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INTRODUÇÃO
Revistas literárias brasileiras são publicações dedicadas a livros, autores, editores, tradutores e todos os assuntos afins às idéias e à literatura.
Uma listagem das revistas literárias brasileiras não seria exaustiva. Esta conceituação abrange publicações que vêm desde as primeiras décadas do século - quando surgiram as primeiras revistas de maior notoriedade no meio cultural - até nossos dias.
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REVISTAS PROGRAMÁTICAS
Há revistas criadas para divulgar e defender algum projeto ou movimento, implantar idéias novas e provocar debates no quadro cultural do país. Com a revista Orfeu (1905) se prepararam os caminhos do modernismo. Também os modernistas, ao lado de seus manifestos, lançaram revistas que foram gerando subgrupos estéticos e ideológicos: Klaxon (São Paulo, 1922), a primeira revista lançada após a Semana de Arte Moderna, durou nove números: de maio a dezembro. Estética (Rio de Janeiro, 1924), sob direção de Sérgio Buarque de Holanda, teve apenas três números, terminando em 1925. Ambas demonstravam interesses diversos: na primeira fase, futurismo e primitivismo; na segunda, arte em seu sentido mais amplo.
Em 1925, surgiu em Belo Horizonte A Revista reunindo Carlos Drummond de Andrade, Emílio Moura, João Alphonsus, Pedro Nava e Abgar Renault (ver Grupo mineiro). Também em Minas Gerais, na cidade de Cataguazes, foi lançada a revista Verde (1927)que reafirmava uma ideologia nacionalista e tinha, entre seus colaboradores, Ascânio Lopes, Rosário Fusco e Guilhermino César.
Da mesma época é Festa (1927), dos "espiritualistas" liderados por Jackson de Figueiredo e Tasso da Silveira que visavam a renovação estética com base em fundamentos filosóficos e religiosos. A Revista da Antropofagia (1928), de Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Raul Bopp, entre outros, surgiu enfatizando as posições do Manifesto Pau-brasil (ver Antropofagia cultural) e atacando, com sarcasmo, o "verde-amarelismo direitista" de Cassiano Ricardo, Menotti Del Picchia e Plínio Salgado. Nesta mesma época surgiram a Revista do Norte, em Recife, a Maracajá, em Fortaleza; a Madrugada e a Revista do Globo, em Porto Alegre.
Na década de 50, as revistas foram o veículo divulgador de movimentos literários ligados a um programa estético definido: Noigrandes, do grupo de jovens poetas que iniciavam em São Paulo o movimento concretista; Invenção, liderada por Haroldo e Augusto de Campos e Décio Pignatari, na mesma linha. Em Belo Horizonte, a renovação concretista seria veiculada através da Tendência (1957), Ptyx (1963) e Vereda (1964). A poesia praxis teria em Praxis Instauração Praxis seu órgão de expressão.
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REVISTAS ACADÊMICAS
Vertente igualmente importante são as revistas literárias acadêmicas e universitárias, dirigidas sobretudo para o ensaio, a análise crítica e o aprofundamento de questões, com tratamento mais teórico e metodologia definida. Importantes exemplos do gênero são as revistas Letras, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, São Paulo; Discurso, também de São Paulo; Arte e Palavra, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Existem, ainda, inúmeras outras mas que incluem também temas ligados às ciências humanas, como sociologia, política, filosofia e psicanálise.
Cabe citar os periódicos nascidos de eventos temáticos, entre eles, seminários, congressos. Um bom exemplo é Opinião, da Universidade Federal de Minas Gerais e todos os voltados para um assunto específico, como a Revista de Teatro da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais - publicada há 75 anos, sem interrupção, apesar da periodicidade desigual -, Máscara, Percevejo, Ensaio e inúmeras outras.
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REVISTAS DE DIVULGAÇÃO
Outra vertente é representada por revistas que refletem a criação literária contemporânea, divulgando poesias, ficção, resenhas - inclusive de autores novos -, e publicando ensaios e críticas, estimulando a reflexão sobre a literatura. São exemplos válidos diversas revistas publicadas a partir da década de 1970: Escrita (1975 a 1979), Ficção, dedicada à narrativa curta e dirigida por Salim Miguel, Fausto Cunha e Cícero Sandroni; Inéditos, de Belo Horizonte, voltada os contistas mineiros; Ponto e Vírgula, de Porto Alegre; José, editada no Rio de Janeiro; X,Y,Z; Ensaios de Opinião, extensão do jornal alternativo Opinião (ver Jornalismo alternativo no Brasil). Nesta linha inserem-se as revistas institucionais, como a Revista do Livro, do Instituto Nacional do Livro; a Revista do Escritor Brasileiro, editada em Brasília; a Revista de Cultura do Ministério de Educação e Cultura - depois substituída pela Piracema, do mesmo órgão.
Uma mesa-redonda realizada pela revista José, em dezembro de 1977, analisando "os problemas de uma revista literária", levantou questões que ilustram a dificuldade de se fazer uma revista literária no Brasil:
– Definição de uma linha editorial pois a especialização do público cria dificuldades de produção.
– Menor repercussão no meio literário de propostas de um grupo ou região, mesmo que se sejam de vanguarda.
– Problema de definir os critérios de editoração.
– Dificuldades de sustentação pois mesmo quando o investimento financeiro não é muito alto, dificilmente a revista atinge o auto-financiamento.
– Veiculação insuficiente e concorrência de bancas de jornais e livrarias.
– Difícil equilibrio tiragem/consumo, variável em função das matérias.
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