocação ou habilidade para trás. Casamos e deixamos a vida de solteiro no passado, até porque é meio constrangedor um coroa na gandaia, achando-se o garotão “pegador”, ou a moça rodada, normalmente desesperada em busca de sexo. No “Sex and the city” é legalzinho até; na vida real, não muito.
Claro que cada um é livre para optar como quer viver. Mas só mesmo libertários bobinhos confundem libertinagem com liberdade, ou críticas a certas tendências hedonistas com conservadorismo reacionário. Não! Os que pensam assim podem não saber, mas são inocentes úteis da esquerda que tem como principal alvo todos os valores que fizeram do Ocidente o que ele é: a civilização mais avançada. Duvida? Pergunte às mulheres muçulmanas como anda esse papo de “empoderamento” feminino nesses países dominados pelo Islã.
A esquerda não suporta esses valores, e precisa subvertê-los. Descobriu que a forma mais fácil é por meio da “revolução cultural”, não daquela armada e liderada por barbudos em trajes militares. Em vez de Big Brother orwelliano, ofereça um mundo de prazeres fortuitos regado ao soma, como no Admirável Mundo Novo de Huxley. E detone a família, a maternidade, o casamento, o amor a dois, e exclusivo. Vamos cair na gandaia, vamos transar como quem vai ao cinema, e vamos trocar de parceiros como quem troca de camisa. E ninguém tem nada com isso, claro:
Acredito que para uma relação a dois valer a pena, alguns fatores são primordiais: total respeito ao outro e ao seu jeito de ser, suas ideias e suas escolhas; nenhuma possessividade ou manifestação de ciúme que possa limitar a vida do parceiro; poder ter amigos e programas em separado; nenhum controle da vida sexual do parceiro, mesmo porque é um assunto que só diz respeito à própria pessoa.
Desconfio de quem não sente ciúmes pelo parceiro. Desconfio muito! Isso sim, não é da natureza humana. Um marido que não se importasse com “outros parceiros sexuais” da própria mulher seria um panaca, o típico “corno manso”, e estou seguro de que a imensa maioria das mulheres detestaria um sujeito desses. Ao menos as mulheres que prestam!
Esse discurso libertino, hedonista e libertário não se sustenta até a página dois no mundo real. Mas como a ideologia é uma máquina de destruir cérebros, milhões estão aderindo a essas baboseiras como panaceia para suas angústias, já que é preciso maturidade para conviver com as angústias. Guess what? Essa gente tem ficado apenas mais angustiada, “apesar” de todo o hedonismo, desse “descolamento” total. Por que será?
“Para viver bem é preciso ter coragem”, conclui a psi. Mas coragem é exatamente o que falta a essa turma! Ela não tem coragem de aceitar a vida como ela é, de mergulhar em relacionamentos imperfeitos, porém construtivos, de amar de verdade, com tudo o que isso acarreta, de fazer escolhas. A libertinagem é justamente a ausência de coragem, a covardia dos mimados, música para o ouvido dos mais jovens, por motivos óbvios. Lamentável é quando adultos tentam dar um verniz teórico para o simples e surrado desejo de “putaria”. Isso é uma tremenda sacanagem!
Rodrigo Constantino
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